HISTÓRIA

Joca, uma lenda no Brinco: 58 anos dedicados ao Bugre

Após sofrer dois AVCs e um infarto, Joca está recuperado, frequenta os jogos e relembra histórias

Esportes Já
13/03/2023 às 09:57.
Atualizado em 13/03/2023 às 09:57
Joca ao lado de Djalminha, Amoroso e Luizão, famoso trio de ataque do Guarani nos anos 90 (Divulgação)

Joca ao lado de Djalminha, Amoroso e Luizão, famoso trio de ataque do Guarani nos anos 90 (Divulgação)

Participar ativamente da história de um clube tradicional de futebol por quase 60 anos é uma conquista para poucos. E no Guarani, um personagem pode dizer que teve esse privilégio. Os 58 anos de dedicação ao Bugre só foram interrompidos por causa de problemas de saúde. Mas Jorge Corrêa da Conceição, o Joca, ainda faz questão de sentar em sua cadeira na vitalícia nos jogos do Brinco de Ouro. 

Ex-lateral-direito, ex-volante e ex-administrador do clube em várias modalidades, Joca foi uma espécie de “faz-tudo” no Brinco. Hoje, com 82 anos, completados no último dia 1 de janeiro, ele vive para a esposa, filhos e netos e se orgulha de sua trajetória no Guarani. Entre as homenagens, Joca destaca a que recebeu da Câmara Municipal de Campinas, o Diploma de Mérito Esportivo Sérgio José Salvucci. 

A memória, ainda abalada em função da idade e dos problemas de saúde que enfrentou, não lhe permite contar as inúmeras histórias que viveu dentro do Brinco. Mas não o impede de relembrar grandes times, jogadores, diretores e presidentes que passaram diante de seus olhos, como ele conta nesta entrevista ao Esportes Já. 

Esportes Já - Como está sua saúde? 

Joca - Tive um infarto, dois AVCs (Acidente Vascular Cerebral), não falava e tive paralisia parcial do lado direito do rosto. Então, tive que me afastar do Guarani em 2018 para me tratar. Hoje, graças a Deus e à Nossa Senhora Aparecida estou bem, só com poucas sequelas na fala. Nossa Senhora me curou. 

Como foi que você começou a sua trajetória no Guarani? 

Em 1960, o presidente Jayme Silva me levou para o time juvenil. Fui registrado e passei a jogar também nos aspirantes. Fazíamos as preliminares dos jogos principais. Joguei por três anos. Depois, me formei em contabilidade e passei a ser contador do Guarani. Fazia balanço e previsões orçamentárias. Participava também das reuniões do conselho deliberativo, conselho consultivo, diretoria executiva, etc. 

Quais os demais cargos que você exerceu no Guarani? 

Exerci o cargo de administrador geral de esportes, abrangendo todo esporte olímpico, como vôlei, atletismo e natação. Posteriormente, fiquei como administrador do futebol, tanto profissional como amador. Fazia as inscrições, registro de atletas e organizava viagens e logísticas, entre outras coisas.

E as histórias curiosas dentro do clube? Há muitas? 

Com o Beto Zini tivemos várias histórias. Quando ele queria um jogador, fazia de tudo para trazê-lo. Uma vez ele queria o Jair, quarto zagueiro do América de Rio Preto. Para não perder o negócio, fretou um jatinho e fomos a Rio Preto. Lá, pegamos o atleta e fomos para o Rio de Janeiro, já que o passe pertencia ao Flamengo. Acertamos a documentação e rumamos direto para São Paulo, onde, na Federação Paulista, o atleta foi registrado. Em seguida, voltamos para Campinas. Tudo num dia só. 

De todos os presidentes do clube, quem foi o melhor? 

Difícil citar um só. Jayme Silva, Ricardo Chuffi, que foi campeão brasileiro de 1978, Luiz Roberto Zini, Antônio Tavares Junior. Todos esses foram grandes presidentes. 

E qual o melhor que você viu jogar com a camisa do Guarani? 

Têm vários: Tião Macalé, Cabrita, Júlio César, Dimas, Zenon, Careca, Vilalobos, Flamarion, Babá, Américo Murolo, Sidnei, Oswaldo Cunha, Djalminha, Amoroso, Luizão, Fumagalli, entre outros. O plantel, destaco, sem dúvida, o de 1978. 

Você também foi árbitro? 

Sim. Fiz direito desportivo na Puc e fui árbitro da Federação Paulista de Futebol por 2 anos. Era o tempo do Armando Marques, Romualdo Arppi Filho, entre outros grandes árbitros. 

Fale da sua família e da sua frequência aos jogos no Brinco. O coração aguenta? 

Sou casado há 58 anos e tenho três filhos e quatro netos. Nas partidas no Brinco eu vou e o coração tem que aguentar

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