Ex-funcionário do Departamento de Água e Esgoto (Daerp) também apontou falhas na manutenção de equipamentos
Fui ameaçado no dia 22 de julho às 11h45 da manhã, disse Elói José Poleto (Guto Silveira/AAN)
Os primeiros depoimentos à Comissão Especial de Estudos (CEE) para analisar o funcionamento e averiguar as irregularidades nos serviços prestados e administrados pelo Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp) não foram animadores para a autarquia. Instalada na quarta-feira (21), a Comissão ouviu três servidores do Departamento, que apontaram falhas na manutenção, manobras criminosas, queima de bomba de forma proposital e falta de estoque de bombas para reposição. O primeiro depoimento, do ex-chefe de manutenção de bombas Elói José Poleto, foi o mais incisivo. Ele contou que foi nomeado logo depois das eleições do ano passado para o cargo, mas foi exonerado logo após a demissão do ex-superintendente Marcelo Galli, sem nenhuma explicação. Também apontou ter sido ameaçado pelo diretor técnico do Daerp, Joaquim Ignácio Costa Neto. “Fui ameaçado no dia 22 de julho às 11h45 da manhã. Coloquei o telefone no viva voz para ter testemunhas. Ele (Joaquim Ignácio) perguntou se eu queria medir forças com ele e eu respondi que queria. Então ele disse: ‘ou você joga comigo ou está fora’”, disse Elói aos vereadores da CPI. Joaquim Ignácio respondeu, por meio da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da Prefeitura, que não comentaria as declarações por desconhecer o teor do depoimento, mas que quando convidado pela CEE irá para prestar todos os esclarecimentos necessários. O servidor Elói Poleto, que há seis anos trabalha no Daerp disse que as requisições de compras de bombas feitas por ele não eram atendidas. Informou ter pedido, de janeiro a julho, 50 bombas, mas que só chegaram dez. Elói sugere que o Departamento tenha pelo menos 50 bombas na reserva, mas que hoje existem apenas 14. “Se queimar a bom de um poço de maior vazão, como o do birro Maria da Graça ou Arlindo Laguna não há bomba para reposição”, afirmou. Elói também apontou a possibilidade de boicote ou sabotagem praticado por servidores do próprio Daerp. “Por exemplo, roubaram mais de 200 metros de cabos do poço do Educandário, mas quem praticou o ato sabia o que estava fazendo. Um leigo não conseguiria cortar os cabos”, apontou. Além de Elói Poleto, prestaram depoimentos à CEE presidida pelo vereador Walter Gomes (PR) os mecânicos de bombas Adriano Francisco e Lucas de Faria Daniel, que confirmaram parte das denúncias e elencaram outros fatos até piores, como a perda de um poço por colocação de mais canos que o necessário ou a colocação de bombas queimadas em poço. CPIO vereador Bertinho Scandiuzzi (PSDB) chegou a sugerir a transformação da CEE em Comissão Parlamentar de Inquérito, mas a proposta foi negada pelos outros seis integrantes. Walter Gomes alegou que a CPI precisa de fato determinado. “Vamos continuar a ouvir as pessoas. Se for o caso, transformaremos em CPI. Não vejo nenhum problema nisso”, disse. Walter Gomes também considerou sérias as denúncias feitas e disse que merecem apuração.