Empenho que faz a diferença

Enry e Pedro têm 8 anos de idade e são destaques do Tozan nas competições de T-Bol, a categoria para iniciantes do beisebol. Ambos representam a força do projeto social mantido pelo clube campineiro na região do Ouro Verde, que envolve mais de 500 crianças entre 4 e 14 anos. No entanto, é a vontade desses jovens em treinar e competir que motivam o prosseguimento das ações. A falta de recursos tem sido um obstáculo para a sequência das atividades, que acontecem no Bosque dos Cambarás, no Dic 5, e entre alunos de uma escola local.

A professora e responsável pelo projeto, Neusa Barbosa Delfino, explica que as aulas de beisebol na área foram introduzidas há cerca de três anos por meio dos recursos provenientes do Fundo de Investimentos Esportivos de Campinas (Fiec). No entanto, neste 2023, o Tozan não conseguiu renovar a parceria com a Prefeitura, que garantia praticamente 100% da gestão do projeto. E para não paralisar as atividades, o jeito é improvisar.

“Estamos nos sustentando com doações e promoção de rifas e brechós”, diz Neusa, enfatizando que os custos mais elevados são referentes às participações nas competições. “Procuramos não deixar faltar nada do que vinha sendo oferecido, mas agora estamos precisando correr atrás”, detalha.

E apesar das limitações, o número de crianças nas atividades aumentou neste mês, afirma a professora. “No último dia 1 de julho, houve um evento na Praça da Juventude no Dic 5, onde apresentamos o beisebol. Muitas crianças se interessaram e estão frequentando as aulas. Houve um acréscimo de 15 alunos mais ou menos.”

As dificuldades são reforçadas pela deficiência na estrutura física do local de treinos. O pedido de instalação de um alambrado ao redor da área do Bosque dos Cambarás onde acontecem as aulas chegou a ser protocolado na Prefeitura em novembro de 2022 e não houve resposta, segundo Neusa. “Encaminhamos o documento à Secretaria de Esportes e Lazer, que fez o direcionamento à Secretaria de Serviços Públicos. Precisamos desse alambrado, pois estamos perdendo muitas bolinhas, que estão caindo no córrego”, diz. A construção de um banheiro e de uma rede de água mais próximos também já chegou a ser solicitado. “Os alunos precisam percorrer mais ou menos 800m metros para usar um banheiro e uma torneira, que ficam muito longe.” 

A professora diz ainda que o almoço solidário, que acontecia a cada 15 dias entre os participantes do projeto, foi comprometido em função de uma determinação da coordenação do Bosque. “Não há mais permissão para cozinharmos no local. Estamos levando marmitex.” 

Procurado pela reportagem, o Departamento de Parques e Jardins informou que irá avaliar a possibilidade de instalação do alambrado. Sobre o almoço solidário, informou que o fogão e geladeira instalados no local ficam no escritório e são para uso dos funcionários. Por segurança, foi solicitado que os frequentadores não utilizem esses equipamentos.

PARCERIAS

Algumas parcerias têm amenizado as adversidades. Recentemente, por exemplo, uma equipe norte-americana doou materiais esportivos para o Tozan e uma comitiva formada por dirigentes e técnicos japoneses realizaram uma clínica no clube. Hoje, um treinador do Japão está em Campinas, onde permanecerá por dois anos trabalhando no aperfeiçoamento de técnicos, professores e alunos.

Enquanto isso, Enry, Pedro, entre outros jovens aspirantes estimulam a continuidade das atividades na região do Ouro Verde. Neste último final de semana, a dupla de “gigantes”, como classifica a professora Neusa, participou na sede do Tozan, no Village Campinas, do 5º Festival de Férias T-Bol Beisebol. Cerca de outras 150 crianças, incluindo integrantes de equipes de fora da cidade, estiveram presentes no evento.