Técnico Hélio dos Anjos foi festejado pelos jogadores durante entrevista coletiva (Diego Almeida/PontePress)
Treinador com 65 anos e 38 anos de experiência no banco de reservas, Hélio dos Anjos comemora a conquista da Série A-2 com a Ponte Preta como a confirmação de que ainda é um profissional relevante e que não há idade para continuar a vencer. Disciplinado e detalhista no aspecto tático, ele ganhou a aprovação da sua metodologia de trabalho com o banho de água gelada recebido durante a entrevista coletiva. Diante disso, com a aprovação explícita dos jogadores, não existe previsão de mudança no estilo. “O meu perfil é de bater muito. Esses dias eu falei para o presidente (Marco Antonio Eberlin) que nos últimos dois clubes eu saí por desgaste com direção, não por resultado. Eu sou assim. São 38 anos sem um empresário falar que conseguiu me empregar”, disparou o técnico. “Cortei um jogador semana passada (para ser contratado), porque tinha que vir outro junto. Eu vou morrer treinador. Vocês (jornalistas) não vão ver Hélio coordenador, supervisor ou executivo. Ser treinador é a única coisa que eu sei fazer bem feito na minha vida”, completou.
Por confiar na sua estratégia e metodologia de trabalho, o técnico já decretou que a partir desta segunda-feira, a Série A-2 está riscada do mapa. A ordem é realizar concentração total para a estreia na Série B do Campeonato Brasileiro contra o Vitória (BA), marcada para domingo, no estádio Barradão, em Salvador (BA). “Estou feliz, vamos comemorar domingo e segunda-feira também já combinamos de fazer uma festa. Mas a partir de terça-feira, esse título tem que ser esquecido", decretou o técnico.
Mas Hélio dos Anjos espera que a Diretoria Executiva cumpra sua parte e traga reforços para todos os setores do time titular, especialmente no setor ofensivo. Hélio dos Anjos pede a presença de dois jogadores para atuar pelos lados do campo, pois Pablo Dyego é a única opção com rendimento satisfatório. “Esse time tem capacidade e vai crescer. Mas a direção tem que tomar as rédeas das coisas. A nossa torcida gostou de ganhar e vai cobrar, exigir. Eu quero essa exigência”, reafirmou o comandante pontepretano.
Segundo ele, não é preciso fazer o possível para evitar a interrupção do processo de crescimento técnico fomentado na Série A-2 do Campeonato Paulista. “Temos de ter consciência de que não é só fazer o time ganhar dentro de campo. Temos de dar mais qualidade ao grupo. Vamos brigar por mais opções. A responsabilidade do treinador é fazer o time jogar. Responsabilidade da direção é viabilizar situações (contratações)”, disse o treinador.
Hélio dos Anjos quer reforços e não quer recuar em sua intenção de pressionar os oponentes no gramado e aplicar um estilo de jogo mais ofensivo. Ele disse que sabe a predileção interna de muitos integrantes do clube por um posicionamento tático mais precavido. Mesmo assim, o técnico não arreda o pé. “Quem decide sou eu. Eu adotei um modelo de jogo muito agressivo. Empatamos (fora de casa) com o Novorizontino marcando sob pressão e em cima do último homem e fizemos o gol”, disse.
A postura abnegada dos jogadores para acelerar o crescimento do trabalho é elogiada pelo treinador. Para ele, foi o que culminou com a conquista do título. “Tudo começou no primeiro dia de pré-temporada em Itu. A Ponte Preta merecia isso”, afirmou o técnico, que aposta no aspecto histórico da competição estadual. “A Federação vai demorar a ver uma final com envolvimento emocional tão grande como foi com a torcida da Ponte agora”, disse.
Adepto do discurso otimista, Hélio dos Anjos admitiu que internamente a pressão foi realizada para que não fosse dado brechas para surpresas. “ A Ponte não podia entrar na Série A2 e não ganhar. Nunca disse isso publicamente. Mas no vestiário eu falava para eles: Ponte na Série A2 é para ser campeão, é para ganhar, não é para participar ou ser segundo”, arrematou.
Com a liberação da punição administrativa do Transferban e a extensão da janela de contratações até o dia 20 de abril, reforços devem ser buscados pelo presidente Marco Antonio Eberlin.
