BRAVO BUGRE

Yuri e Jamerson: apostas que fizeram sucesso no Guarani

Investimento do Guarani salvou a equipe da degola na Série B

Do Correio Popular
17/10/2022 às 10:00.
Atualizado em 17/10/2022 às 10:43
Rendimento de Yuri chamou atenção do Guarani que estava em busca de um jogador de área e Jamerson se transformou em titular e hoje soma sete assistências em 17 jogos (Thomaz Marostegan/Guarani FC)

Rendimento de Yuri chamou atenção do Guarani que estava em busca de um jogador de área e Jamerson se transformou em titular e hoje soma sete assistências em 17 jogos (Thomaz Marostegan/Guarani FC)

Quando a janela de transferências foi aberta no dia 18 de julho, o Guarani estava na vice-lanterna da Série B com 18 pontos e fadado ao rebaixamento para a terceira divisão do futebol brasileiro. O Bugre tinha uma missão difícil pela frente e precisou lidar com os diversos movimentos do mercado.

O técnico Mozart Santos, recém-contratado pela diretoria, perdeu jogadores importantes como Matheus Pereira e Lucão do Break – que foram para o exterior. Os zagueiros Ernando e Leandro Castán também rescindiram seus contratos. Já o goleiro Rafael Martins foi procurar espaço em outra equipe.

As necessidades do plantel alviverde foram expostas e a solução seria recorrer ao mercado. No entanto, o principal empecilho para o superintendente Rodrigo Pastana – substituto de Michel Alves no comando do departamento de futebol – envolvia a parte financeira aliada à escassez de atletas disponíveis para serem contratados.

O Guarani que se encontra nesta segunda-feira com 44 pontos e com a permanência encaminhada na Série B com rodadas de antecedência passa longe do ambiente encontrado na janela de transferências. E os responsáveis, além da comissão técnica e diretoria, foram os jogadores encontrados no mercado que, mesmo sem tanta badalação, deram conta do recado.

TANQUE ARTILHEIRO

Aos 24 anos, Yuri chegou no Brinco de Ouro sendo chamado de Jonathan, mas em pouco tempo se transformou em Tanque. O biotipo físico foi o que motivou a criação do apelido entre a assessoria pessoal do jogador e os torcedores do Alviverde. Pivô, incansável na bola aérea e uma opção confiável no sistema ofensivo do Bugre.

Mas quando foi apresentado, no dia 2 de agosto, Yuri se encontrava em situação diferente e encarava um olhar de desconfiança da opinião pública. Revelado pela Ponte Preta em 2017, não conseguiu desempenhar um bom futebol no Moisés Lucarelli e deixou o clube com números tímidos para um atacante: três gols em 24 jogos.

Antes de deixar o futebol campineiro em definitivo, Yuri chegou a disputar uma nova competição no sub-20 da Ponte Preta e foi comprado pelo Coimbra, de Minas Gerais, clube ligado a empresários. A partir deste momento, o atacante rodou por clubes do Brasil e do exterior.

Precisou aprender a falar em japonês no curto tempo que ficou no Gainare Tottori, onde marcou 2 gols em 14 jogos. Conheceu a cultura de Portugal na sua curta passagem pelo Leixões. Mas retornou ao Brasil para jogar na Ferroviária entre 2020 e 2021, mas foi no Capivariano que sua situação mudou.

“Eu sou um homem de fé e sempre respeitei muito o tempo de Deus para cada etapa na minha vida. Eu sou um jogador diferente de quando comecei a minha carreira e sou grato pelas experiências. Agradeço muito a cada pessoa que colaborou para essa evolução. Minha família foi meu principal suporte”, explicou Yuri.

Na equipe de Capivari, Yuri deu um passo para trás e optou por jogar a Série A3 - equivalente à terceira divisão do futebol paulista. Logo na sua estreia, no dia 30 de janeiro, foi o principal jogador na vitória da sua equipe sobre o Marília. Ele marcou um dos três gols naquele jogo e adquiriu confiança para realizar um bom trabalho.

Yuri foi eficiente. Marcou 10 gols em 20 jogos disputados e conquistou a artilharia do torneio. Seu rendimento chamou atenção dos olheiros e do próprio Guarani que estava em busca de um jogador de área para substituir Lucão do Break – que havia acertado com o futebol do Vietnã.

O Bugre até então tinha um dos piores ataques da Série B e precisava de um goleador que Yuri garantiu ser na sua apresentação.

“Eu sou um centroavante de área mesmo, camisa 9, para ficar mais próximo da área, e fazer movimentos próximo ao gol. Sou um centroavante de finalização, minha característica é essa, joga na posição central, a região mais importante próxima ao go”, garantiu.

OS GOLS

Mesmo recém-chegado e sabedor da desconfiança da torcida - que lembrava da sua produção tímida jogando pela rival Ponte Preta -, Yuri aceitou herdar a camisa 9 e demonstrou personalidade para encarar quem criticava sua contratação. O desejo de boa parte da torcida era de um nome mais renomado para driblar a ineficiência da equipe no ataque.

A estreia de Yuri foi no jogo contra o Grêmio. Ele entrou faltando 30 minutos para acabar o jogo e teve uma boa oportunidade na bola aérea, mas parou em boa defesa do goleiro Brenno. Sua utilização foi limitada nas primeiras partidas porque a principal aposta de Mozart Santos era o atacante Jenison, que havia trocado o Cuiabá na Série A para defender o Bugre.

Jenison marcou o gol da vitória do Bugre contra o Náutico por 1 a 0, estava se estabelecendo como principal opção na grande área, mas sofreu uma lesão muscular às vésperas do clássico contra a Ponte Preta e teve sua possibilidade de sequência anulada.

A solução? Apostar em Yuri. O jogador retornou ao estádio onde foi revelado, vestindo as cores alviverde e teve uma boa atuação. A principal chance do primeiro tempo do Bugre foi no cabeceio perigoso do camisa 9 que parou em defesa de Caíque França. O resultado não veio, mas Mozart ficou com a sensação que tinha uma boa alternativa para seu estilo de jogo.

O tanque passou a funcionar no jogo seguinte. O Guarani venceu o Tombense por 2 a 1, no Brinco de Ouro, com grande atuação de Yuri Tanque. O atacante marcou, deu passos e colaborou na marcação. Atuação suficiente para receber a condição de titular.

Depois, o atacante de 24 anos alcançou um feito que só ocorreu uma vez neste século: marcar pelo menos um gol em cinco jogos consecutivos. Yuri balançou as redes contra Sampaio, Vila Nova, Operário, Novorizontino e CSA. Quatro destes cinco jogos para sacramentar e/ou colaborar em vitórias que afastaram o Bugre da zona de rebaixamento.

“Nenhum jogador conquista nada sozinho. O Yuri está conseguindo marcar tantos gols porque ele faz parte de uma engrenagem coletiva. Ele ajuda e também é ajudado. O mais importante é que o Guarani está sendo beneficiado porque os jogadores entenderam o espírito da equipe”, comentou Mozart.

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