O executivo de futebol do Náutico, Edgard Montemor: calendário é o diferencial (Gabriel França / CNC)
Logística complicada, gramados ruins e estrutura precária. Vincular esses elementos à terceira divisão do futebol brasileiro é ideia comum entre torcedores acostumados a acompanhar as Séries A e B. No entanto, os profissionais diretamente ligados aos clubes que em 2024 brigaram por uma vaga na segundona nacional expõem uma realidade diferente daquela predominante no imaginário popular. A Série C está estruturada, reúne times organizados e o clube que não se enquadrar nesse contexto dificilmente alcançará êxito, afirmam esses profissionais.
Questionado sobre quais as maiores dificuldades que Guarani e Ponte Preta poderão encontrar na divisão, o executivo de futebol do Náutico, Edgard Montemor, fez questão de direcionar sua resposta no sentido oposto. "Há muitos fatores benéficos em uma comparação com a Série B", diz o executivo, salientando o calendário. "O principal diferencial são os jogos só aos finais de semana." Os 20 clubes jogam entre si em turno único e avançam para a fase decisiva os oito melhores.
Segundo Montemor, o espaçamento maior entre as rodadas amplia, mais do que nas outras divisões, a probabilidade de que um time bem planejado dentro de um padrão técnico, tático, físico e mental se sobressaia. "Há um tempo maior de preparação, implementação de um trabalho e recuperação dos atletas, o que se torna um diferencial", observa. "É uma condição que potencializa o trabalho bem feito e estruturado."
FERROVIÁRIA
A mesma opinião tem o executivo Jorge Macedo, que, após passagens por Internacional, Fluminense e Ceará, conduziu um trabalho de sucesso na Ferroviária nesta temporada. Em 2025, a equipe de Araraquara disputará a segunda divisão depois de conquistar o acesso. "Hoje, a Série C está bem parecida com a Série B. Os clubes estão investindo e tem o diferencial do calendário", reforça.
A logística, a estrutura dos estádios e a qualidade dos gramados não representam barreiras, alega Macedo, destacando o grande número de clubes na divisão com tradição na disputa da Série B. ABC, CSA, Confiança, Tombense, Londrina, Náutico e Figueirense são alguns com passagens frequentes na segundona.
DINHEIRO
Para Montemor, a Série C segue na contramão das duas primeiras divisões em referência ao potencial financeiro e montagem do elenco. Ele lembra que há vários exemplos de clubes com investimento menor que se sobressaíram em relação àqueles com mais recursos. Nesse sentido, o executivo aponta a montagem do elenco como o maior desafio.
"Não é o elenco mais caro que faz a diferença, mas aquele que tem o perfil da divisão, com jogadores que entendem o que vão encontrar dentro de campo, em relação à arbitragem e à forma de atuação."