JULIANNE CERASOLI

Esquentado

Julianne Cerasoli
20/06/2015 às 14:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 15:27

"Queria saber quem escreveu (a matéria) porque nenhum de vocês faz a mínima ideia do que está escrito no meu contrato. É uma grande besteira essas coisas que vocês ficam escrevendo. Quem escreveu? Está aí?" A tensão que marcou a coletiva de imprensa de Kimi Raikkonen na Áustria tem sido uma constante. Arredio, o homem de gelo vem demonstrando a cada GP que está sentindo o golpe de ser superado constantemente por Sebastian Vettel e ver seu futuro, mais uma vez, ameaçado na Ferrari. E na própria Fórmula 1. Em Spielberg, Kimi admitiu pela primeira vez que pode estar em seu último ano na categoria. Se a Ferrari não renovar seu compromisso, que acaba no final de 2015, ele deve pendurar o capacete. Além da agressividade fora do normal, o desempenho de Raikkonen dentro das pistas não vem ajudando. Depois de começar o ano andando perto de Vettel, o finlandês vê o companheiro cada vez mais à vontade na Ferrari, enquanto volta a ter os problemas que marcaram a última temporada, quando foi amplamente superado por Fernando Alonso. Agora, porém, não pode usar a desculpa de que o carro foi projetado com o espanhol em mente, uma vez que até o diretor técnico James Allison declarou ter atendido às demandas do piloto na concepção do modelo de 2015. Raikkonen parece não se acostumar com o retorno de potência nas reacelerações - mesmo com a melhora do motor Ferrari - e não carrega velocidade suficiente para aquecer devidamente os pneus, o que prejudica sua classificação. E, largando sempre atrás de Vettel, piloto cuja marca é a grande consistência no ritmo de corrida, fica difícil receber a bandeirada na frente do alemão. Há quem diga que as dificuldades não surpreendem. Quando Raikkonen voltou à Fórmula 1 em 2012 após a primeira dispensa da Ferrari, logo roubou a cena levando a Lotus a pódios e vitórias. Porém, naquela época, ouvi de engenheiros da própria equipe que o carro era muito melhor do que os resultados de Kimi demonstravam. Quando trocou a companhia de Romain Grosjean por outros campeões do mundo, isso teria ficado evidente. O cenário está longe de ser favorável, mas não significa necessariamente o fim da linha para o campeão de 2007. Afinal, ele está cumprindo um papel importante na Ferrari: é o quarto colocado e está colaborando para a segunda posição no mundial de construtores. A novela da renovação, contudo, deve se arrastar ao longo do ano, uma vez que Maurizio Arrivabene já avisou que sua tática é manter a incerteza para se certificar de que Kimi não vai relaxar. O homem de gelo que trate de esfriar a cabeça.

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