Secretário de Esportes celebrou a participação dos técnicos da Secretaria (Divulgação)
Sedentos por maior respaldo por parte do poder público para desenvolverem as suas habilidades e aptidões, os atletas residentes e atuantes em Campinas ganharam no dia 20 de junho um novo instrumento, que é o Programa Bolsa Esporte Municipal, aprovado na Câmara Municipal, sancionado pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos) e que vai apoiar financeiramente atletas, paratletas, técnicos e guias paradesportivos. As bolsas vão variar de R$ 627 a R$ 2.508. Pelas regras estipuladas, o programa atenderá esportistas de até 19 anos.
Para viabilizar o funcionamento do projeto, a prefeitura disse que contará com recursos financeiros repassados pelo Fundo de Apoio ao Desporto Amador (Fada). No primeiro ano, a estimativa é que ocorra um repasse acima de R$ 537 mil, equivalente a 120 mil Unidades Fiscais de Campinas (UFICs). Na cerimônia de lançamento, o prefeito Dário Saadi e o secretário Municipal de Esportes, Fernando Zanin, se comprometeram a aumentar o orçamento, caso haja possibilidade no futuro. “É um passo importante para o desenvolvimento dos nossos jovens, com o esporte sendo instrumento para uma vida melhor, com saúde". "O programa é abrangente e não limita recursos e pode ser ampliado nos anos seguintes”, disse o mandatário municipal.
O secretário municipal de Esportes e Lazer, Fernando Vanin, ressaltou que o projeto não têm conotação eleitoreira e não surgiu da noite para o dia. Pelo contrário. Segundo ele, todo o escopo do projeto foi desenhado por técnicos da secretaria de Esportes. Diante disso, a expectativa é que isso contribua para o crescimento do Esporte em Campinas. "A ideia constava no plano de governo do prefeito Dário (Saadi). Houve um envolvimento de todos da secretaria e conseguimos construir um projeto pensando em favorecer a formação. Seguramente, vai contribuir muito para o esporte da cidade”, apostou Vanin.
Ex-titular da pasta de esportes no governo de Jonas Donizete (2013-2020), Dário Saadi disse que a experiência foi fundamental para entender os desafios enfrentados por atletas, técnicos e dirigentes da seara esportiva de Campinas. "Não é fácil chegar ao alto rendimento. É preciso muito esforço, dedicação. E o Bolsa Esporte vai atuar diretamente na formação, mesmo não sendo um valor alto, vai ser importante neste momento inicial”, afirmou Saadi.
Em relação a participação no programa, para solicitar a bolsa, o atleta, paratleta, técnico ou guia paradesportivo precisa estar vinculado a alguma Organização Social Civil (OSC) ou entidade de Administração Esportiva. A justificativa é que, por ser direcionado ao Esporte de Formação, o programa atenderá atletas de até 19 anos. Para o paradesporto não há limitação de idade.
Está definido que os atletas e técnicos que receberem a bolsa representarão o Município nos Jogos Abertos da Juventude, Jogos Escolares Brasileiros e Jogos da Juventude, promovido pelo Comitê Olímpico Brasileiro. O programa será gerido por um Conselho de administração formado por sete membros nomeados pela Secretaria Municipal de Esportes e Lazer. O presidente do Conselho será o secretário Fernando Vanin.
Técnico e Gestor do Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima, Evandro Lazari afirma que o projeto não poderia ter chegado em melhor hora para esporte campineiro. “A bolsa tem tudo para ajudar os atletas. É uma excelente iniciativa, pois os clubes hoje são escassos. Temos poucos clubes e precisamos que os atletas tenham suporte para equipamentos, alimentação, transporte”, completou.
Ex-secretário de Esportes, Dário Saadi acredita em novo tempo para o esporte campineiro (Divulgação)
MILITANTES DE MODALIDADES COMEMORAM O FINANCIAMENTO DA FORMAÇÃO
Quem está inserido dentro do esporte campineiro e luta pela obtenção de verbas, considera que o Programa do Bolsa Atleta Municipal pode ser um salto de qualidade para o futuro e abrir espaço para a revelação de talentos. “É um passo importante para continuar incentivando esportes que têm menor capacidade de atrair investimentos. Convivi com alguns funcionários da SMEL, e sei que eles se empenham bastante para melhoria do esporte no nosso município”, disse André Luís Gomes de Moraes, sócio fundador da Associação Campineira de Judô, a primeira entidade a desenvolver na modalidade na modalidade para o Fundo de Investimentos Esportivo de Campinas.
Ele disse que a luta por programas de incentivo ao esporte não é recente. Pelo contrário. “Quando a lei de incentivo ao esporte Municipal foi relançada por intermédio do FIEC, eu e mais uns 10 técnicos fizemos lobby junto a Câmara para que isso pudesse se tornar viável. Os funcionários da secretaria (de Esportes) ajudaram muito”, completou.
Com um projeto de handebol aprovado por intermédio do Fundo de Investimentos Esportivos de Campinas para equipes de rendimento de junho de 2023 a junho de 2025, o professor Milton Dias Fonseca Junior comemorou a implantação do Programa Bolsa Atleta Municipal. Coordenador técnico e técnico de handebol da Sociedade Amigos do Bairro do Jardim Eulina, Milton Junior elogia os preceitos adotados no projeto e espera que todos tenham paciência para colher os frutos no futuro. “É um trabalho para ser desenvolvido em longo prazo. Os frutos não serão colhidos agora, mas daqui a quatro anos Campinas com certeza terá equipes esportivas em todas as modalidades capazes de enfrentar de igual para igual qualquer município do Brasil”, arrematou.
RETRATO DA LUTA NO ESPORTE, PULO DO GATO COMEMORA INSTALAÇÃO DE PROJETO
Com 30 anos de existência, a equipe de futsal do Pulo do Gato é um retrato da luta de quem milita no esporte de Campinas. Nos primeiros anos, a equipe tinha como objetivo apenas o entretenimento e a recreação, mas depois passou a investir na formação de atletas e posteriormente na formação de uma equipe adulta. Hoje, com a transformação do programa Bolsa Atleta Municipal em realidade, o técnico Jefferson Novaes está de alma lavada. “Eu milito no esporte de Campinas há 35 anos e tenho certeza de que falo por mim e por muitos que conheço. É um sonho que sempre esperei”, afirmou o comandante do time de futsal.
Segundo ele, o financiamento é fundamental na viabilização de um cenário mais propício para o financiamento dos talentos esportivos. “Nada vai acontecer se não tiver subsídio para financiar a garotada. Temos muitos garotos da periferia que acabam não vindo para o projeto. Eu não consigo ajudar todo mundo”, explicou.
A realidade vivida pelos militantes dos esportes em Campinas é muito diferente do glamour pensado pelo público. Ele esclarece, por exemplo, que na equipe profissional, o máximo que consegue pagar é um valor que não chega a três salários minimos enquanto que os garotos selecionados ganham no máximo, R$ 600. “Uma bolsa de R$ 500 mensais para um garoto de 15 anos é uma baita grana. Á vezes o garoto não aparece em peneira porque não tem o dinheiro da passagem de ônibus”, arrematou.
