DENGUE

'Esqueleto' de prédio tem foco do Aedes

Edifício inacabado, abandonado há 18 anos, na região central de Campinas, está com poças de água

Gustavo Abdel/ AAN
19/03/2015 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 02:38
Vista do edifício com obras paralisadas na Vila Itapura (Janaína Ribeiro/Especial para a AAN)

Vista do edifício com obras paralisadas na Vila Itapura (Janaína Ribeiro/Especial para a AAN)

O esqueleto de um prédio de dez andares abandonado há 18 anos na Vila Itapura, na região central de Campinas, está com poças de água acumuladas em todos os andares, além de mato alto na parte térrea.   O potencial criadouro vertical do mosquito transmissor da dengue tira o sono dos vizinhos. Segundo eles, moradores de dois prédios nos arredores dividem despesas entre eles para manter o espaço limpo. O edifício, que fica na rua Comendador Luis José Pereira de Queiroz, já foi palco de inúmeras batalhas entre os vizinhos e os moradores em situação de rua, que viveram no local durante anos. Há seis anos, entretanto, os “inquilinos” foram retirados do edifício, e o local todo murado para evitar novas invasões. O aposentado Brenno Fernandes Gaspar, de 76 anos, lembra dessa época, mas aponta que há pelo menos dez anos observa da janela de seu apartamento, no 12° andar, as poças acumuladas do empreendimento abandonado.   “Temos notícias de pessoas com dengue na redondeza, e esse prédio é um dos principais criadouros do mosquito transmissor”, avaliou.   A reportagem entrou no edifício e constatou muitas poças de água espalhadas entre os andares. Além disso, garrafas, tampas e outros depósitos que são propícios para acondicionarem as larvas da fêmea do mosquito foram observados nos pisos visitados.   “Convivemos há muitos anos com essa situação. E depois da saída dos moradores de rua o nosso edifício e o da frente nos organizamos para murar o local. Também colocamos cerca elétrica e fazemos a poda do mato e dedetização constantemente”, informou Nilson Alves da Silva, síndico de um dos edifícios que mantém o local. Porém, os possíveis criadouros de dengue não se limitam a somente o edifício abandoando, mas também ao terreno ao lado do empreendimento, onde segundo denunciantes funciona um estacionamento.   No local, há uma montanha de entulho com muitos restos de isopor que acondicionam marmitas. Pelo aspecto a sujeira está naquele local, encostada no muro para o lado de dentro do imóvel, já há alguns meses.O prefeito Jonas Donizette (PSB) assinou nesta semana lei que modifica a penalidade de imóveis que estão abandonados e não têm a devida manutenção por parte do proprietário. Até então, o dono tinha, na lei antiga, 60 dias para fazer a limpeza do local.   A partir da publicação da nova lei, o prazo de limpeza diminuirá para 48 horas. Caso a situação continue, o proprietário receberá uma multa no valor de R$ 27,94 para cada metro quadrado de terreno.A lei anterior foi elaborada em um momento em que Campinas não tinha o enfrentamento que tem hoje em dia com a dengue — somente nos três primeiros meses desse ano foram 1.697 casos confirmados da doença.   Há também um convênio feito com as imobiliárias para ajudar no combate aos criadouros.Larvicida   De acordo com a Secretaria de Saúde de Campinas, o prédio inacabado foi visitado na semana passada pelos agentes da Vigilância Sanitária da região Leste, e no local foi feita a aplicação de larvicida — produto que tem efeito prolongado até três meses.   A pasta informou que faz acompanhamento naquele local constantemente, e que estuda uma maneira de acabar definitivamente com o problema. O proprietário não foi localizado pela Prefeitura.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por