Projeto da Prefeitura mantém aulas para iniciantes, além de eventos de apresentação (Divulgação)
“Ginástica rítmica, se escreve assim, com ‘t’ mudo. É necessário, antes de tudo, saber escrever o nome do esporte.” O primeiro passo é que vai definir a qualidade do segundo e assim por diante. A filosofia da ginasta Alessandra de Almeida Costa dimensiona sua seriedade no ensino da GR para meninas iniciantes, em Campinas. E talvez exemplifique, em um contexto mais amplo, o comportamento que impulsionou a modalidade a alcançar os holofotes neste 2023. Seja na formação em uma praça de esportes ou na Romênia, onde o Brasil conquistou quatro medalhas na Copa do Mundo em julho, é necessário dar o primeiro passo.
E as cerca de 70 meninas entre 6 e 12 anos envolvidas no projeto da Prefeitura de Campinas estão aprendendo isso. “Apresentamos a modalidade e ensinamos os elementos básicos a princípio”, diz Alessandra, que se desdobra na tarefa junto com outra professora, a Ana Luiza, no ginásio do Taquaral e na Praça de Esportes Primavera, na Vila Costa e Silva, espaços onde acontecem as atividades. Hoje, enquanto a seleção brasileira se prepara para o Mundial em Valência, de 23 a 27 de agosto, que pode render vaga aos Jogos Olímpicos de Paris, aqui em Campinas algumas meninas estão na fase de treinar os movimentos corporais, sem a utilização dos aparelhos.
O passo inicial de Alessandra foi em 2006. Formada em Educação Física e Dança, ela começou dando aulas de GR para filhas de funcionários da Prefeitura. Com o tempo, o interesse foi aumentando e o projeto ganhando corpo. “Chegamos a ter cinco locais de treinamentos e quatro professoras”, conta. Atualmente, no entanto, não há vagas abertas para alunas e a fila de espera, desde o ano passado, inclui entre 50 a 60 crianças.
Clubes também desenvolvem trabalhos com foco em competições (Divulgação)
Em Campinas, as equipes de competição estão nos clubes. O Regatas conquistou o vice-campeonato nos Jogos Regionais de Mococa, disputados no início do mês passado, e garantiu classificação para os Jogos Abertos do Interior, em outubro, na cidade de São José do Rio Preto. Uma das integrantes da equipe, a Sofia, veio do projeto da Prefeitura. “Mantemos uma parceria com os clubes. Meninas que se destacam são encaminhadas ao Regatas, Hípica ou Cultura”, explica Alessandra, sem deixar, no entanto, as meninas envolvidas no projeto fora de um espaço de competição.
Anualmente, as alunas participam da Copa Campinas no meio do ano e de um festival entre os meses de novembro e dezembro. O primeiro evento tem caráter mais técnico, passando o conceito de competição para as mais nova e contabilizando notas para as mais experientes. Já o festival, realizado no Ginásio do Taquaral, tem o objetivo de apresentar aos pais o aprendizado desenvolvido no ano, com demonstrações mais livres.
Para Alessandra, a força que a ginástica rítmica tem apresentado neste ano é fruto de um trabalho de troca de informações entre técnicos e professores que se desenvolveu durante a pandemia. Desse processo, acredita, as técnicas foram aperfeiçoadas e a modalidade ganhou projeção. Sua ênfase para que a GR possa seguir crescendo é na divulgação do esporte que, segundo ela, passa por vários pontos, inclusive, no detalhe da escrita. “É com ‘t’ mudo.”