HÁ 40 ANOS

O dia em que Joaquim Cruz despertou um gigante

Maior medalhista olímpico brasileiro, Robert Scheidt diz que o sonho de se tornar campeão surgiu depois que ele viu Joaquim Cruz em ação

Esportes Já
19/02/2024 às 08:42.
Atualizado em 19/02/2024 às 08:42

Corredor arranca para a vitória nos 800m da Olimpíada de Los Angeles: feito histórico (CBAt)

Neste 2024 completará 40 anos que o Brasil parou em frente às telas para acompanhar um dos maiores feitos da história do esporte do país. No dia 6 de agosto de 1984, Joaquim Cruz impactou os brasileiros com suas passadas largas e fez um povo celebrar ao garantir a conquista da medalha de ouro nos 800m dos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Entre os que vibraram com aquele momento estava um garoto de 11 anos, que ao assistir a corrida pela televisão foi despertado para o sonho de um dia, também, se tornar campeão. O nome desse garoto é Robert Scheidt, hoje o maior medalhista olímpico do Brasil.

Scheidt contou essa história em 2018 para o jornalista de Campinas Rafael De Marco, justamente o autor da biografia de Joaquim Cruz. “Nos encontramos e ele falou que leu o livro, gostou e revelou sua inspiração para se tornar um campeão olímpico”, lembra De Marco. O diálogo de seis anos atrás amadureceu e originou uma nova obra sobre outro gigante do esporte. O jornalista antecipou que lançará a biografia do velejador ainda neste primeiro semestre. Curiosamente, com prefácio de Joaquim Cruz, que hoje, aos 60 anos, é treinador da seleção paralímpica norte-americana. “A intenção é fazer o lançamento antes da Olimpíada de Paris”, projeta De Marco.

HÁ 40 ANOS

“Matador de Dragões, a história e filosofia de vida do campeão olímpico Joaquim Cruz”, obra lançada em 2015, define aquela corrida histórica no Memorial Coliseum de Los Angeles como um voo, segundo as próprias palavras do atleta, conta De Marco.

“Ele correu a maior parte da final em segundo lugar, diferentemente das provas eliminatórias, nas quais sempre ficou em primeiro. Então, ele teve que mudar a estratégia, nunca deixando de observar Sebastian Coe (um dos favoritos), que vinha logo atrás. Depois dos 600m, veio aquela arrancada que entrou para a história. E ele conta que, quando entrou na reta final, sentiu o corpo crescer e ‘alçar voo’. Em suas palavras, as pessoas na arquibancada se tornaram borrões no momento em que acelerava e ‘pousava’ na linha de chegada como campeão olímpico.”

Na época, Joaquim Cruz atravessava um grande momento e disputou a Olimpíada preparado e confiante. “Ele diz que foi para Los Angeles ‘buscar sua medalha’ e não disputar uma medalha”, frisa o jornalista. “Mas claro que, nesse processo, precisou manter foco, disciplina e foça mental para não deixar nenhum dragão estragar seus planos”, enfatiza. De Marco, citando um termo usado pelo próprio atleta para definir seus desafios e que está no título da obra. “Ele costumava dizer que precisava enfrentar seus dragões a cada treino para ter certeza que chegaria às provas 110% preparado. Esses dragões representavam, especialmente, o medo de falhar.”

De Marco revela ainda um fator fundamental no processo que culminou na vitória histórica: o coração. “O Joaquim estava apaixonado pela futura esposa Mary”, revela. “Ele conta que correu todas as provas em Los Angeles imaginando de que forma ela estaria o assistindo pela televisão em Eugene, no Oregon cidade onde ambos estudavam e residiam.”

A mistura de confiança, talento, preparação e paixão resultou no recorde olímpico, que perdurou por 12 anos, a medalha inédita para o atletismo brasileiro e muita inspiração. “Após a vitória de 1984, houve um boom para a corrida, mas que não foi bem aproveitado”, constata o autor. “Mas o legado é inegável, já que o atletismo competitivo foi ganhando mais respeito, profissionalismo e investimento." 

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