Academia Borges completa 80 anos neste 2023 e consolida dinastia
Rafael Borges, de 43 anos, ao lado do pai Odair (Arquivo da família)
Funcionário da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, José Almeida Borges era também um apaixonado por lutas. E por essa paixão, lutou. Tanto que as limitações de sua época não o impediram de correr em busca de quem pudesse lhe orientar. Fez luta livre e conseguiu se especializar em judô e jiu-jítsu. O empenho o levou a fundar a primeira agremiação de luta em Campinas. Neste 2023, a Academia Borges completa 80 anos de existência.
“Tudo começou em 1943, quando o Regatas (Clube Campineiro de Regatas e Natação) cedeu um barracão, onde as aulas começaram a ser ministradas”, conta Odair Borges, filho de José Almeida e segundo integrante de uma geração de lutadores e esportistas que se estende até os dias de hoje, com seus filhos e netos.
Iniciado na luta com apenas 3 anos de idade pelo pai, Odair conta de que forma a academia se desenvolveu. “Do Regatas, passou a funcionar no Clube Atlético Campinas, que na época era na rua Ferreira Penteado, perto do Viaduto Cury (Miguel Vicente Cury)”, diz. Hoje, o CAC, tradicional clube de boxe da cidade, está na Rua Dr. Ricardo, próximo à antiga Rodoviária. “Depois, houve uma mudança para um prédio alugado, e já há 55 anos estamos na Rua Álvares Machado.”
Família Borges chega à quarta geração de lutadores (Arquivo da família)
Um dos nomes importantes na academia foi o de Shigueishi Yoshima, um engenheiro químico, faixa preta em judô. “Era um japonês que meu pai conheceu por meio de um aluno e foi busca-lo na fazenda Tozan, aqui na região de Campinas, onde ele trabalhava”, conta Odair. “Suas aulas eram mais pedagógicas, fundamentadas no ensino japonês. Foi ele quem me aprovou no exame para a faixa preta quando eu tinha 17 anos”, lembra. Já no jiujítsu, José Almeida iniciou com George Gracie e se aperfeiçoou com Pedro Hemetério, famoso e exímio lutador, aluno de Hélio Gracie. O fundador da Academia Borges morreu em 1995, aos 75 anos, e passou o bastão para o filho, que não decepcionou.
Hoje, com 76 anos, Odair segue ministrando aulas, depois de uma carreira vencedora que o fez chegar à seleção brasileira. Seu currículo como técnico é uma lista interminável de conquistas, entre as quais a de tricampeão campeão mundial de jiu-jítsu. “Na academia, já formamos 76 faixas pretas”, contabiliza. “Tivemos, além de mim, mais dois atletas na seleção brasileira de judô: Marcelo Figueiredo, vice-campeão mundial e medalha de bronze nos Jogos Pan-americanos, e Guimel Ciabattari. No jiu-jítsu, tivemos resultados internacionais com Rafael Borges, Marcelo Figueiredo e Eduardo Figueiredo”, lembra, acrescentando que a família hoje também tem uma academia em Barão Geraldo, com espaços também para natação e musculação.
E a dinastia de atletas promete se estender por muito mais tempo. Além de ser faixa preta em judô e jiu-jítsu, Rafael Borges, filho de Odair, de 43 anos, fez wrestling (greco-romana), modalidade na qual chegou a disputar o campeonato mundial pela seleção brasileira. Felipe, irmão de Rafael, de 46, foi nadador, e os netos (Patrícia, 11; Murilo, 11; Eduardo, 9 e Bernardo, 9) também estão envolvidos com luta e natação. “A Patrícia estreou no judô em competição realizada nesse mês (junho) no Taquaral. Foi uma competição em minha homenagem denominada troféu Odair Borges.”