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Weldon: velocidade e talento para conquistar títulos e amigos no futebol

Integrante do Pureza e participante da final do Campeonato Amador, o jogador de 44 anos não desistiu de sonhar e quer continuar balançando as redes

Esportes Já
02/12/2024 às 12:17.
Atualizado em 02/12/2024 às 12:23
No Benfica, com Jorge Jesus, na Ponte Preta, Sport, Criciúma ou no futebol amador, Weldon exibe qualidade e comprometimento em busca de vitórias, boas apresentações e títulos (Divulgação)

No Benfica, com Jorge Jesus, na Ponte Preta, Sport, Criciúma ou no futebol amador, Weldon exibe qualidade e comprometimento em busca de vitórias, boas apresentações e títulos (Divulgação)

O futebol proporciona sensações incríveis. Arrancar com a bola dominada, passar por vários adversários e balançar as redes. Correr de encontro à galera e vibrar como se não existisse amanhã. Ser carregado nos braços ao final de um jogo decisivo e construir uma carreira que deixa marcas positivas em companheiros e torcedores. Essa história pode ser vivida no futebol amador e nos campos espalhados pelo Brasil e pelo continente europeu. E quando um atleta tem o privilégio de viver estas sensações?Weldon Andrade, de 44 anos, encaixase no roteiro descrito. Viveu ao lado de treinadores renomados, foi protagonista em vários clubes e ainda hoje não deixa de buscar fazer a diferença, seja nos torneios de futebol amador em Diadema ou em uma decisão do amador em Campinas, como ocorreu ontem no estádio Brinco de Ouro entre Parque Brasília e Pureza, time que defendeu nesta temporada.

Sua caminhada não poderia ter outro lugar para começar que não fosse o futebol amador. Ele relata que um grupo de amigos lhe chamou para disputar o campeonato amador de Mauá ainda quando era adolescente. Foi artilheiro e campeão. Não demorou para despertar o interesse de observadores e empresários. Um deles, determinado dia, entrou em contato e ofereceu um teste no Guarani. Weldon passou pelo crivo do técnico Estevam Soares, que na época era treinador nas categorias de base. Entrou em campo e foi aprovado.

Com 17 anos, o atleta começou sua trajetória no sub-20 bugrino. O tempo passou e Weldon não foi inscrito pelos dirigentes. Decidiu aceitar o convite para jogar no América de Rio Preto. Sua vida mudou quando chamou a atenção de Otacílio Pires de Camargo, o Cilinho, na época comandante do América (SP). Foi o primeiro a insistir no aprimoramento de seus fundamentos. Após os treinamentos, Weldon fazia atividades específicas e era observado pelo técnico nas arquibancadas. Na época, o América disputava a Série C e suas atuações chamaram a atenção do Santos.

O contrato de quatro anos firmado com o Santos abriu a brecha para atuar com Carlos Alberto Silva no time profissional, enquanto Giba era o responsável pelo sub-20. Após um período de batalha para conseguir afirmação na Vila Belmiro, Weldon foi emprestado ao Brasiliense. Na equipe, o atacante participou do elenco que chegou à final da Copa do Brasil e perdeu para o Corinthians treinado por Carlos Alberto Parreira.

A estadia seguinte foi no Sport, quando de 2002 a 2004 teve como saldo as conquistas de campeonatos estaduais por três vezes, somando todas as passagens. Seu único lamento foi a perda da vaga na primeira divisão para o Palmeiras, na primeira passagem, no quadrangular decisivo da Série B de 2003. Em virtude de problemas ocorridos em jogo contra o próprio Palmeiras, o Sport não atuou na Ilha do Retiro e precisou jogar longe do Recife. Isso abriu caminho para os acessos de Palmeiras e Botafogo (RJ).

Tudo corria de maneira eficiente na Ilha do Retiro. Certo dia o telefone tocou. Era Piá, titular do meio-campo da Ponte Preta. Ele fez o convite para Weldon jogar no Moisés Lucarelli. Foram sete meses intensos. O ápice ocorreu no dia 10 de julho de 2004. Era a 14ª rodada do turno inicial do Campeonato Brasileiro. O Dérbi era no Majestoso, e a Macaca venceu por 3 a 1. Weldon marcou os três gols. Diante de 6.819 pagantes, Weldon sabia que tinha entrado pela porta da frente na história pontepretana. “As pessoas encontram comigo e agradecem até hoje”, disse o ex-atacante pontepretano.

O destaque no Campeonato Brasileiro era uma vitrine considerável. Propostas começaram a chegar às mãos da Diretoria Executiva da época. Weldon foi para o futebol árabe e logo depois retornou para jogar no Cruzeiro, que lhe emprestou para clubes de diversas partes do mundo, como o Al-Nassr (da Arábia Saudita), e Sochaux e Troyes (da França), além de duas passagens pelo Sport. Em um dos empréstimos, para o Belenenses, sua vida teve uma nova guinada profissional. Motivo: o encontro com o técnico Jorge Jesus. “A primeira vez que ele me contratou eu estava no Sport. Ele mandou um diretor vir me contratar. O Sport não queria me liberar, mas eles pagaram a multa”, explicou Weldon.

O atacante não pensa duas vezes para descrever as qualidades do treinador, atualmente no Al-Hilal, da Arábia Saudita. “Ele é bom em tudo que faz. É diferente dos outros. Ele chega no clube, conversa com o presidente e diz que ele precisa só pagar bicho e salário. Do resto ele cuida”, relembrou Weldon sobre a parceria na temporada 2007-2008. Para completar o pacote positivo, Weldon relembra o quanto o técnico era solícito e acessível. Um novo encontro com Jorge Jesus ocorreu na temporada 2009-2010 e Weldon explicou a circunstância inusitada. “O telefone tocou e o número era de Portugal. Atendi e era ele (Jorge Jesus). Expliquei que estava em um shopping center e ele me disse que tinha acertado com o Benfica e me queria lá. Ele conversou, pagaram a multa para o Sport e eu fui.” Weldon estava integrado ao elenco campeão do Benfica, que tinha jogadores como David Luiz e Fábio Coentrão, que mudou de função com Jorge Jesus e chegou ao Real Madrid. Quando o treinador foi contratado pelo Flamengo, Weldon já aguardava o futuro de títulos na Gávea. “Eu falei para amigos que se fosse verdade, tudo tinha acabado, que ele ganharia tudo. Só não ganhou o Mundial de Clubes porque o Liverpool não deixou”, recordou Weldon, que tem contatos frequentes com o técnico.

Weldon ainda jogou no Criciúma, Anápolis, Olhanense, Ferroviária e encerrou a carreira em 2017 no Santos do Amapá. Ele contou que esse último clube surgiu quando Adãozinho, ex-jogador do São Caetano, entrou em contato e ofereceu a oportunidade. “Ele me pagou a passagem e eu fui”, disse.

Hoje com vida digna e sem sobressaltos, Weldon atua em Diadema aos finais de semana e no futebol amador campineiro. “Não dá para chegar e dizer que vai parar. Eu amo fazer isso”, resumiu.

Ao fazer uma retrospectiva de sua vida, Weldon contabiliza um saldo positivo no futebol profissional. “ Deixei muitas amizades e treinei muito. Nunca dei problema dentro ou fora do campo. Nunca briguei com ninguém, seja com jogador ou treinador. Tem muita gente que gosta de mim”, revelou Weldon, sem prazo para encerrar a sua obsessão em correr atrás da bola e dos seus sonhos no futebol.

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