RETROSPECTIVA

Ponte vive um ano que começa com vexame e desemboca na esperança

Marco Eberlin tomou posse como presidente do clube em janeiro

Esportes Já
26/12/2022 às 10:39.
Atualizado em 26/12/2022 às 10:39
Elvis foi contratado para o segundo turno (Álvaro Jr/ PontePress)

Elvis foi contratado para o segundo turno (Álvaro Jr/ PontePress)

O torcedor pontepretano vai guardar o ano de 2022 como um período marcado por diversas emoções, em que o otimismo deu lugar ao desespero e posteriormente foi jogado de lado para dar lugar a solidariedade e esperança.

O mês de janeiro de 2022 já representava uma novidade. Uma nova diretoria tomava posse com o comando do empresário Marco Antonio Eberlin, integrante do Movimento Renascer Pontepretano, que venceu as eleições em novembro do ano passado. A chegada do novo grupo ao poder interrompeu uma trajetória de 25 anos de domínio do grupo político comandado por Sérgio Carnielli, que foi presidente de 1997 a 2011. A novidade já apareceu na forma de tratar o futebol. Marco Antonio Eberlin assumiu o protagonismo do futebol profissional, não abriu mão de fieis escudeiros como Ricardo Koyama e Marco Ribeiro e concedeu uma oportunidade para que Luis Fabiano fosse o coordenador de futebol. A figura do executivo de futebol foi extinta.

Apesar das mudanças estruturais, Gilson Kleina foi mantido no cargo de treinador e contratações foram feitas, sendo que as principais foram do zagueiro Dedé e volante Matheus Jesus. Após 12 jogos, o desastre: o time somou nove pontos em 12 rodadas e foi rebaixada a Série A-2. Neste trajeto, Gilson Kleina foi demitido após perder o dérbi por 3 a 0 e foi substituído por Hélio dos Anjos, que trabalhou por quatro rodadas do Paulistão e não evitou o pior. Tempestade que foi reforçada na Copa do Brasil, quando o time perdeu por 1 a 0 para o Cascavel e saiu logo na primeira fase.

Na Série B, o trabalho foi dividido em duas etapas. Na primeira etapa, foram contratados jogadores como os volantes Ramon Carvalho e Fraga, os meias Wallisson, Dodô e Bruno Menezes, além do atacante Douglas Santos. Também chegaram o lateral-direito Bernardo, o lateral-esquerdo Artur, o meia Fabinho e os atacantes Danilo Gomes, Echaporã e Nicolas.

Os 19 jogos iniciais, no entanto, acenderam o sinal de alerta. O time campineiro terminou na 14ª posição com 22 pontos e próximo da zona de rebaixamento. A Ponte Preta saiu às compras e trouxe por empréstimo o zagueiro Matheus Silva junto ao Cruzeiro e o armador Elvis, que decidiu assinar com a Macaca após receber uma visita em sua residência do presidente Marco Antonio Eberlin. A reação apareceu de imediato e o time viveu momentos positivos no segundo turno, como as vitórias sobre Vasco e Guarani no estádio Moises Lucarelli. Mesmo assim, o time ficou na 11ª colocação com 27 pontos e na soma geral com 49 pontos, dois pontos atrás do rival Guarani.

Ao visitar os dados da competição fica mais fácil compreender porque a Ponte Preta não realizou o sonho do acesso. Basta dizer que no ranking dos mandantes, a Macaca conquistou apenas 31 dos 57 pontos disputados, aproveitamento de 54,39%. Como visitante, o tombo foi maior: 18 pontos em 19 partidas e 31,58% de aproveitamento. Isso não impede que o pontepretano tenha esperança de dias melhores a partir de 2023. O acesso é logo ali.

DIFICULDADES FINANCEIRAS SÃO REVELADAS PELA DIRETORIA

A Ponte Preta viveu períodos turbulentos nas partes administrativa e financeira. Diversas ações foram impetradas por ex-dirigentes para bloquear recursos do time campineiro e atrasos de salários foram enfrentados por funcionários, comissão técnica e jogadores. Cotas de televisão pela participação na Série B foram retidas e negociações foram alvo de contestação judicial.

Para reforçar o seu compromisso com a transparência, o presidente Marco Eberlin participou de reunião do Conselho Deliberativo em dezembro protocolou documento com a relação de todas recentes penhoras e bloqueios de contas do clube por conta de administrações anteriores.

Mas a atual diretoria também vive seus dramas particulares. Exemplo disso é a venda do zagueiro DG ao Red Bull Bragantino,. A Justiça do Trabalho avalia possível irregularidade na venda do zagueiro . A Ponte Preta vendeu 70% dos direitos econômicos para o Bragantino por R$ 10,5 milhões.

A primeira parcela foi paga em 5 de agosto e a segunda estava prevista para dezembro, ambas de R$ 5,25 milhões. A negociação pode chegar a R$ 12 milhões, caso metas previstas em contrato sejam atingidas. O jovem de 18 anos assinou contrato válido até julho de 2027.

O negócio, contudo, está sendo discutido judicialmente. Como a Ponte não recebeu os valores, o clube campineiro solicitou ao Bragantino que os depósitos fossem feitos diretamente para a empresa Nuvende, que tem nove tipos de atividades registradas e coloca a representação comercial como sua principal.

A Fifa, entretanto, proibiu os clubes de futebol de cederem percentuais e valores dos direitos econômicos às empresas. A medida é válida desde 2015.

Resultado: credores foram, a Justiça para questionar a Diretoria Executiva da Macaca.

A Justiça, por exemplo, já acatou as solicitações dos zagueiro Airton Tirabassi, lateral-esquerdo Fernandinho e do meia Igor Henrique. A juíza Cristiane Montenegro Rondelli ainda aplicará multa diária de R$ 10 mil caso os depósitos sejam descumpridos pelo Red Bull Bragantino.

Após a saída de Wallison para o Cruzeiro, respaldado por decisão judicial, o fato demonstrou que o buraco pode ser mais fundo.

LUCCA FAZ HISTÓRIA MAS VAI EMBORA PARA O FUTEBOL ASIÁTICO

O protagonismo dentro do gramado ficou com Lucca na Ponte Preta. Autor de 21 gols na temporada, o atleta tinha contrato com a Macaca até o final de 2023 e já tinha estabelecido como objetivo o acesso à primeira divisão estadual.

A situação mudou a partir da negociação com o futebol tailandês. Lucca aceitou a proposta e fez um acordo com a Macaca em busca de novas perspectivas na carreira.

Lucca teve uma primeira passagem pela Macaca em 2017 e anotou 24 gols. Em 2022, o atacante retornou após passagens por Corinthians, Internacional e Fluminense, além de clubes do Catar.

Caso permanecesse no elenco e conseguisse a manutenção da média de gols, Lucca poderia assumir a dianteira da lista de artilheiros da Ponte Preta neste século. Ele terminou com 45 gols e empata no ranking com Renato Cajá. A segunda colocação ficou com o ex-centroavante Washington com 59 gols e passagens na Alvinegra nos anos de 1998, e nos anos 2000 e 2002. O líder no ranking é o ex-jogador Roger, com 67 gols e com passagens nos anos 2003-2005, 2007, 2012, 2016 e em 2019-2020.

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