CAMPINAS

Estiagem coloca em risco abastecimento de água

Falta de chuva em Minas Gerais e nos rios do Sistema Cantareiras reduz nível de reservatório

Maria Teresa Costa
29/10/2013 às 08:25.
Atualizado em 26/04/2022 às 07:37
Represa do Cantareira em Nazaré Paulista: nível dos rios em baixa compromete o armazenamento e dificulta negociação da região ( Cedoc/RAC)

Represa do Cantareira em Nazaré Paulista: nível dos rios em baixa compromete o armazenamento e dificulta negociação da região ( Cedoc/RAC)

O nível de água nos reservatórios do Sistema Cantareira está baixando diariamente e a poupança que a região de Campinas fez para usar nas emergências, o chamado Banco de Águas, caiu 80,3% no último mês, apontando para o início de negociações difíceis para garantir, em novembro, vazões acima dos cinco metros cúbicos por segundo a que as cidades têm direito. O motivo é a falta de chuva em Minas Gerais, onde estão as cabeceiras dos rios que formam o Cantareira e também no próprio sistema — em setembro, choveu 33,6 milímetros, metade da média histórica do mês, e outubro aponta para a manutenção da média do mês, que é de 132,6mm. Mesmo com mais chuva que em setembro, os reservatórios do Cantareira estão armazenando menos água — diminuiu de 40,6% de sua capacidade de reserva em setembro para 37,3% nesta segunda-feira (28). Na quinta-feira (24), a Câmara Temática de Monitoramento Hidrológico vai se reunir para definir qual a vazão que será liberada para a região de Campinas. Nesse quadro, disse o especialista em recursos hídricos José Carlos de Oliveira Costa, a tendência é que a câmara acabe por poupar o Banco de Águas e liberar apenas os 5m3/s a que a região tem direito no contrato de outorga. “A expectativa é de que chova, mas não o suficiente para normalizar os reservatórios e, por isso, é preciso poupar água, mas ao mesmo tempo fazer uma gestão eficiente do sistema para garantir um volume de espera, caso as chuvas venham com intensidade e evitar a necessidade de abertura de comportas em janeiro, como já chegou a ocorrer”, afirmou. O nível mais baixo está sendo registrado no reservatório Jaguari, que trabalha com 33,07% de sua capacidade e está liberando 5,5m3/s (em setembro estava liberando 8m3/s). Os reservatórios Cachoeira e Atibainha, que formam o Rio Atibaia, principal manancial de abastecimento de Campinas, estavam operando ontem com 55,1% e 60,3% de suas capacidades, respectivamente, e liberando 3,3m3/s para o Atibaia. Com baixa reserva e poupança pequena, a situação é preocupante. A poupança que a região tem hoje é de 14,55 milhões de metros cúbicos, o que garante uma vazão por 30 dias de 5,4m3/s, além dos 5m3/s a que tem direito — em setembro o Banco de Águas tinha 74 milhões de metros cúbicos, ou 32,6m3/s diários durante um mês. O nível dos rios está bastante baixo. O Atibaia, em Campinas, está em 0,88 metro e com uma vazão de 10,23m3/s, enquanto o Jaguari, em Cosmópolis, está em 0,68 metro e vazão de 12,2m3/s. O Rio Piracicaba está mais alto, com 1,35 metro e vazão de 44,2m3/s, mas pequena em relação ao período de chuvas, quando a vazão ultrapassa os 100m3/s. A região de Campinas tem vivido sob os efeitos extremos. Quando chove é em grande volume e quando é estiagem também é em excesso. Isso tem levado os gestores dos mananciais a lançar mão de estratégias para que o Sistema Cantareira se comporte não apenas como armazenador de água, mas também como regulador de vazão. Independentemente das manobras, a região terá que conseguir mais 6 mil litros de água por segundo até 2020 para garantir o seu desenvolvimento. Sem isso, será o caos. Quase toda a água que passa nos rios das bacias hidrográficas da região é captada para abastecimento: para uma oferta por segundo de 38m3/s há uma demanda atual de 35,5m3/s, o que já coloca a região perto do estresse hídrico que começa a comprometer investimentos. Há muitas medidas sendo estudadas, mas a água que a região precisa vem do Sistema Cantareira, mesmo lugar de onde é retirada a água que abastece parte da Região Metropolitana de São Paulo. Aumentar a vazão para as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) significará tirar água de São Paulo. Veja também Campinas limpa 22 córregos para reduzir enchentes Locais foram sugeridos após estudos da Defesa Civil, que apontaram os pontos mais críticos Expedição revela agonia do córrego Piçarrão Expedição percorre os 7 km do córrego em Campinas e encontra cenário de descaso e muita sujeira Sorocaba proíbe corte de água em casa de acamado Benefício é também para as residências onde haja pessoas com necessidades especiais

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