Um skate nos pés e mil ideias na cabeça

Campinas segue “pavimentando o terreno” para se tornar um polo nacional do skate. Depois de anunciar a construção do Centro Olímpico da modalidade, a cidade agora tem um grupo que estará à frente de projetos locais ligados ao esporte. Criada há três meses, a Associação Campineira de Skate (ACSKT) começa a dar seus primeiros passos. A estrutura ainda está em fase de montagem, mas as ideias para futuros eventos não param de surgir. 

A primeira atividade da associação já tem data marcada. A Vivência em Defesa Pessoal para Mulheres Skatistas acontece no próximo dia 25, sábado, na Associação Shaolin Chan de Kung Fu, às 10h, no bairro Ponte Preta. O encontro, estrategicamente organizado no mês das mulheres, visa orientá-las mediante situações de assédio na prática da atividade. E será também uma oportunidade para o público feminino conhecer a ACSKT. “Temos projetos e pessoas comprometidas com o trabalho. Agora é colocar a mão na massa”, diz o presidente da associação, André Valencio, de 49 anos. 

Em função do grande número de jovens interessados em skate na atualidade, fruto do bom desempenho do país em competições internacionais e na Olimpíada, a responsabilidade da ACSKT é grande, avalia Valencio. “Estamos trabalhando com prudência, já que esse esporte se tornou uma ferramenta social poderosa, influenciando a vida de muitos jovens e seus familiares”, considera. “Mas se essa porta está se abrindo, vamos trabalhar.” 

Valencio não sabe precisar o número de praticantes em Campinas na atualidade, mas tem a ciência de que é possível encontra-los em todas as regiões, seja na periferia ou em centros urbanos. “Levando-se em conta aqueles que estão com frequência em eventos, Campinas tem cerca de 1 mil praticantes, mas o número é muito maior, pois há um público vasto dentro da expansão da cidade.” 

Entre os projetos em vista, há os ligados à área social, cultural e até mesmo de alto rendimento. Valencio ressalta que Campinas hoje tem um grande número de skatistas profissionais com atuação de destaque em competições nacionais e internacionais. Entre os nomes de peso da cidade, ele cita o de Matheus Melo, que compete na modalidade Park. 

PASSADO 

Praticante de skate desde os anos de 1980, Valencio acompanhou a evolução da modalidade em Campinas e se emociona ao lembrar da realidade do passado. “Faço parte de uma geração que tinha pouco acesso ao universo do skate e crescemos em torno de uma única pista na cidade. A chamávamos de Half da Bosch, pois ela ficava perto da região da empresa. A partir de então, o skate foi tomando as ruas e trazendo novos praticantes. As competições eram até engraçadas de tão precárias”, comenta o skatista, que já participou de mundiais na Alemanha e Inglaterra. “Hoje, tudo mudou”, compara. 

Segundo levantamento da Prefeitura no ano passado, Campinas tem hoje 14 pistas de skate. Ainda há previsão de que duas das modalidades street e banks na Praça Santa Rosa, no Jardim Conceição, distrito de Sousas, sejam entregues até o final do ano, com custo avaliado em cerca de R$ 520 mil, recurso proveniente de emenda parlamentar e da Secretaria Municipal de Serviços Públicos. A Prefeitura também aguarda a aprovação do Governo do Estado para construir uma pista na Praça de Esportes Jorge Mendonça, no Parque Floresta, cujo projeto está finalizado. 

Já as obras do complexo do Centro Olímpico de Skate, no Centro Esportivo de Alto Rendimento (Cear), no Swiss Park, devem ter início em julho deste ano, caso os trâmites burocráticos sigam dentro do previsto pela Prefeitura. “Projeto, orçamento e memoriais estão finalizados. Agora, estamos no aguardo da aprovação da Caixa Econômica Federal para iniciar o processo licitatório”, explica Marilio de Carvalho Mendes Neto, chefe de gabinete da Secretaria de Esportes e Lazer, acrescentando que o prazo estimado para a construção é de 15 meses. Orçada em R$ 20 milhões e custeada pelo Governo Federal, a obra deve atrair para Campinas os treinos da seleção brasileira de skate