Estudantes decidem manter ocupação

Depois de mais de duas horas de assembleia, os estudantes da Unicamp decidiram nesta segunda (7) manter a ocupação da Reitoria, que começou na última quinta-feira. O ato é uma forma de protesto contra a decisão da Universidade de permitir que a Polícia Militar, que é o órgão responsável por fazer policiamento em todo Estado, faça rondas no campus. A medida foi tomada após o assassinato do estudante Denis Papa Casagrande durante uma festa clandestina na madrugada do dia 21 de setembro. Na tarde da última sexta-feira, a 2ª Vara da Fazenda de Campinas emitiu uma liminar determinando a reintegração de posse do prédio. Os estudantes descumprem a ordem judicial desde então. Durante o final de semana o prédio permaneceu ocupado. No final da tarde, um grupo de estudantes se encontrou com a reitoria para uma reunião de negociação. Os resultados da conversa, entretanto, não foram divulgados. Em contato com representantes do movimento, eles informaram que apenas hoje uma nota seria publicada na internet. A data para uma nova assembleia para discutir os rumos da ocupação também não foi marcada. Foto: Edu Fortes/AAN O Diretório Central dos Estudantes informou que irá reparar a depredação causada no prédio da reitoria da Unicamp após a invasão dos estudantes   A universidade disse em nota que "continua aberta ao diálogo e que esgotará todas as possibilidades de negociação na expectativa de que a desocupação do prédio ocorra de maneira pacífica." Os estudantes mantêm uma espécie de diário da ocupação em uma página no Facebook. Ali divulgam a agenda cultural que vem sendo promovida no espaço e vídeos com manifestos sobre o movimento. Na página, o grupo fez um apelo aos milhares de estudantes da Unicamp para que comparecessem na assembleia de ontem. Mas aproximadamente 300 estudantes participaram do encontro e cerca de 30 deles falaram durante a assembleia. Depois, os estudantes votaram. Segundo os manifestantes, cerca de 700 pessoas estavam na reunião. Muitos dos invasores tentaram impedir o trabalho da imprensa e limitaram o acesso dos jornalistas à área onde a assembleia era realizada, em frente ao prédio invadido. Eles usaram fitas de isolamento e grandes pedaços de pano para impedir a realização de imagens do encontro e a aproximação dos jornalistas. Alguns manifestantes cobriam os rostos. Eles alegam que mantêm o anonimato para evitar perseguições políticas. O movimento, segundo o Diretório Central dos Estudantes (DCE), tem ganhado apoio de diversos grupos. Em meio aos alunos da Unicamp, universitários de outras instituições, como Unesp e PUC-Campinas, até votaram pela manutenção da ocupação. Apesar dos cartazes contra a imprensa e as palavras de ordem gritadas aos jornalistas que cobriam a reunião, Mariana Toledo, coordenadora do DCE, concedeu entrevistas. Ela afirmou que o movimento segue fortalecido. "Foi uma das maiores assembleias dos últimos anos. A maioria voltando pela manutenção da ocupação" , disse a jovem, que criticou a Polícia Militar. "Lutamos pela desmilitarização da PM. A polícia não é um aparelho de segurança do Estado, mas de repressão." Questionada sobre qual seria a forma de garantir a segurança no campus, a estudante disse que uma das pautas reivindicadas é a contratação, via concurso público, de seguranças não armados. "Devem ser pessoas preparadas para lidar com pessoas e não com patrimônio. Estamos otimistas com a negociação e esperamos recuo do reitor (à presença da PM)" , disse. Após a morte do jovem Denis Casagrande, a alta administração da Unicamp autorizou as rondas da PM dentro do campus, que acontecem desde o dia 25 de setembro. Uma barreira com lona e tecido foi montada para impedir o trabalho da imprensaCrédito: Shana Pereira/ AAN Veja também Invasores e Unicamp voltam a negociar saída Antes, os estudantes farão uma assembleia para definir suas contrapropostas à universidade Unicamp: alunos desafiam Justiça e mantêm ocupação Permanecerão acampados no final de semana mesmo com liminar que garante reintegração de posse Invasores permanecem na reitoria no final de semana Após reunião com a direção da universidade, estudantes marcaram reunião para segunda-feira