A academia Mestre Pereira é referência em Campinas na prática de esgrima (Divulgação)
Entre os atletas brasileiros que se preparam em busca de uma vaga olímpica nos Jogos de Paris no ano que vem está a campineira Victoria Marchesini. Atleta de pentatlo moderno, modalidade que inclui hipismo, esgrima, natação, tiro esportivo e corrida, Victoria está empenhada na arte de manusear o florete, o sabre e a espada. A esgrima é um esporte pouco difundido no Brasil, mas tem colocado o País na rota de conquistas importantes recentemente. E a campineira de 25 anos treina pesado para ser participante desse momento favorável da modalidade.
“Ela é um monstro, treina muito”, define o professor de esgrima Maicon Servilio Pereira, fundador da academia Mestre Pereira, em Campinas, onde Victoria treina. “Tenho certeza que o momento dela está chegando. Trata-se de uma guerreira”, reforça o professor.
No último final de semana de janeiro, a atleta olímpica Nathalie Moellhausen conquistou para o Brasil o título do Grand Prix, em Doha, competição que reuniu os principais esgrimistas do ranking internacional. A medalha de ouro inédita veio depois de a brasileira vencer os seis jogos na fase final. Já na para esgrima, o Brasil é referência. Ouro na Paraolimpíada de Londres em 2012 e prata na mesma competição de 2020, no Japão, o gaúcho Jovane Guissone foi também campeão da Copa do Mundo em Eger, na Hungria, no ano passado.
CRESCIMENTO
O desempenho do Brasil tem chamado a atenção do público, que começa a descobrir esse esporte. O professor da academia Mestre Pereira, por exemplo, já busca um espaço maior para se instalar em função do aumento do número de interessados em aprender a modalidade. “Comecei o trabalho em 2019, com três alunos. Hoje, já são 51 e a procura está aumentando”, celebra Maicon Pereira. Atualmente, o espaço funciona na Vila Nogueira, próximo à Praça Arautos da Paz.
Curiosamente, o treinador afirma que o período de maior crescimento da academia foi do meio para o final da pandemia do coronavírus, quando as pessoas começavam a retomar suas atividades depois do período rigoroso de isolamento. “Quando há uma pandemia, como a que enfrentamos, o melhor esporte para se praticar é a esgrima: tem que haver distância entre os competidores e o material de proteção inclui luva e a máscara”, explica.
“XADREZ”
A especialização de Pereira em esgrima aconteceu a partir do seu envolvimento com o esporte paralímpico na Unicamp desde 2008. A oportunidade de conhecer a modalidade em cadeira de rodas abriu as portas para uma especialização na Escola de Educação Física do Exército na Urca, no Rio de Janeiro. Em seguida, o sonho em abrir uma academia se tornou realidade. No espaço, ele trabalha também com PcDs (Pessoas com Deficiência) e expõe os benefícios da esgrima para o desenvolvimento físico.
“É um esporte que trabalha coordenação motora, força, potência, velocidade, auxilia no controle corporal e fortalece a musculatura”, explica o professor, que também ministra aulas na Casa da Criança Paralítica de Campinas. Ao citar também os benefícios psíquicos, o professor classifica a esgrima como um “xadrez jogado na velocidade da luz”. “A prática envolve um jogo com o corpo e a mente, leva em conta a resolução de problemas, tomada de decisão em um espaço curto de tempo e o pensar no jogo taticamente.”
Além da busca pelo alto rendimento e desenvolvimento físico, Pereira cita outros perfis entre os participantes da academia. “Muitos pais levam seus filhos pensando na questão educacional e há também aqueles que vão para conhecer o esporte.”
Aos poucos, a esgrima vai sendo descoberta e a expectativa é de que a modalidade caia no gosto do grande público, quem sabe com uma medalha olímpica no ano que vem.
