Glauciene e Bruno conquistaram resultados expressivos na 1ª etapa nacional do Circuito Loterias Caixa Brasil de Natação em maio
Bruno faz parte da seleção brasileira de jovens (Divulgação)
A 1ª etapa nacional do Circuito Loterias Caixa Brasil de Natação, que aconteceu entre 16 e 18 de maio, em São Paulo, foi especial para Glauciene Martino Ribeiro, de 52 anos, e Bruno Martino Ribeiro, de 19. Atletas da Associação Paralímpica de Campinas (APC), mãe e filho alcançaram, na competição disputada no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, marcas expressivas. O jovem foi campeão nos 100m borboleta com o tempo de 1.09:07 na categoria deficiência intelectual (S14) e a experiente nadadora ficou com o vice nos 100m medley (4.19:30) entre deficientes físicos (S4). Os resultados consolidam o recomeço dos dois em Campinas para onde se mudaram no início do ano depois de um drama familiar e uma batalha difícil pela sobrevivência em função de uma rara doença que afeta Glauciene.
“Agora Campinas é nossa casa”, celebra a nadadora. “Fomos muito bem acolhidos na APC. Nos sentimos valorizados e aqui há profissionais experientes que nos ajudam. Precisávamos recomeçar.” Luiz Marcelo Ribeiro da Luz, gerente de projetos da associação, comemora o fato de ambos terem chegado à melhor marca de suas vidas em apenas quatro meses de treinamento em Campinas. Glauciene também conseguiu tempos inéditos nos 50m costas, no qual ficou em sétimo, com 1.25:87, e nos 50m peito, que concluiu em 1.23:67, ficando em quarto lugar. “São resultados animadores”, define Da Luz.
Mãe e filho chegaram em Campinas em janeiro. Antes, residiam em Vitória-ES, cidade que foi o destino de ambos depois de Glauciene perder o marido, vítima de covid-19, em 2022. Na época, a família morava em Bauru. “Ficamos completamente perdidos”, lembra a nadadora, que conta com a ajuda de Bruno em sua rotina. Ela tem porfiria intermitente aguda, uma patologia rara que afeta o sistema nervoso e é degenerativa.
“Perdi o movimento das pernas, não levanto mais o braço direito e o braço esquerdo já está ficando comprometido em termos de força”, diz ela, que também não controla mais o tronco e tem lesão na cervical. As crises neurológicas, como alucinações e confusões mentais, que são sintomas da doença, Glauciene diz não ter desde dezembro.
Atleta de alto rendimento no passado e praticante de saltos ornamentais, dança e ginástica olímpica, a nadadora conta que foi diagnosticada com a patologia entre 1997 e 1998. Hoje, em Campinas, ela vê uma possibilidade maior de tratamento em razão das tecnologias desenvolvidas pela Unicamp e pelo fato de, na cidade, ter o Porfiria Brasil, o único grupo de apoio ligado à doença no país.
Quem também está gostando da cidade é Bruno. “Fui campeão brasileiro de 2018 até 2022 e depois parei. Agora, voltei a treinar e já fui campeão brasileiro novamente. Sinto que estou desenvolvendo bem. Não esperava bater essa meta tão rapidamente”, celebra o nadador, que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) e pratica natação desde os 4 anos de idade. Ele integra a seleção brasileira de jovens do Comitê Paralímpico. Na competição disputada em São Paulo, além do título nos 10m borboleta, o nadador ainda alcançou o vice no nado peito, com o tempo de 1.17:14.
Uma das atletas mais antigas da APC e que já esteve entre as melhores do país, Gisele do Nascimento Pacheco também representou Campinas na etapa. Ela tem deficiência visual. Na classificação geral, a associação ficou na 16ª colocação entre 51 equipes participantes.
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