FUTEBOL FEMININO

Mulheres elegantes com a bola nos pés

Há 23 anos, a empresária Rosemeire Bento de Sousa, de 42 anos, reúne semanalmente um grupo de 25 amigas

Esportes Já
30/01/2023 às 09:26.
Atualizado em 30/01/2023 às 11:04

Meninas de Campinas, Hortolândia e Sumaré fazem o encontro todos os sábados para fomentar a paixão pelo futebol (Beatriz Guerra)

Mulheres persistem. Não desistem. Buscam a cada dia o seu espaço. Nos últimos anos, a proliferação de campeonatos profissionais fez o futebol feminino ganhar espaço. Mas esta revolução silenciosa já foi iniciada há muito tempo. Todas as semanas, garotas de todas as idades tiram uniforme da cômoda, vestem a chuteira e declaram sua paixão pela modalidade que antes parecia um território masculino e impenetrável. 

Nada disso. Campos nas periferias ou quadras alugadas se transformam em local para que todas corram atrás da bola, marquem seus gols e vivenciem as emoções que só o futebol pode gerar no coração de cada uma.

Algumas jogadores, no entanto, podem ser consideradas pioneiras. Há 23 anos, a empresária Rosemeire Bento de Sousa, de 42 anos, reúne semanalmente um grupo de 25 amigas para fazer um ritual que antes parecia reservado aos homens: formação de times, uso de coletes coloridos e o jogo para deixar o talento aflorar. E depois, a conversa para colocar os assuntos, os desafios e as vitórias da vida em dia.

Rosimeire conta que a semente deste encontro semanal surgiu de modo informal. “( A ideia) surgiu em uma roda de bar. Nós estávamos tomando uma cerveja e começamos a falar de futebol. Era época de Copa do Mundo e comentei para formarmos um time de futebol de salão. Todas toparam e por serem garotas com idades um pouco avançadas decidimos colocar o nome de garotas fênix, e que significa surgir das cinzas”, disse a empresária, que enfatiza: os vínculos são tão fortes entre si que o time disputa campeonatos aos finais de semana. Os encontros semanais sempre são realizados em campos de futebol society localizados na região do Ouro Verde. 

E como contornar os afazeres domésticos? Se antigamente os maridos e namorados eram obstáculos para a prática do futebol, hoje é estabelecida uma parceria que deixa tudo mais leve. “Os filhos ficam com os maridos ou são levados para os jogos”, explicou Rosimeire. 

Se as praticantes experientes não arredam pé e querem sustentar a chama da paixão pelo futebol, a nova geração não fica atrás no pique e no entusiasmo. A engenheira eletricista Beatriz Marques Guerra, de 27 anos, não abre mão e junta suas amigas desde 2018 para o treinamento sagrado. Os encontros acontecem nas manhãs de sábado. Um dos espaços requisitados é um campo de futebol society do Remanso, pertencente à prefeitura de Hortolândia. O grupo, batizado de Lions Sport Clube conta com meninas de Hortolândia, Campinas e Sumaré e de todas as idades. 

De onde é gerado tanto entusiasmo? Segundo Beatriz Guerra, da própria família que nunca apresentou qualquer resquício de machismo ou preconceito. “Não tive resistência (para praticar futebol). Meu pai só teve uma filha mulher, e sempre me levava nos campos para assistir aos jogos amadores da cidade. Meu marido também me conheceu sabendo que eu amava futebol, e ele me incentiva”, disse Guerra. 

Os planos não param. Beatriz Guerra está em processo de organização de um torneio cuja meta é convidar times da região. “Futebol não é só para homem e isso também desperta o interesse das mais novas de também se profissionalizarem”, completou Guerra, sem perder a chance de abrir espaço para que outras meninas possam sonhar com uma bola no pé.

UM ALERTA PARA QUE O POTENCIAL NÃO SEJA PERDIDO

Apesar de celebrar a proliferação dos espaços para a prática do futebol para mulheres, a empresária Rosimeire Bento de Sousa enfatiza que algumas lutas ainda permanecem e não podem ser esquecidas. “Ao longo dos tempos, as mulheres driblam a falta de oportunidades e o preconceito para mostrarem seu talento e conseguirem se profissionalizar no esporte que tanto amam. O futebol para mulheres no Brasil sofre, atualmente, com problemas como falta de investimentos e patrocínio”, alertou. 

Apesar disso, ela considera que o cenário já foi pior, pois até o final da década de 1970, a prática era proibida no país. “É diante desse cenário de dificuldades que apoiadores do futebol feminino devem se posicionar na busca de novos talentos”, disse. 

“Criar uma nova geração de jogadoras é o que permitirá que esse esporte cresça ainda mais no futuro. Com os devidos incentivos, o Brasil tem condições de se consolidar como uma potência no futebol feminino”, completou.

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