Proprietária de empresa norte-americana faz parte da “rede de anjos” que apoia as meninas Agatha e Tabatha na busca por espaço no tênis profissional
As irmãs Agatha (de viseira), de 14 anos, e Tabatha Carvalho, de 13, têm o apoio da família e de voluntários para superar a falta de recursos (Divulgação)
A batalha é diária e dura há tempos. As irmãs Agatha, de 14 anos, e Tabatha Carvalho, de 13, lutam contra as adversidades na busca do sonho de se tornarem tenistas profissionais. A família, de São Paulo, mesmo sem recursos, se uniu pela causa e os pais se sacrificam no apoio às filhas, sensibilizados pela paixão que elas carregam pela modalidade.
Na Flórida, nos Estados Unidos, onde reside há 23 anos, a relações públicas de Campinas Andréia Barboza Dickens também foi tocada por essa determinação das meninas. Seu irmão Jackson Barboza as viu em uma reportagem na televisão, compartilhou a história com Andréia e, a partir de então, um elo se formou. Há um ano, a campineira, proprietária da empresa norte-americana Family Fisrt World, faz parte de uma rede de apoio que busca alavancar a carreira das irmãs, chamadas de “as Williams brasileiras”, uma referência à semelhança delas com as estrelas do tênis Serena e Venus.
s Serena e Venus. “Quando fiquei sabendo da matéria, vi a paixão daquelas meninas pelo tênis, e o fato delas serem “bastante família” me chamou a atenção. Entrei em contato, as conheci e resolvemos fechar um contrato com os pais”, conta Andréia, cuja empresa trabalha com apoio a ONGs.
A parceria garante às irmãs a possibilidade de treinar em uma quadra fixa, disputar torneios e terem suas imagens divulgadas por profissionais da mídia, entre outros benefícios. Agora, no final de julho, o contrato terminou, e não será renovado em função da “queda do valor dólar”, diz Andréia. “Mas continuaremos apoiando na busca de empresas que possam dar um suporte”, garante.
A luta de Agatha e Tabatha se tornou conhecida no Brasil no ano passado por meio de diversas reportagens. A mãe Rose, que assumiu a rotina das filhas desde que elas decidiram mergulhar no universo do tênis, não mede esforços na busca por oportunidades, mas sofre diante das barreiras. O pai trabalha para sustentar a família. “Fico 24 horas com elas, já bati em várias portas e elas já participaram de diversos projetos sociais”, conta.
Paixão pelo tênis move as adolescentes (Arquivo da família)
Os obstáculos já levaram o pai a alterar o horário de serviço para tentar treinar as filhas. Até mesmo a laje da casa, no Jardim Monte Kemel, onde a família mora, em São Paulo, serviu de área de treino em função da falta de opção. A mãe, mesmo sem nenhum conhecimento do esporte, também já precisou se aventurar na improvisação de uma quadra em espaços públicos para não ver as filhas se frustrarem. “Não é fácil. Até já conversei com o secretário de esportes de São Paulo, mas não há apoio”, lamenta Rose.
Por outro lado, a batalha não tem sido em vão. Aliada à determinação das filhas, a mãe se emociona ao comentar o auxílio de voluntários que ela chama de anjos. É por meio desses suportes que as meninas têm acesso a aulas de tênis, inglês, consultas com psicólogos, treinos e disputa de campeonatos. “São profissionais que nunca me cobraram nada e só querem ver minhas filhas vencerem.”
Mas é a determinação das meninas o elemento essencial para que a esperança de dias melhores não morra. A rotina diária delas começa logo às 5h30 e segue intensa até às 21h, horário de dormir. “Recentemente, a Agatha teve uma crise de bronquite asmática a dois dias de uma competição. Eu não deixei ela ir, mas mesmo assim ela foi. Sofreu com falta de ar durante os jogos. No fim, foi vice-campeão da categoria sub-16, com 14 anos”, conta Rose. “A força delas e o apoio que recebemos não têm preço. Mas, mesmo assim, ainda precisamos de mais”, revela a mãe, esperançosa em ver as filhas disputando os grandes torneios do circuito mundial no futuro.