JORGE MASSAROLO

Estética do frio

Jorge Massarolo
igpaulista@rac.com.br
27/07/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 07:39

ig - Jorge Massarolo (CEDOC)

Acordei no domingo passado com um dia bonito, sol forte, friozinho chegando (prenunciando o forte frio da semana) e um belo céu azul. Peguei o Correio e fui me sentar ao sol. No Caderno C encontrei a reportagem da colega Marita Siqueira sobre o músico e compositor Vitor Ramil, que acaba de lançar seu songbook. Coincidência ou não, momentos antes havia colocado o CD “Ramilonga, estética do frio”, do cantor gaúcho.A boa música do Vitor Ramil me fez voltar ao passado. A letra é intimista, poética, embasada em elementos naturais como o vento, a lua, o pampa, o frio, o homem do campo, a solidão e o amor. Pra quem não sabe, Ramil é irmão caçula da dupla Kleiton e Kledir, que fez muito sucesso nos anos 80. Aliás, esse é um detalhe curioso. Ele trilhou seu carreira sozinho, longe dos holofotes dos irmãos e também não fez questão de ser badalado e consagrado no eixo Rio-São Paulo, onde artistas de todo o País buscam o sucesso. Ramil, assim como seus irmãos, são bastante conhecidos na região Sul do País e nos países vizinhos Uruguai, Paraguai e Argentina. Há alguns anos, ele veio a Campinas se apresentar no projeto CPFL Cultura. Surpreendentemente, a casa estava lotada. Acompanhado por um violão, o cantor emocionou quem foi. Ao meu lado estava uma gaúcha de Porto Alegre que estudava na Unicamp. Ela chorou em vários momentos. Perguntei porque ela chorava e ela me disse que as músicas a faziam lembrar de sua infância nos pampas, do frio … Sou gaúcho da serra, longe do autêntico “pelo duro” dos pampas, mas mesmo assim, as composições do cantor também me emocionaram. Ramil tem a capacidade de colocar os elementos da natureza e do homem em músicas contemporâneas. É uma música intimista, uma poesia, que obriga a parar e pensar no que está ouvindo. Sua letra transita com a maior naturalidade entre o pampa gaúcho e a vida nas grandes cidades. Esse é o segredo do sucesso do cantor gaúcho, que lota o teatro São Pedro, em Porto Alegre, a cada apresentação. Aqui, apesar do linguajar típico do gaúcho, o público presente, boa parte de campineiros, aplaudiu de pé a excelente apresentação. Ramil começou a carreira cedo. Aos 18 anos gravou seu primeiro disco, Estrela, Estrela, com a presença de músicos e arranjadores como Egberto Gismont, Wagner Tiso, Zizi Possi e Tetê Espíndola. Neste período Zizi gravou algumas canções de Vitor e Gal Costa deu sua versão para Estrela, Estrela no disco Fantasia. Outra música, a milonga Semeadura, que foi gravada por muitos cantores, entre eles Mercedes Sosa, se tornou uma espécie de hino revolucionário. Hoje, Ramil canta o amor por sua mulher e filhos, e a vida do gaúcho, tanto no campo como na noite boêmia porto-alegrense.

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