O cheiro de enxofre do gás liberado pela espuma se espalha pela cidade e, além de incomodar os moradores, espanta os visitantes
Casas são atingidas pela espuma formada pela poluição (Captura de vídeo)
Uma espessa camada de espuma cobriu o Rio Tietê na manhã desta terça-feira (23) em Pirapora do Bom Jesus, na Grande São Paulo. Levados pelo vento, flocos de espuma atingem as casas, mancham roupas, paredes e a pintura de veículos. O fenômeno, que vem se repetindo nos últimos dias, é causado pela concentração de poluentes nas águas do rio, segundo a prefeitura.O mau cheiro provocado por uma espécie de gás liberado pela espuma incomoda os moradores e afugenta turistas. A quantidade maior se forma na altura do centro, cerca de 1,5 quilômetro abaixo da barragem da Usina Hidrelétrica de Pirapora, no Tietê. Ao passar pelas comportas, as águas se agitam e o turbilhão resulta na formação de espumas. Pouca água "Convivemos com isso há mais de vinte anos e, desta vez, o fenômeno se acentuou porque o rio tem pouca água", disse o secretário de Meio Ambiente, Cláudio Vizeu.Segundo Vizeu, o cheiro de enxofre do gás liberado pela espuma se espalha pela cidade e, além de incomodar os moradores, espanta os visitantes - a cidade de 15,7 mil habitantes é estância turística. O Santuário do Senhor Bom Jesus atrai 600 mil romeiros por ano.O município, segundo o secretário, tem muito pouco a fazer, já que a poluição vem da capital e de outras cidades. "Continuamos cobrando do governo estadual a despoluição do Rio Tietê, mas tem sido uma luta inglória." Explicação da Sabesp A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou que a espuma é causada pela poluição ao longo do rio, principalmente pela presença de detergente não biodegradável. O lixo e o esgoto lançados no rio acabam chegando próximo à barragem e esse detergente se transforma em espuma com a movimentação da água.Em 1998, a Sabesp instalou bicos aspersores na barragem para reduzir a espuma. Um sistema de monitoramento avisa quando há concentração e os aspersores, chamados de "chuveirinhos", são acionados.Segundo a prefeitura, os aspersores são pouco eficientes. A Sabesp informou que pede à Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), que administra a hidrelétrica, para reduzir a vazão na barragem quando há muita espuma.