Garden Restaurante ( Reprodução)
Foto: Reprodução Monumento a Baco “recebe” turistas na sede da vinícola Aurora, que opera em sistema de cooperativa desde 1931 Se a sua autoestima está baixa por conta das intempéries econômicas, sugiro abrir um vinho brasileiro. Pululam aqui e ali boas-novas sobre a nossa produção. E quem tem uma relação um pouco mais curiosa ou profissional com o vinho já percebeu que, se não corrermos, estaremos sempre atrasados com as notícias, pois a cada ano surgem rótulos e mais rótulos que surpreendem até o enófilo mais desconfiado. Ao lado de marcas já estabelecidas (Miolo, Salton, Casa Valduga, Chandon, Cave Geisse e outras) estão os vinhos de butique, entenda-se, de baixa produção e alta qualidade, elaborados em pequenos terroirs (Vila Francioni, Tormentas, Décima, Courmayeur, Casa Perini, Guatambu etc). Foto: Reprodução Vindima de 1960 E entre um e outro modelo de produção, digo, entre majors e pequenas, podemos incluir também a eficiência das cooperativas, que vêm atuando por aí. Está virando rotina a presença delas em concursos internacionais, amealhando posições de destaque. A mais recente está fresquinha na mídia e redes sociais. Na última lista dos 100 melhores vinhos do mundo, feita pela Associação Mundial de Jornalistas e Escritores de Vinhos e Licores, dois espumantes nacionais aparecem entre os dez primeiros: Marcus James Espumante Brut, da vinícola Aurora; e Espumante Garibaldi Prosecco Brut, da Cooperativa Garibaldi. Mais adiante, das mesmas cooperativas, estão ainda o Aurora Espumante Chardonnay Brut e o Garibaldi Espumante Moscatel, nas 39ª e 52ª posições. Para quem não sabe, a Aurora é hoje um mega empreendimento que agrega mais de mil famílias e produz desde vinhos de mesa, como o Sangue de Boi, a vinhos finos, como os laureados citados aqui. Já a Cooperativa Garibaldi conta com 370 famílias compartilhando tecnologia, conhecimento e infraestrutura em prol de uma produção cada vez mais qualificada.Mandamos bem. E daí? Mas, afinal, o que significam as medalhas, premiações e ranking que tanto falam por aí? Isso é muito relativo, pois cada concurso tem critérios próprios, alguns mais rígidos; outros, nem tanto. Eu, pessoalmente, não costumo me guiar por concurso e raramente os comento neste espaço. A lista da Associação Mundial de Jornalistas e Escritores de Vinhos e Licores, por exemplo, é elaborada com base na participação em 74 concursos internacionais, entre eles, o Concours Mondial de Bruxelles e o International Wine Challenge. O vinho vai somando pontos conforme o desempenho em cada competição. E também há quem duvide que o vinho apresentado numa aferição seja exatamente o que o consumidor vai encontrar na gôndola. Em todo caso, ao se colocar à prova, a vinícola sinaliza que está buscando visibilidade e não teme ser avaliada por sua qualidade. Basta olhar as companhias que os bravos brasileiros têm neste ranking. O topo da lista é ocupado pelo champanhe francês Charles Heidsieck Blanc des Millénaires Millesime 1995. Em segundo e terceiro lugares estão os espanhóis Pedro Ximenez Selección de Robles 1927 e Bioca Godello 2013. A média de preço entre os dez primeiros colocados é de R$ 250. Os brasileiros custam menos de R$ 30. Saúde!