Manuela Ganciar tem uma rotina de treinos intensa (Divulgação)
A campanha histórica realizada por Bia Haddad em Roland Garros pode ter sido uma surpresa para muitos, mas não para quem acompanha a carreira da tenista. Antes mesmo de se tornar a primeira brasileira semifinalista de um Grand Slam em 55 anos, a jogadora já era uma inspiração, principalmente para jovens esportistas. Manuela Ganciar está entre as que a admiram. Líder do ranking da Federação Paulista de Tênis na categoria juvenil, Manuela destaca em Bia o espírito de luta, aliás mesmo valor colocado em prática pela jogadora de 18 anos a cada movimento dentro de quadra.
Manuela nunca teve contato direto com Bia, mas segue os passos da atleta. “Ela é uma lutadora”, reforça a jovem jogadora, que nasceu em Americana, mora em Nova Odessa e treina na Sociedade Hípica de Campinas. E quanto fala em lutar, Manuela sabe o que diz. Desde que decidiu em fazer do tênis a sua vida, a jovem se impôs ao desafio de máxima dedicação. A rotina de treinos, por exemplo, é tão intensa que às vezes se torna difícil até um contato com a família. Nem mesmo foi possível parar e assistir aos jogos da Bia em Roland Garros. “Não deu para ver bem, mas fiquei sabendo do resultado”, diz, ao ser questionada sobre o jogo que garantiu a classificação da brasileira à semifinal.
Acompanhada por uma equipe de treinadores, Manuela se divide diariamente em trabalhos voltados para a quadra, academia e atividade física. Só um dia da semana é dedicado à prática de pilates e sessões de fisioterapia, quando há necessidade. Mesmo assim, ela faz questão de “bater uma bola” no chamado “dia de descanso”. “É para não perder o ritmo”, justifica. Paralelamente, ela também faz aulas de inglês. Em 2024, seu plano é estudar e treinar em uma universidade nos Estados Unidos em busca da profissionalização. “Infelizmente, no Brasil não há muitos torneios profissionais para investir”, lamenta.
Ao mesmo tempo que treina, Manuela trata de uma lesão no joelho, que sofreu durante sua primeira experiência no Exterior, em abril deste ano, na Bolívia. A tenista da Hípica jogou nas cidades de La Paz, Cochabamba e Santa Cruz, durante a disputa do torneio ITF J30. Ela venceu alguns jogos, mas a altitude e a lesão impediram um avanço para as fases mais decisivas. Mesmo assim, a atleta conta que valeu a experiência. “Conhecer um país diferente e outros tenistas foi importante”, relata.
Manuela jogava futebol quando criança. O tênis entrou em sua vida como um hobby. Na quadra do condomínio onde morava as aulas ministradas pelo professor Fernando Tavares de Araújo representaram os primeiros passos na modalidade. Com as aulas, vieram os torneios e uma jogada definiu de vez seu destino. Foi em uma competição na academia Tella Tênis. “Acertei uma bola no fundo e a adversária, ao tentar alcançar, bateu com as costas na grade”, lembra. Naquele jogo, veio a primeira vitória mais expressiva da carreira. Hoje, mesmo ainda no início de uma trajetória, ela já contabiliza as conquistas. “São cerca de 20 títulos no Paulista e dois no Brasileiro, um no torneio de simples e outro no de duplas. Tenho também um vice-campeonato brasileiro de duplas”. O desempenho já chama a atenção de patrocinadores. Hoje, ela recebe o apoio do Shopping ParkCity Sumaré, Huehoco do Brasil, Aposerv e Studio New Corp.
Na última semana, mesmo com o joelho lesionado, Manuela seguiria para a disputa de uma competição, a seletiva da Copa das Federações. E assim ela segue com a missão de superar os obstáculos inevitáveis no caminho, carregando o espírito de luta que caracteriza as vencedoras.
Títulos estaduais e nacionais integram o currículo de uma tenista, cuja carreira ainda está nos primeiros passos (Divulgação)
