SAMBA E FOLIA

O futebol campineiro e seus personagens carnavalescos

Cilinho foi uma das maiores referências do Carnaval de Campinas

Esportes Já
20/02/2023 às 10:57.
Atualizado em 20/02/2023 às 10:59
Cilinho foi presidente da escola Acadêmicos de Ubirajara (Divulgação)

Cilinho foi presidente da escola Acadêmicos de Ubirajara (Divulgação)

Otacílio Pires de Camargo, o Cilinho, completaria 84 anos no último dia 9 de fevereiro. E o fato do treinador falecido em novembro de 2019 ter nascido no segundo mês do ano coincide com uma de suas paixões. Além de grande técnico, ele também era um folião e daqueles que se colocavam à frente dos blocos e escolas de samba. Personagem do futebol campineiro, Cilinho também faz parte do time que deixou sua marca no Carnaval da cidade. 

Treinador que mais vezes dirigiu a Ponte Preta na história, com 345 jogos à frente da equipe, formador de grandes times e jogadores, não só na Macaca, mas em clubes como o São Paulo, por exemplo, Cilinho era um líder. E o mesmo perfil ele exerceu no carnaval. 

“O Cilinho foi presidente de uma das grandes escolas de samba de Campinas nos anos 70, a Acadêmicos do Ubirajara”, conta Israel Moreira, sociólogo e pesquisador da história do carnaval da cidade. “Ele trazia jogadores famosos para desfilar, além de escolas do Rio de Janeiro para ensaiar aqui.” 

E a ousadia em criar esquemas diferenciados para seus times no futebol se estendia também às agremiações que comandava no carnaval. “Uma vez ele trouxe de São Paulo o famoso compositor Geraldo Filme, que compôs um samba de enredo da escola”, lembra Israel, que acrescenta à ousadia as manifestações filosóficas de Cilinho na folia, assim como era seu costume também no meio da bola. “Uma vez, a Acadêmicos do Ubirajara desfilou inteirinha de branco para simbolizar a paz. 

Coisas do Cilinho, talvez a maior referência do carnaval de Campinas entre aqueles ligados ao meio esportivo.”

(A esquerda) A Escola Unidos do Paranapanema homenageou o centenário do Guarani em 2011 no desfile no Túnel Joá Penteado; (A direita) A Escola Ponte Preta Amor Maior teve sua participação no carnaval de Campinas ()

(A esquerda) A Escola Unidos do Paranapanema homenageou o centenário do Guarani em 2011 no desfile no Túnel Joá Penteado; (A direita) A Escola Ponte Preta Amor Maior teve sua participação no carnaval de Campinas ()

OUTROS PERSONAGENS FAMOSOS 

Outro personagem do futebol campineiro com atuação no carnaval da cidade foi José Bertazolli, o Zé do Pito. Diretor da Ponte, ele incendiava a torcida pontepretana com caravanas pelo interior de São Paulo. Na folia, foi diretor da Acadêmicos de Ubirajara, comandando a escola ao lado de Cilinho.

O coronel Rodolpho Pettená, ex-presidente da Ponte, responsável pela instalação do atual sistema de iluminação do Moisés Lucarelli e fundador do Círculo Militar, foi outro com papel importante na história da festa mais popular do Brasil em Campinas. Segundo Israel, ele teve atuação decisiva para levar os desfiles à Avenida Francisco Glicério, palco das apresentações das escolas por mais de duas décadas.

Entre os boleiros, Dicá, considerado o maior jogador da Ponte de todos os tempos, chegou a ser homenageado na avenida nos anos 80 pela Império do Samba. “Era a escola do pai do Bozó, torcedor símbolo do Guarani. A sede dela era na esquina da Avenida Aquidabã com a Rua José Paulino, no Centro”, detalha o sociólogo.

GUARANI

Importante torcedor do Guarani, sócio da Guerreiros da Tribo, Liberato de Moraes, o Beiçola, foi o fundador de uma das escolas de samba mais importantes de Campinas, a Estrela D’Alva, em junho de 1950. Ainda em atividade, a azul e branca do Taquaral, que depois passou a ter sede na Vila Costa e Silva, é a maior campeã do carnaval da cidade. “Só na década de 90, foram sete títulos seguidos”, contabiliza Israel. 

E os carnavais da cidade que melhor representaram o futebol campineiro foram os de 1993 e 2011, anos em que a Rosas de Prata e Unidos do Paranapanema homenagearam Ponte Preta e Guarani, respectivamente. “O de 1993 foi na Glicério e o de 2011, em referência ao centenário do Guarani, no Túnel Joá Penteado”, conta o pesquisador, lembrando que o desfile em homenagem ao Bugre não acabou bem. “Deu briga com a torcida da Ponte”. Para variar.

O bugrino Beiçola fundou a Estrela D’Alva em 1950 (Divulgação)

O bugrino Beiçola fundou a Estrela D’Alva em 1950 (Divulgação)

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