É sempre interessante incentivar a prática esportiva na população idosa
Médico Diógenes Machado recomenda exames periódicos para quem deseja jogar futebol após os 50 anos (Divulgação)
Todos os domingos, homens de 50 anos, em diversas categorias, participam das equipes credenciadas a participarem das competições organizadas pela Liga Independente de Futebol Região de Campinas (Linfurc). O que poucos sabem é que além de usufruírem de uma oportunidade para conviverem com amigos e desfrutarem das emoções do futebol, os 90 minutos são uma oportunidade para aumentar o crédito na preservação da saúde. “É sempre interessante incentivar a prática esportiva na população idosa. Porém, nós sabemos que os idosos devem fazer isso até como prevenção de possíveis complicações decorrentes da idade “, disse o ortopedista e traumatologista Diogenes Machado, integrante da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.
O médico alerta, entretanto, sobre a necessidade de ficar atento a alguns cenários que sempre são enfrentados por pessoas desta faixa etária, especialmente quando a decisão é a de jogar futebol aos domingos, como os atletas filiados à Linfurc. “Temos uma parcela que faz uma prática semanal, sem nenhum cuidado, sem suplementação, seja para melhoria da musculatura ou tratamento de comorbidades”, disse o médico, rápido em elogiar o contingente que segue as regras de maneira correta e disciplinada. “Idosos estão aderindo a prática esportiva com cuidado e com certa frequência. Podemos tratar até como atletas idosos”, disse.
Para quem se arrisca a uma prática sazonal do futebol, o médico alerta que, além do risco das contusões, lesões musculares e até ruptura de tensão, é preciso pensar também nos cuidados em relação aos possíveis problemas cardíacos. “Muitas vezes, esses pacientes não têm nenhum tipo de preparo físico e acabam disputando campeonatos em que a vontade de vencer fala mais alto e isso pode deixá-los exposto”, disse.
De acordo com Diógenes Machado, ao contrário do que pensam praticantes de futebol, os riscos de lesões que podem ocorrer nos gramados não são casos isolados. Os riscos são os mesmos que os idosos estão submetidos em outras modalidades esportivas e com jogadores mais jovens. “Lógico que as chances de lesão (em idosos) são maiores. Até porque a musculatura não responde ou consegue se recuperar. Muitas vezes a cabeça manda mensagem e a perna não acompanha”, disse.
O médico, que trabalha no hospital da PUC-Campinas, aconselha a todos os idosos com desejo de jogar futebol aos finais de semana que realizem uma consulta com um cardiologista. “Ele deve passar por um médico do esporte ou cardiologista para verificar a parte cardíaca e se precisa compensar alguma comorbidade como diabetes, hipertensão ou colesterol. E um acompanhamento com um ortopedista, além de fazer exercícios leves em uma academia ou outro tipo de exercício”, completou.
Em relação à saúde, os dirigentes da Linfurc tomam algumas precauções. Os jogadores são obrigados a se submeterem a exames cardiológicos antes das competições. Além disso, é preciso apresentar um teste que comprove a inexistência da Covid. O jogador ainda é obrigado a assinar um Termo de Compromisso em que ele diz que são verídicas as informações do seu real estado de saúde.
Os jogadores não são submetidos a partidas que começam com alta temperatura. A preferência é sempre por partidas que sejam iniciadas, no máximo, a partir das 09h.