Ação valoriza interação e respeito entre os colegas (Cleber Luiz/CineView)
Poder vestir um uniforme oficial e calçar uma chuteira para jogar futebol não passa de uma realidade distante para muitas crianças e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social. No último dia 6 de setembro, no entanto, muitos jovens puderam vivenciar o que parecia um ritual inalcançável. No campo da Praça de Esportes do Jardim Fernanda, bairro na periferia de Campinas, um grupo de meninos e meninas de 6 a 17 anos de idade não escondeu a satisfação ao receber, cada um deles, um kit com shorts, camiseta, meiões e calçado esportivo.
A ação integra um projeto que oferece aulas de futebol gratuitas para jovens carentes. As atividades tiveram início no dia 24 de junho e contam com complemento nutricional, aulas com educadores físicos especializados na modalidade e acompanhamento dos jovens no desempenho escolar. O projeto se desenvolve no campo do Jardim Fernanda e ainda há 200 vagas abertas (veja acima onde e como realizar as inscrições) do total de 500. A duração das aulas está prevista para 12 meses, mas o planejamento da iniciativa é estender as atividades por, pelo menos, dez anos.
“Trata-se de uma proposta educacional, que tem como finalidade inclusão e transformação”, diz Bruno Wellington, presidente da Fábrica de Atletas, projeto social sem fins lucrativos que conta com o apoio do Instituto CPFL para colocar em prática a ação. As aulas de futebol começaram simultaneamente também em outros quatro municípios: João Câmara (RN), Mococa (SP), Sorocaba (SP) e Ourinhos (SP).
“São 500 crianças atendidas em cada um desses polos, um total de 2,5 mil jovens beneficiados”, esclarece Wellington, que aponta a realidade do município de João Câmara, no Rio Grande do Norte, como a mais dramática. “Muitas crianças atendidas no local nunca vestiram um calçado na vida”, exemplifica.
As aulas têm como finalidade educar por meio do esporte, diz o presidente da Fábrica de Atletas. Os fundamentos do futebol são ensinados dentro de um modelo que valoriza a interação, convivência e respeito. “Temos testemunho de várias famílias que atestam a mudança de comportamento de seus filhos em casa”, comenta. A distribuição de lanches ao final de cada aula também faz parte da iniciativa. Já o acompanhamento escolar é feito mensalmente e, no final de 12 meses, o projeto faz um comparativo do desempenho ao longo do ano.
O sonho de vários jovens que participam das atividades, de se tornar jogador de futebol profissional, recebe uma atenção especial dos educadores. “Está no nosso planejamento levar os alunos para seletivas dos clubes profissionais. Assim que eles tiverem adaptados ao projeto e aptos, iremos encaminhá-los”, projeta Wellington.
Independentemente do futuro que os atendidos seguirem, o último dia 6 de setembro ficará guardado na lembrança de muitos deles. “A entrega dos kits é parte fundamental do nosso projeto”, destaca o presidente da Fábrica de Atletas. “O uniforme promove senso de pertencimento e igualdade entre as crianças e adolescentes. Além disso, contribui para a disciplina e a organização, fatores essenciais para o desenvolvimento de um ambiente propício ao aprendizado e à prática esportiva. Vestindo a mesma camisa, os alunos sentem-se parte de uma equipe, o que aumenta a motivação e o comprometimento com as atividades, fortalecendo, assim, o espírito de união e colaboração entre todos.”
O que é?
O projeto social Fábrica de Atletas é uma realização do Ministério do Esporte e da Associação Fábrica de Saúde Esporte e Cultura, criada em 2007 e com sede em Paulínia. Entre outras propostas ligadas ao esporte estão as aulas de judô em Campinas e de ginástica rítmica em Amparo, voltadas para cerca de 3,5 mil crianças e adolescentes.
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