clube amador

Os 54 Anos do Parque Brasília Futebol Clube

Compreender a paixão que o torcedor de futebol tem por seu clube do coração nunca foi tarefa fácil

Esportes Já
21/08/2023 às 09:11.
Atualizado em 21/08/2023 às 09:11

Parque Brasília em disputa da Liga Campineira/85 (Liga |Campineira/85)

Torcer para seu time do bairro, não é simplesmente vestir a camisa ou acompanhar os jogos da arquibancada.

Ser torcedor de um clube amador vai muito mais além. É um sentimento de posse, de pertencimento e representatividade. O Parque Brasília Futebol Clube, do bairro de mesmo nome, na periferia de Campinas, tem uma particularidade muito maior. É o clube que desperta uma paixão avassaladora nos seus torcedores e um certo sentimento de “ódio” por parte dos rivais. É o time amador mais popular da cidade e com a torcida mais fanática.

Fundado em 15 de agosto de1969, o “Tigre da Leste” completou 54 anos de vida. Uma trajetória carregada de emoção, perdas e muitas conquistas.

O primeiro título chegou somente quase 20 anos depois da fundação. “Eram tempos difícieis”, relembra José Rubens Reolon de 70 anos e um dos fundadores e ex-presidente do Parque Brasília.

“Seo Zé Rubens” mantém na memória todos os grandes momentos do clube. “Em 1969, havia duas praças de terras onde hoje está o campo. Para se ter uma ideia, nós trocamos o uniforme debaixo das árvores que tinham por aqui. Os vestiários, a arquibancada e o alambrado, só chegaram no início dos anos 80. E tudo foi construído por torcedores e associados”, se recorda.

Wallace, Bertinho, Luis, Dermival e Zé Rubens. Diretoria nos anos 80! (Divulgação)

Segundo o ex-presidente, as cores do time inicialmente eram azul e amarelo. Mas devido a proibição da Federação Paulista de Futebol (FPF), alegando não permitir que nenhum clube na época, utilizasse as mesmas cores da Seleção Brasileira, os associados decidiram trocar o azul pela cor preta, marca registrada do clube até hoje. Todos os clubes amadores do estado, era obrigado a ter registros nas Ligas Municipais e na FPF (eram chamados de “federados”).

Nos primeiros anos do Parque Brasília, os jogos eram apenas amistosos, tanto no seu campo quanto fora dele. Somente em 1983, o Tigre passou a disputar jogos oficiais da Liga Campineira de Futebol.

Com bons times montados nos anos de 1984, 1985 e principalmente em 1986, o Parque Brasília começaria à entrar no rol dos grandes times da cidade a partir do seu primeiro título do amador, em 1987, sob o comando de um dos maiores treinadores do clube, João Guedes.

O Parque que já havia ganhado títulos nas divisões de base a partir de 1984, conquistaria seu primeiro troféu contra a “poderosa” equipe da Tecnol em dois jogos finais naquele ano de 1987.

Na primeira partida fora de casa, vitória por 1 a 2. No jogo da volta, marcado para o Estádio Moisés Lucarelli, empate por 0 a 0 e fim do jejum. O título invicto no campeonato, deram destaque no cenário futebolístico campineiro, para o goleiro Joel e o jogador Ediberto.

João Guedes, Paiola e Juninho. Três dos maiores treinadores da história do Parque Brasília (Divulgação)

PIONEIROS

Além de Zé Rubens, outros nomes foram fundamentais para construir a rica trajetória do Tigre. O sr. Dernival Francisco da Cruz, de 82 anos e ainda vivo, foi fundador, ex-presidente e diretor de esportes. Continua apaixonado pelo Parque Brasília e morando no bairro. É um dos personagens mais queridos da história do time.

Nomes que fizeram do Parque Brasília, o mais temido time amador de Campinas, estão o sr. Jonas Padeiro, Moacir Conagero e José Maria Gasparoni. Personagens que deram a sua vida pelo “Tigre da Leste”. 

O ROUBO DAS TRAVES

Uma das muitas histórias que envolvem o Parque Brasília, aconteceu em 1988. Acusado de utilizar um jogador irregular na competição, o então presidente da Liga Campineira, Marco Antônio Chedid, e a sua diretoria, decidiram retirar pontos da equipe que estava invicta na competição, o que acabou rebaixando o Tigre para a segunda divisão no ano seguinte.

Revoltados, alguns torcedores do clube, na madrugada que antecedeu a final, foram a Praça de Esportes do São Bernardo, e “roubaram as traves” para impedir a disputa entre os finalistas, Tecnol (Parque das Universidades) e Unidos da Padre Anchieta.

“Essa é uma história que não gosto lembrar, mesmo sendo verídica. Eu fui contra, mas ninguém controla a paixão e a loucura de ninguém por seu time”, confessa Zé Rubens.

Na manhã do domingo, dia do grande jogo, ao chegarem para a disputa, os dois times e Liga Campineira constaram a falta das traves e imediatamente, uma força tarefa entre os dirigentes da Liga, conseguiram o empréstimo junto a Ponte Preta, de traves móveis que ficavam atrás dos gols e eram utilizadas para treinamentos.

Problema temporariamente resolvido, O Parque Brasília, com o rebaixamento, disputou a segunda divisão em 1989, conquistou o título e retornou a divisão principal do amador em 1990.

TÍTULOS

Wallace Nogueira Rocha Jr, atual treinador do Parque Brasilia, tem sua história ligada desde à infancia com o clube. Filho do ex-presidente da Liga Campineira de Futebol e ex-treinador do Parque, Wallace Nogueira Rocha, Juninho, como é conhecido, sabe bem como é representar a camisa e o bairro Parque Brasília.

“Vivi os melhores momentos da minha vida aqui. Aprendi dentro de casa, desde o meu avô, o que é ser Parque Brasília. Ganhando ou não, nunca deixarei essa paixão fora da minha vida”, se emociona Juninho.

Tagira, símbolo maior do Parque Brasília (Divulgação)

O TREINADOR, PROFUNDO CONHECEDOR DA HISTÓRIA DO TIME, ELENCA OS PRINCIPAIS TÍTULOS DO PARQUE BRASÍLIA DESDE 1987:

Amador Liga Campineira 1ª Divisão: 1987; 2010 e 2022.

Amador Liga Campineira 2ª Divisão: 1989

Campeonato Municipal - Série Ouro: 2012 e 2018

Campeonato Metropolitano: 2000 e 2016 e 2017 e 2018

Campeonato Estadual de Futebol Amador: 2005

Copa Imprensa: 1995 e 2000

Copa Kaiser: 1997

Nas categorias de Juniores (atual Sub-20), Veteranos e Masters, o Parque Brasília é soberano. São diversos títulos que engrandecem cada dia mais a sua história.

TAGIRA

Não há um torcedor campineiro que não tenha ouvido falar, ou que não tenha visto jogar em Campinas, como é o caso do atual presidente do clube. Rogério da Silva, mais conhecido como Tagira, é o grande personagem da história do clube.

Começou no dente-de-leite do clube e chegou a presidente. Artilheiro em todas as divisões, e não só pelo time do coração, como também por diversos outros clube da cidade, Tagira nunca deixou a vaidade tomar frente as suas conquistas.

“Eu conheço o Tagira desde menino. Morava em frente a minha casa. Ele e o meu filho Cesinha, que também já foi presidente do clube, cresceram juntos. É um orgulho para mim, vê-lo a frente do time que sempre amamos. Tagira é o maior símbolo do Parque Brasília”, finaliza José Rubens Reolon.

TORCIDA

O fanatismo do torcedor do Parque Brasília é nítido e explícito em atitudes e ações praticadas por eles. Muitas vezes, condenadas pela violência. Mas ser torcedor do Tigre, como afirma Zé Rubens, ‘é ser diferente de todas as outras’.

“A torcida do Parque é diferente, porque desde 1969 ela participa de toda a sua história. Na construção do campo, nas festas, nos piores momentos e nos títulos. Não tem como desassociar a torcida, os moradores do bairro e o time. O fanatismo vem da percepção da torcida que sabe que sem ela, o Parque Brasília, não existiria até hoje”, completa Zé Rubens.

E do Rio de Janeiro vem outra demonstração do amor pelo Parque. Divino de Oliveira, campineiro e que mora na cidade maravilhosa desde 2000, nunca abandonou o time do coração. Ele, que nasceu no bairro Novo Campos Elíseos, afirma ter sido amor à primeira vista.

“Quando fui assistir pela primeira vez um jogo do parque Brasilia em casa, não tive dúvidas. Vou acompanhar esse time até o fim. Hoje, venho do Rio de Janeiro para Campinas, mais para acompanhar os jogos do Parque do que visitar à minha família, diz o torcedor.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por