Umberto Louzer: “Quando chegamos no estádio, vimos o ônibus cercado por mulheres e crianças chorando de emoção. Não poderíamos decepciona-los. Aquilo mexeu com a gente.” (Thomaz Marostegan/Guarani FC)
O técnico do Guarani Umberto Louzer costuma dizer nas entrevistas coletivas após os jogos que “a próxima partida é a nossa final de Copa do Mundo”. E foi esse espírito de decisão que a equipe levou a campo no Dérbi 206, sábado à noite, no Brinco de Ouro. A vitória por 1 a 0 após uma semana de preparação classificada pelo comandante como “pesada” representou uma mistura de alegria e alívio. Porém, muito mais do que isso. “Foi marcante. Posso dizer que hoje é um dos dias mais felizes da minha carreira”, falou sábado à noite, logo depois do clássico, quando os fogos ainda ecoavam no estádio.
Foi a primeira vitória de Louzer em um Dérbi após três participações, uma como jogador e as outras duas na condição de técnico. Como atleta, ele participou de um clássico que terminou empatado por 2 a 2. Depois, no cargo de treinador, perdeu no Brinco por 3 a 2 e empatou no Moisés Lucarelli por 0 a 0, ambos pela Série B do Campeonato Brasileiro de 2018. A derrota, lembra, deixou uma ferida. “Foi o dia mais triste da minha vida”, conta. “Depois daquela temporada, saí do Guarani e conquistei títulos e marcas importantes em outros clubes e, agora, essa vitória entra como um dos fatos marcantes na minha curta trajetória.”
Formado no Guarani, Louzer sabe do peso de um Dérbi. “É uma atmosfera diferente, a cidade toda se mobiliza e não poderíamos deixar de nos mobilizar também”, comentou. Para ele, a equipe começou a ganhar o jogo na reapresentação do elenco na última segunda-feira, após o empate por 1 a 1 diante do Sampaio Corrêa. “Ali senti uma segurança enorme quando os jogadores se comprometeram e se fecharam em torno de um propósito”, comentou.
A semana de preparação foi marcada por muita conversa, revelou Louzer. “A mente potencializa a parte técnica, física e tática”, justificou. “Precisávamos fazer uma preparação diferente, pois trata-se de um jogo muito estudado. A entrega tinha que ser total, porém não poderíamos entrar na “pilha” da partida, com o risco de perder um atleta machucado ou expulso. O equilíbrio teria que nortear nossa conduta e trabalhamos muito esse aspecto com os atletas.”
Dentro de campo, três elementos sintetizaram a força da equipe. O primeiro, chama-se Bruno José, autor do golaço que garantiu a vitória. Aos 41 do primeiro tempo, ele dominou na entrada da área, puxou a bola para o pé direito e chutou por cobertura. A bola bateu no travessão antes de morrer no fundo da rede. “O Bruno é alma o tempo inteiro”, definiu Louzer. “Um jogador que se entrega dentro de campo e vai ao seu limite.”
Quando o técnico retornou ao Brinco nesta temporada, Bruno José vinha sendo criticado pela falta de gols e foi alvo de um trabalho especial. “Trabalhamos com ele as finalizações e o preenchimento de área. O atleta acreditou que poderia aumentar o seu índice de gols e agora está sendo premiado”, avaliou o comandante.
O segundo elemento de destaque do time na partida foi a capacidade de se defender em um gramado encharcado pela chuva e diante de um adversário que se lançou à frente em busca do empate. “Mostramos maturidade numa partida que exigiu bastante e de intenso desgaste”, enalteceu Louzer, sem deixar de destacar o terceiro pilar do triunfo: a torcida. “Nosso torcedor nos empurrou do início ao fim e nos ajudou muito. Quando chegamos no estádio, vimos o ônibus cercado por mulheres e crianças chorando de emoção. Não poderíamos decepcionalos. Aquilo mexeu com a gente.”
DE VOLTA A CAMPO NESTA TERÇA-FEIRA
A vitória no Dérbi 206 coloca o Guarani de vez na luta pelo acesso. Com 44 pontos, a equipe colou no G4 na tabela da Série B do Campeonato Brasileiro. Mas a data do próximo desafio nem oferece margem para muita comemoração. O Bugre já volta a campo nesta terça-feira (5) para enfrentar a Chapecoense, às 21h30, em Santa Catarina, pela 27ª rodada. O adversário luta contra o rebaixamento, mas está em evolução: não perde há três partidas.
