Aos 35 anos, atleta de Campinas alcança o principal título do karatê nacional, uma conquista aguardada há 15 anos
Mari teve um 2023 de superação e conquistas (Divulgação)
Do Campeonato Brasileiro de Karatê, disputado em São Bernardo do Campo, nos dias 16 e 17 deste mês, Mariana Dorigatti trouxe muito mais do que um nariz quebrado. A fatalidade, aliás, é apenas um ingrediente a mais de uma história para ser contada pelo resto da vida. Quando subiu no lugar mais alto do pódio, ela custou a acreditar que a coroação com a medalha de ouro se tratava se um fato real. “Foi a realização de um sonho”, definiu a atleta campineira, campeã brasileira sênior, o principal título do karatê nacional.
“Quando comecei a praticar karatê, há 15 anos, minha meta era chegar nessa conquista”, conta a faixa preta, que em 2019 bateu na trave ao ganhar o bronze e, agora, em São Bernardo do Campo, estaria satisfeita em repetir a performance de quatro anos atrás. “Na verdade, fui para a competição ciente de que se eu ganhasse o bronze novamente, ficaria feliz em função do alto nível”, conta Mari, como é conhecida. Agora, diante do imprevisto, ela celebra em dobro. “Não imaginava que seria tão bom assim.”
Após passar pela classificatória durante o ano, a atleta teve três lutas pelo caminho na fase final antes de comemorar o título. A primeira foi diante da paulista Janayna Quintanilha; em seguida Gabriele Mendes, de Santa Catarina, foi superada; e, na final, a vitória contra Giulie Cirilo, atleta da seleção brasileira sub-21, garantiu o ouro à campineira na categoria até 68kg. Para 2024, as principais metas são pleitear o bolsa atleta do governo federal e participar da seletiva para a seleção brasileira. Ela também espera alcançar maior visibilidade agora, para atrair patrocinadores.
“Vida de atleta é sempre difícil”, relata o carateca, que concilia seu trabalho como social media, com o karatê, treinando diariamente auxiliada por um preparador físico. Atleta do Clube Bonfim e também representante da cidade de Indaiatuba em algumas competições, ela já prevê uma rotina completamente diferente caso chegue a integrar a seleção. “É muito difícil passar pela seletiva, mas, se acontecer, terei que me dedicar 100% ao esporte, pois as viagens da delegação serão frequentes.”
UM ANO INESQUECÍVEL
O título brasileiro coroa um ano especial para Mari, que obteve resultados importantes em 2023, depois de um período de incertezas, marcado por cirurgia no joelho e um longo tempo de recuperação. De volta às lutas, ela faturou neste ano o inédito título estadual sênior, além de outras competições, totalizando mais de dez medalhas conquistadas antes de chegar na disputa das finais do Campeonato Brasileiro.
Para ela, a lesão no joelho representou um divisor de águas. Mari precisou reaprender a andar e a lutar antes de voltar às competições. “A lesão fortaleceu o meu propósito para seguir treinando e fazer o que gosto”, afirma ela, que, após ganhar o título brasileiro tirou uns dias de férias, certo? Errado. “Sigo treinando todos os dias”, garante a incansável atleta, ainda mostrando ser capaz de avançar mais na modalidade, mesmo já não sendo tão jovem como suas principais adversárias.
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