Sodemap suspeita de que esgoto esteja sendo despejado no leito do Rio Piracicaba
Espuma no Rio Piracicaba pode ser resultado de despejo de esgoto (Divulgação)
Indignados com a presença de uma grande concentração de espuma no Rio Piracicaba, e desconfiados de que o material possa ter sido causado por esgoto, membros da Sodemap (Sociedade de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba) fotografaram por dois dias seguidos o fenômeno. O ponto de maior acúmulo foi encontrado próximo ao Museu da Água, em Piracicaba.De acordo com um dos membros da Sodemap, o engenheiro agrônomo Antonio Claudio Sturion Junior, o material não é algo natural. Ele diz com 90 % de convicção que a espuma pode ser esgoto. "Não sabemos quem está despejando isso no rio, mas é um absurdo que façam isso com a nossa natureza". Sturion diz que a baixa vasão do rio nos últimos meses, aliado à falta de chuva, contribuiu para que o material fosse visualizado mais facilmente.A engenheira agrônoma e médica Eloah Margoni também foi uma das pessoas que desconfiou da espuma no rio. Ela, que é vice-presidente da Sodemap, disse que estava passando com uma amiga no Museu da Água e ficou surpresa ao avistar a espuma. "Não sei qual a procedência dela, mas isso significa que existe algum tipo de poluição. Esse caso precisa ser investigado".Na última quarta-feira (14), a vazão do Rio Piracicaba, no trecho que corta a cidade, era de 36,5 metros cúbicos por segundo. O índice era 45,5% menor se comparado ao mesmo dia no ano passado. Preocupados com essa situação, representantes do Instituto Beira Rio se reuniram com o presidente da Câmara dos Vereadores de Piracicaba, João Manoel dos Santos (PTB) para discutir o assunto. Foi elaborado um ofício destinado à Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico para solicitar maior liberação de água do Sistema do Cantareira — atualmente são disponibilizados 5 metros cúbicos de água por segundo.A água do Rio Piracicaba é de responsabilidade de dois grupos: um técnico, responsável pela vasão, formado pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) e Semasa (Serviço de Água, Saneamento Básico e Infraestrutura). O segundo grupo é composto pelos Comitês PCJ (Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) e Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rio Piracicaba e Jaguari, Câmara Técnica da Sociedade Civil, empresas e usuários que cuidam da quantidade de água que será liberada. Outro ladoA assessoria de imprensa da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de Piracicaba) informou que foi realizada vistoria na área urbana apontada do Rio Piracicaba e que não foi constatado espuma em grandes quantidade.Em nota, informou que: “como a região é densamente urbanizada, e o rio Piracicaba é receptor de esgotos de vários municípios da região; devido à concentração de surfactantes (detergentes) dos esgotos domésticos, que são lançados nos corpos hídricos, isso acaba provocando a formação de espuma em excesso.Referente ao tratamento de esgotos domésticos, a previsão para concluir 100% do tratamento no município é para o final de 2014. Atualmente, Piracicaba conta com aproximadamente 60% a 65% do esgotos tratado.No período de estiagem, a concentração de poluentes aumenta e, devido a diminuição da vazão do corpo receptor, acaba provocando episódios mais críticos”, finaliza a nota.