Como árbitro internacional, Pacheco viajou pelos quatro cantos do mundo (Divulgação)
“Minha missão está sendo cumprida”. Foi esse o pensamento do mestre e professor Sérgio de Jesus Pacheco quando viu três alunos seus conquistarem o título mundial de taekwondo neste mês de outubro em competição disputada em Arujá com a participação de 1.400 atletas. Os campeões são frutos de um projeto social criado por ele em parceria com a Prefeitura de Campinas há seis anos. O espaço, de estrutura precária, cresceu e se tornou a Academia Fighters, com quatro unidades em Campinas e destaque em competições estaduais, nacionais e internacionais. O trabalho surgiu depois que o professor superou um câncer no pâncreas e simbolizou a sua gratidão pela cura.
“Quando me recuperei, senti que tinha um compromisso com Deus e uma dívida com a sociedade”, conta o mestre, que procurou o então secretário de Esportes e atual prefeito Dário Saadi para dar o pontapé inicial no projeto.
Pacheco tem uma vida dedicada ao esporte, que teve início aos 6 anos de idade, quando começou a praticar basquete e artes marciais com o incentivo dos pais. “Nasci em Campinas em uma comunidade, e aos 3 dias de vida fui adotado por um casal que me ofereceu o melhor. Minha mãe era juíza, meu pai, médico”, lembra. No esporte, se tornou faixa preta em karatê e taekwondo e jogador profissional de basquete. “Mas foi como árbitro internacional que conheci o mundo”, conta.
Sua experiência na atividade, que o levou a seis campeonatos mundiais de basquete com arbitragem em duas finais, o conduziu também ao universo da NBA, nos Estados Unidos. “Foi uma época em que os norte-americanos estavam em baixa nos mundiais e, depois de formarem uma grande seleção, contrataram dois árbitros para trabalhar nos treinos e expor aos atletas as regras olímpicas, que são diferentes das adotadas na NBA. Eu fui um deles”, lembra, destacando que se tornou amigo de feras, como os ídolos Jason Kid, Tim Duncan, Vince Carter, entre outros. Em 2015, no entanto, veio a má notícia.
Pacheco entre duas feras, Oscar e Magic Johnson (Divulgação)
“Fui diagnosticado com câncer no pâncreas”, lembra, relatando a batalha pela vida que se seguiu. “Fiz cirurgia, um ano de quimioterapia, 40 sessões de radioterapia, emagreci 35 quilos e quase morri cinco vezes.” Os amigos das artes marciais o levavam para as academias, mas ele conta que nem em pé conseguia ficar. “Permanecia deitado o tempo todo no tatame sem forças para nada.” A luta contra a morte, no entanto, foi vencida e hoje motivos para celebrar não faltam na vida desse ícone do esporte campineiro, que também é formado em direito e ministra palestras.
O MUNDIAL
Criador de campeões no esporte e na vida, Pacheco confirmou essa condição no último dia 15 de outubro, durante Mundial de Taekwondo da WOTF (World Taekwondo Federation). Como técnico da seleção brasileira, ele comandou os atletas Clara Pagotto, Matheus Iha e Ederson Almeida, que conquistaram o título e se garantiram no Campeonato Mundial da Coreia, em 2024. Os três fazem parte da Academia Fighters, junto com Maria Eduarda Neves, Lucas Camilo, Nicole Caetano, que também participaram do Mundial. A equipe, aliás, em competição que precedeu o Campeonato Mundial, em Arujá, no mesmo final de semana, foi campeã da Copa América, promovida pela Liga Nacional.
Sérgio de Jesus Pacheco ao lado de Paula (Divulgação)
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