Matheus Mello em sua performance em Criciúma (Divulgação)
A sexta colocação em um campeonato disputado no Parque Taquaral incomodou demais o adolescente Matheus em meados dos anos de 2000. Era apenas a sua primeira competição de skate, mas o garoto, tomado pela ânsia da juventude, queria o topo. E o inconformismo representou um ponto de partida. Para estancar a frustração, ele decidiu: “quero ser o melhor”
Hoje, Matheus Mello, de 27 anos, pode dizer que, em parte, alcançou sua meta. Está entre os melhores skatistas do Brasil e participa das principais competições no país e de várias no Exterior, em algumas com resultados expressivos. Nascido em Jundiaí, ele cresceu e tem raízes em Campinas, cidade que representa por onde vai. Por aqui, no entanto, é difícil encontra-lo. “Tenho pela frente o STU, Mini Ramp Pro Attack, o MegaPark”, descreve, ao citar algumas competições das quais participará pelo Brasil afora neste ano.
Uma de suas últimas disputas foi durante a etapa de Porto Alegre da STU (Skate Total Urbe) National, na qual ficou em sexto lugar na categoria Skate Park. A participação na Olimpíada de 2024, em Paris, ainda é uma possibilidade.
Matheus conta que o skate entrou em sua vida quando ele tinha 4 anos de idade. Presente de Natal da mãe, a prancha com rodas se tornou parceira inseparável desde então. “Digo que esse presente foi a salvação da minha vida, pois eu era muito elétrico”, conta. “E era um objeto que me desafiava. Era difícil praticar e, por isso, eu insistia muito para acertar. O skate entrou mesmo para ficar.”
Em Campinas, Matheus diz que a pista montada no Parque D. Pedro Shopping foi marcante para ele. “Era a tent beach, onde pela primeira vez vi presencialmente grandes nomes do skate andando, como Sandro Dias, Lincoln Ueda e Charlie Brown, o Chorão.”
Depois, sua prática passou a ser na pista vertical do Taquaral, onde participou de sua primeira competição e se frustrou com a sexta colocação. “Depois daquele resultado, decidi levar realmente uma vida de atleta. Passei a fazer treinos funcionais e a ter horários para treinar, me alimentar e dormir. Foquei no skate e comecei a ganhar campeonatos e a viajar pelo mundo”, relata, o atleta de Campinas, que dá aulas de skate e conta com alguns patrocinadores para conseguir se manter em atividade. França, Estados Unidos e República Checa são alguns países onde já competiu.
O skatista afirma que não recorreu a nenhum profissional para orientá-lo no momento em que decidiu investir forte na carreira. Nesse contexto, ele destaca a união que a modalidade proporciona entre seus praticantes. “Recorri aos amigos mesmo”, diz. “O skate é isso, uma união. Um ajuda o outro a evoluir tanto no ‘carrinho’, quanto na vida pessoal”.
Sobre a possibilidade de disputar uma Olimpíada, Matheus diz que, se acontecer, será a realização de um sonho. “Difícil acreditar que um esporte tão marginalizado hoje faz parte do maior evento esportivo do mundo. Mas é uma realidade. Isso é ótimo”. Em relação ao futuro, só pensa em continuar andando de skate e manter esse “lifestyle” (estilo de vida).