O gramado do Brinco de Ouro é considerado referência no futebol brasileiro hoje (Raphael Silvestre/Guarani FC)
Depois de o Palmeiras golear o Cuiabá por 5 a 0, sábado à noite, no Brinco de Ouro, o técnico Abel Ferreira rasgou elogios ao gramado do estádio do Guarani. “É top, top, top”, afirmou o português. “Queria que o futebol brasileiro tivesse pelo menos 50% dos gramados iguais a esse. Nos ajudou muito durante o jogo”, completou. O Palmeiras foi o mandante da partida válida pela 24ª da Série A do Campeonato Brasileiro no Brinco porque o Allianz Parque recebeu no mesmo dia o show da banda Natiruts.
“Sou suspeito para falar, mas o Abel tem razão, é top”, opinou Sérgio do Prado, que há dez anos é gerente administrativo do Guarani e recebeu a missão de cuidar do gramado a partir de 2021, na gestão de Ricardo Moisés. Ao clube, ele trouxe a experiência de quem exercia a mesma tarefa no Palmeiras entre 2009 e 2011. “A qualidade do gramado é resultado de uma parceria que temos com uma empresa especializada. Com ela, aliamos tecnologia e mão de obra”, afirmou Sérgio do Prado, que cita como diferencial no Guarani o trabalho “quadruplicado”, uma vez que o mesmo piso é utilizado para treinos e jogos. “É uma verdadeira luta de boxe”, comparou.
A grama do Brinco é a ryegrass, também conhecida como azevém, desenvolvida no Colorado, nos Estados Unidos. Ela também é chamada de grama de inverno. “Ela é fina, meiga, e por isso precisa de um cuidado especial. É a mesma utilizada no futebol europeu. A diferença é que lá, os times utilizam o campo apenas para os jogos”, destacou o gerente. Para manter o piso do Brinco em bom estado, o trabalho passa por aplicações diferenciadas de adubação, hormônios e plantio.
“O padrão na adubação desse tipo de gramado é utilizar 300kg de material por mês. No Brinco, aplicamos 100kg por semana”, contou. Após cada treino e jogo, a tarefa dos funcionários é “tapar os buracos”. “As sementes ficam pré-germinando em água por cinco dias antes de serem plantadas e em três dias já frutificam”, explicou Sérgio do Prado. Em períodos de altas temperaturas, o piso é regado cinco vezes a cada 24h para não ser afetado. Entre setembro e outubro, a grama de inverno morre e dá espaço para a bermuda, cuja camada fica na parte inferior “dormindo”, acrescentou Do Prado, lembrando que a mudança altera a forma de manutenção. “A grama bermuda é mais grossa”, justificou. “Duas vezes por ano realizamos um corte vertical no qual quatro toneladas de grama são retiradas”, revelou. Ele também lembrou que o controle de pragas e as perfurações no campo integram as ações cotidianas.
O superintendente executivo do Guarani, Marcelo Tasso, disse que a grama bermuda atual foi plantada para receber a Nigéria durante a Copa do Mundo de 2014 e até 2025 ela será trocada. Tasso afirmou que a preocupação com a qualidade do gramado do Brinco vem desde quando o clube subiu para a Série B, em 2016.
“Nos primeiros anos de Série B estávamos abaixo das condições ideais de jogo e trabalhamos para chegar à média dos outros estádios. Hoje temos vários relatos de jogadores e técnicos de outros clubes que atestam a qualidade do gramado.”
O superintendente lembrou que a primeira medida adotada para o aprimoramento do piso foi a compra de um trator exclusivo para o campo do Brinco. “Depois, passamos a adquirir grama de inverno importada dos Estados Unidos e fechamos parceria com uma empresa especializada, que nos oferece consultoria e auxílio na manutenção.”
Marcelo Tasso reforçou que o clube tem hoje três funcionários que atuam exclusivamente no cuidado do campo. O trabalho de irrigação também foi aprimorado, segundo Tasso. “Passamos a canalizar a água da chuva para o campo, onde foi instalada mais uma caixa d’água para armazenamento”, concluiu. Segundo o superintendente, o custo com os cuidados do gramado do Brinco gira em torno de R$ 300 mil a R$ 400 mil por ano.
TIME
O Guarani aguarda hoje um posicionamento da CBF sobre a nova data da partida contra o Botafogo-SP. O duelo, válido pela 23ª rodada da Série B, estava marcado para acontecer ontem, no Estádio Santa Cruz, mas foi adiado em função da onda de queimadas na região de Ribeirão Preto. Um decreto municipal suspendeu as atividades esportivas na cidade no final de semana.
Por enquanto, o Guarani somente volta a campo na terça-feira da próxima semana, 3 de setembro, quando recebe o Coritiba, às 21h30. A equipe de Campinas ocupa a lanterna da Série B, com 18 pontos, mas está invicta há três jogos, com duas vitórias e um empate. Já o Botafogo, com 26 pontos, briga para se afastar da zona de rebaixamento.
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