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Um craque que agradece ao futebol

Esportes Já
08/09/2023 às 08:50.
Atualizado em 08/09/2023 às 08:50

Alexandre e Catatau: Com a camisa do Guarani, Alexandre fez parceria com o atacante Catatau, que atuou na equipe bugrina na campanha do vice-campeonato brasileiro de 1986 (Divulgação)

O futebol é capaz de transformar a vida de um garoto em questão de segundos. Tudo vira do avesso e abre as oportunidades para construir uma carreira gloriosa e gerar os recursos suficientes para proporcionar sustento para a família. No final da década de 1990, o adolescente José Alexandre Alves Lindo, hoje com 50 anos, tinha rotina definida: estudos, convivência com os amigos no Jardim Amazonas, em Campinas e os jogos em que defendia a equipe de futsal de uma empresa localizada em Valinhos.

Era um comportamento visto por milhares de adolescentes. José Alexandre Alves Lindo, o Alexandre Cenoura, foi um agraciado. Sua trajetória mudou em 1990. A equipe de futebol em que atuava em Valinhos foi convidada para atuar nos Jogos Regionais de Itapira. Com o encerramento do torneio de futsal, o técnico na ocasião, Toninho Evangelista pediu para que ele reforçasse o elenco do futebol. “Mas eu não gostava de futebol de campo e atuava em jogos de futebol de salão em várias cidades da região de Campinas. Mas depois da competição de futebol de salão nos Jogos Regionais, o Toninho Evangelista me colocou no futebol de campo”, disse o exjogador.

Eram duas semifinais. Na primeira, a equipe de Valinhos enfrentaria Campinas, que era representado pelo Guarani. No outro jogo, Atibaia enfrentaria Araras. Apesar da eliminação nos pênaltis, Alexandre disse que horas depois uma visita surgiu no alojamento de Valinhos. Era o técnico Adaílton Ladeira, responsável pelo time de Araras e conhecido descobridor de talentos. Uma conversa foi estabelecida e Alexandre arrumou as malas e foi para Araras. Os dois primeiros anos foram feitos dentro da categoria juvenil, juntamente com o lateral-esquerdo Roberto Carlos, que anos depois seria campeão do mundo na Coréia do Sul e no Japão. Tempos depois, Alexandre foi guindado ao time profissional, em que atuou por três temporadas. Seu trabalho dinâmico no meio-campo chamou atenção do São Paulo, que acertou um período de empréstimo do jogador. Mas ele não esqueceu tudo que viveu em Araras. “O União me deu a chance de me tornar um jogador de futebol profissional e de me lançar no futebol brasileiro e de atuar no exterior. Eu torço para que o União retorne (à elite do futebol). Sou grato ao clube e ao Jair Picerni (treinador) que me lançou”, arrematou.

Alexandre convive com ícones do futebol dos anos 1990 como o volante Axel (à direita) e o armador Eduardo Marques. Os dois participam de amistosos de masters (Divulgação)

Ao desembarcar no estádio do Morumbi, Alexandre percebeu que um novo momento era vivido. A Era de Telê Santana tinha acabado e Muricy Ramalho iniciava sua trajetória de treinador. “Fiquei apenas no Campeonato Brasileiro (1995) mas atuei com atletas do porte de Palhinha, Cerezo, Alemão e do goleiro Zetti”, disse o ex-jogador. Ao final do Brasileirão, duas opções foram abertas para Alexandre Alves, o Cenoura. A primeira era a compra do seu passe por parte do São Paulo e uma renovação de contrato. A alternativa escolhida foi a de transferir-se para o Kyoto do Japão, agremiação que tinha como expoente o exzagueiro da Ponte Preta, Oscar Bernardi. “Ali o meu pensamento foi a de ganhar dinheiro e para esse objetivo a temporada foi muito boa. Tanto que comprei uma casa para minha mãe e outros parentes”, explicou.

Em 1997, uma nova guinada profissional. Um convite ocorreu para atuar no Santos e ser comandado por Wanderley Luxemburgo. Resultado imediato: a conquista do Torneio Rio-São Paulo, além de outros dividendos acumulados. “Jogar no Santos tinha aquela mística e aquele espírito que todos falavam. Tanto que o Pelé aparecia no treino de todas as sextas feiras e sabia o nome de cada jogador”, disse.

Ao final de 1998, Wanderley Luxemburgo saiu da Vila Belmiro e acertou com o Corinthians. O técnico queria contar com Alexandre. O impedimento surgiu por intermédio da antiga Lei do Passe, o quê que fez com ele ficasse preso ao clube, já que o técnico Emerson Leão, novo titular do posto, não queria a sua presença. “O meu passe foi para Federação Paulista e foi adquirido pela Portuguesa”, disse.

Seleção de Masters, supervisionada por Alexandre Alves, sempre contou com a participação de ex-atletas como Galeano, Neto, o ex-zagueiro Batata, o campeão do mundo Luizão e Veloso (Divulgação)

Foram três temporadas na Lusa, mas a sua principal recordação é um trauma para todo torcedor da Lusa. No dia 26 de abril de 1998, a Portuguesa disputou a semifinal do Paulistão contra o Corinthians. Apesar da vantagem construída no placar de 2 a 0, dois pênaltis duvidosos para o Corinthians fizeram o jogo terminar em 2 a 2, o que deixou a equipe de Luxemburgo classificada para a final. “Nosso time era muito bom. Até poderíamos perder a final para o São Paulo. Mas nunca um árbitro argentino tinha apitado um jogo do Campeonato Paulista e de repente aparece alguém que ninguém conhecia. Ele deu dois pênaltis para o Corinthians que não existem”, lamentou Alexandre, que foi naquele jogo por Candinho e tinha como companheiro de equipe, o centroavante Evair. O Corinthians, por sua vez, tinha estrelas como Marcelinho Carioca, Rincón, Vampeta e Gamarra.

Ao contrário do que muitos imaginam, Alexandre não considera que o VAR poderia evitar um desastre naquela ocasião. “O VAR erra hoje em dia”, disparou. Após sair da Portuguesa, Alexandre defendeu as camisas de Coritiba, Atlético Mineiro e Botafogo. Após sair do Galo Mineiro, o ex-meia chegou ao Guarani, em que atuou por 27 jogos e anotou três gols. Sua passagem não foi da maneira que a torcida bugrina queria e desejava. Ele já estava acertado com o Necaxa, do México, e só foi possível fazer um contrato de cinco meses. “Infelizmente, o Guarani não estava pagando em dia e o pessoal do Necaxa queria que eu fosse antes. Então, nós sentamos (com a diretoria do Guarani), conversamos e ninguém ficou devendo para ninguém”, explicou.

No futebol mexicano, Alexandre competiu em uma Liga com alto nível técnico e com atletas oriundos da Argentina, Uruguai, Colômbia e muitos brasileiros. “A estrutura do Necaxa era uma das melhores. O time era patrocinado pela Televisa e as condições de trabalho eram similares ao que se vê hoje no AtlheticoPR”, disse.

Ao lado de ídolos como César Maluco, Edu Bala e Ademir da Guia, Alexandre faz questão de reverenciar craques do passado do Palmeiras (Divulgação)

Após passagens por Sport, Juventude, Marília e Sertãozinho, o jogador encerrou sua trajetória no Remo em 2008. Na “saideira”, ele teve a chance de verificar o surgimento de um goleiro chamado Weverton, que foi revelado pelo Corinthians e estava emprestado ao time paraense e hoje é titular do Palmeiras. “Ele era o terceiro goleiro e treinava demais. E agora conquistou tudo merecidamente”, completou.

Atualmente, Alexandre tem negócios e empreendimentos nas cidades de Araras, Campinas e São Paulo. O seu outro xodó é cuidar da marcação de amistosos e da logística para a Seleção de Masters. Tal atividade proporciona a chance de visitar algumas cidades como Brasilândia, localizado em Mato Grosso do Sul e com 12 mil habitantes. Ali, o escrete de masters terá a chance de inaugurar os refletores de campo society. O evento será nos dias 15, 16 e 17 de setembro. Tudo foi intermediado pelo ex-atacante Fabrício Carvalho. Para Alexandre, sustentar o projeto de masters é uma questão social. “Tem ex-jogadores que precisam do cachê dos amistosos enquanto que outros nem querem o cachê e vão pelo prazer de viajar e fazer a resenha”, completou Alexandre, consciente da sua missão de sustentar a chama do futebol, seja qual for o tempo.

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