Time sub-14 conquista resultado inédito e é vice-campeão da Norway Cup
Meninas da Hípica exibem o belo troféu conquistado na competição disputada entre 31 de julho e 7 de agosto (Divulgação)
Não foram apenas medalhas e um belo troféu que o time juvenil de futebol feminino da Sociedade Hípica trouxe ao desembarcar em Campinas na última segunda-feira. Experiência e a sensação de que grandes resultados ainda estão por vir também fizeram parte da bagagem. Afinal, o dever foi mais do que cumprido. O vice-campeonato conquistado em um dos mais tradicionais torneios da categoria na Europa coloca essas meninas como destaque na história recente da modalidade em Campinas. “Estamos falando de uma geração ótima, que trouxe um resultado inédito e de meninas que, pela pouca idade, ainda têm muito a oferecer”, comenta Caio Pinheiro, técnico do time sub-14 da Hípica, que chegou à final da Norway Cup, disputada em Oslo, na Noruega, de 31 de julho a 7 de agosto. “É o campeonato mais antigo de futebol juvenil da Europa. Neste ano, aconteceu a 51 edição”, informa Caio.
A Hípica foi uma das 44 equipes do torneio e obteve seis vitórias e apenas uma derrota, que aconteceu justamente na final. Depois de ganhar os três jogos da primeira fase, o time avançou à etapa eliminatória e emoção não faltou nos duelos decisivos, conta Caio.
“Ganhamos as oitavas de final na prorrogação com um golden gol. Pelas quartas de final, passamos nos pênaltis. Na semi, vencemos por 2 a 0 a fortíssima e tradicional equipe do Molden FK, por onde já passou o atacante Haaland (do Manchester City). Já na final, ficamos no 0 a 0 contra o Syril/Balestrand e perdemos o título na prorrogação ao levamos o golden gol”, lembra. Segundo o treinador, a Hípica foi a única representante do continente americano na disputa, que, além de times noruegueses, teve ainda agremiações asiáticas e africanas.
Para Caio, o resultado reflete a boa preparação e a condição técnica das meninas. “A maioria delas treina comigo desde os 9 anos de idade”, justifica. A surpresa positiva, de acordo com ele, foi a resiliência e o controle emocional demonstrados pelas jogadoras, mesmo com pouca idade. O treinador destaca ainda a energia das meninas durante a estadia. “Não faltou música, dança e felicidade. Elas deixavam fãs por onde passavam.”
Formado em Educação Física, Caio, de 32 anos, conta que fez estágio na Hípica em 2014 quando o futebol feminino do clube tinha apenas três jogadoras. Hoje, são 50, na faixa de 8 a 17 anos. Entre os títulos já conquistados estão o da Copa Floripa Sub-15 em 2016 e a Taça Band deste ano. No ano passado, o clube ficou em 4 lugar no sub-16 da Norway Cup, e em 2017 disputou a Gothia Cup e a Dana cup, na Suécia e Dinamarca, respectivamente, também pela categoria sub-16.
O técnico diz que as viagens já proporcionaram intercâmbios, com algumas meninas do clube integradas em faculdades e times nos Estados Unidos e Canadá. Sobre a atual equipe, ele acredita que muitas garotas podem “chegar longe”.
TRAJETÓRIA
Há sete anos no comando do futebol feminino da Hípica, Caio chegou a jogar profissionalmente no Guarani-MG, mas preferiu investir na carreira acadêmica. Em 2015, trabalhou no Chute Inicial, escola oficial do Corinthians. Ao comparar o futebol masculino e feminino, diz que as mulheres são mais unidas.
Na Hípica, elogia o comprometimento das meninas, que treinam às segundas e quartas-feiras das 17h30 às 19h30. O time, diz, é 90% formado por sócias do clube. As que vem de fora, passam por teste e, quando aprovadas, são incorporadas. Ao falar de seu método de trabalho, Caio diz ser adepto da mescla de duas linhas. “Aplico treinamentos analíticos, com bastante repetições de fundamentos básicos do futebol, e também insisto nos ‘jogos reduzidos’, o famoso tiki taka do Barcelona”.
Sobre o crescimento do futebol feminino no Brasil, elogia a melhora nas organizações dos campeonatos, da remuneração das jogadoras e no investimento nas categorias de base, mas acredita que a modalidade no país ainda tem um “longo caminho a percorrer”. Na seleção brasileira, defende a permanência da técnica Pia Sundhage por “pelo menos mais quatro anos.”.