Decreto transfere parque por 99 anos ao Município, que ainda quer discutir atipo da cessão
Placa de sinalização do Parque Ecológico é sustentada na base do improviso (Edu Fortes/AAN)
O "Diário Oficial do Estado" publica nesta terça-feira (28) decreto em que o governo estadual cede por 99 anos a área do Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim à Prefeitura de Campinas. Mas a Administração não irá assumir imediatamente a gestão do parque porque o prefeito Jonas Donizette (PSB) quer discutir as condições dessa cessão. Até que se efetive a transferência, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado continuará responsável pelos custos de manutenção do espaço.
O anúncio da concessão do parque foi feito no último domingo (26) pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), que afirmou na ocasião ter assinado decreto passando a administração da área verde à Prefeitura. Porém, ainda não foi definido se a gestão da área verde será compartilhada ou não. O conselho formado por técnicos municipais e o coordenador de Parques Urbanos da Secretaria do Meio Ambiente do Estado, Joaquim Hornink, ainda não chegou a um consenso do que ficará a cargo de quem na administração do parque.
A autorização para a celebração do convênio havia sido publicada no "Diário Oficial do Estado" em outubro do ano passado. Desde então, o conselho se reuniu duas vezes. “Estamos tentando colocar no papel as atribuições de cada na gestão compartilhada, mas ainda não conseguimos fazer isso. São itens como manutenção, segurança do parque, projeto para atividades. Nosso principal desafio será atrair mais pessoas para a área”, explicou o coordenador.
O secretário de Cultura da cidade, Ney Carrasco, faz parte do conselho e disse que o projeto ainda está “cru”. Segundo ele, Donizette tem interesse em assumir a administração do parque, mas isso requer planejamento para verbas de manutenção. “Manter um parque daquele tamanho só com recursos municipais não é simples. Por isso estamos fazendo tudo com cuidado”, disse.
Enquanto a Prefeitura e governo não firmam a parceria para a gestão, o Parque Ecológico segue abandonado. O espaço de mais de 1 milhão de metros quadrados, a 15 minutos de Centro, já foi um dos parques mais frequentados da cidade na década de 1990. Hoje, no entanto, a área padece com a falta de manutenção e não recebe mais de 40 visitantes nos dias de semana, de acordo com funcionários.
A reportagem esteve no local nesta segunda-feira (27) e encontrou trilhas intransitáveis, sinalização precária, lago sujo e banheiros degradados. As quadras de esportes estão tomadas pelo mato e traves e cestas de basquete estão quebradas. Quem trabalha e estuda no local afirmou que sofre com a infestação de carrapatos. A educadora social Tatiana Cristina Augusto, do Projeto Quero-Quero, que funciona no local, afirmou que muitos dos 150 alunos que vão diariamente ao parque têm marcas de picadas nos braços e pernas.
“É um perigo, porque não sabemos se eles estão contaminados com a febre maculosa. Isso sem falar nos banheiros, todos sujos e quebrados”. Segundo funcionários, a área tem seis seguranças durante o dia e três à noite. “Por isso entra muita gente aqui à noite. Esses dias, um moço que estava trabalhando com o notebook no parque foi roubado”, disse um empregado da manutenção, que não quis se identificar.
Hornink afirmou que a empresa terceirizada Demax foi contratada para fazer a manutenção da área. Até junho do ano passado, a limpeza do parque era responsabilidade da Prefeitura. “Mas como a Administração não estava limpando, rompemos contrato e retomamos a poda de mato e limpeza”, explicou. Ainda de acordo com o coordenador, restrições orçamentárias impedem uma revitalização do parque. “Gastamos parte das verbas para melhorias para retomar a limpeza. Com a gestão compartilhada, tudo vai ficar mais fácil”.