Sediada na região do Campo Belo, equipe quer surpreender e chegar nas fases decisivas
União é a marca principal do Cruzeirinho. A intenção da Comissão Técnica é transferir essa característica do cotidiano para os gramados do futebol amador de Campinas (Divulgação)
Quando o mês de setembro revelou a divisão das equipes da Série Ouro A do Futebol Amador de Campinas, o Grupo 01 parecia destinado a ser monopolizado pela tradição do Flamengo do Jardim Santa Mônica e também pela Águia Vila Boa Vista, atual campeão da competição. Mas o Cruzeirinho do Jardim Campo Belo empreendeu uma arrancada que já coloca a equipe como uma das postulantes a uma das quatro vagas para as fases decisivas.
Sem alarde ou escândalo, a equipe traçou uma estratégia de trabalho que derrubou todos os conceitos reinantes no futebol amador campineiro. Ao invés de ir de maneira alucinada ao mercado, o técnico Fernando Novaes decidiu trabalhar pela manutenção de uma base para adquirir entrosamento e assimilação do sistema tático. Outro ponto definido foi a possibilidade de recrutar boa parte do elenco nas redondezas no Jardim Campo Belo. Na etapa seguinte, outros jogadores residentes em outras cidades da Região Metropolitana de Campinas foram contratados.
O processo não foi simples. Com a presença da equipe da Família Campo Belo na mesma divisão e grupo, os dirigentes do Cruzeirinho saíram a campo para assegurar os principais valores. “Por enquanto temos muita entrega da molecada nos jogos e o grupo está fechado. E tudo sem vaidade”, comemorou o técnico Fernando Novaes.
Segundo ele, foi possível construir um grupo com 70% residente na região do Campo Belo e outros jogadores oriundos da região do Padre Anchieta e de outras cidades da Região Metropolitana de Campinas. Os frutos já estão sendo colhidos, com triunfos na parte inicial da competição e a disputa de uma partida em condições iguais com o Flamengo do Jardim Santa Mônica que terminou com o placar de 1 a 1 e com o oponente celebrando o empate obtido no último minuto.
Mesmo assim, o treinador do Cruzeirinho admite as dificuldades de superar as adversidades geradas pelo poderio econômico dos concorrentes. “É preciso ter jogo de cintura. Além disso, temos muitos campeonatos em Campinas e muitos nem se preocupam com o nível da competição”, lamentou o treinador.
Anteriormente, ele dizia que o planejamento era mais fácil de ser aplicado pelo fato de que existia apenas a Copa Ouro Verde, as divisões do futebol amador e a Copa Metropolitana, que recebia concorrentes de outros municípios. “Agora todo domingo tem uma final de campeonato”, completou.
Segundo ele, nem a flexibilidade anunciada pela Secretaria Municipal de Esportes, que permitiu a inscrição de 28 jogadores por equipe, resolveu o quadro caótico reinante no futebol campineiro. Um quadro gerado, segundo Fernando Novaes por parte dos jogadores que aceitam propostas para atuar simultaneamente por dois ou mais equipes. Resultado: as equipes precisam lidar com grande número de desfalques. “Tem gente que oferece R$ 300 por parte e encaminha uma quantia de R$ 500 para assegurar a assinatura (do contrato)”, relatou o técnico. “Já aconteceu de atletas atuarem o primeiro tempo por um time e depois saem para defender uma outra equipe em outra cidade no mesmo dia”, lamentou Fernando Novaes, que relata ainda a rotina vivida por todos os integrantes da principal divisão do futebol amador campineiro, que disputam as partidas com um plantel de, no máximo, 20 jogadores.
Orgulhoso da história produzida pelo Cruzeirinho, Fernando Novaes não desconhece os novos obstáculos que devem surgir caso a equipe confirme a passagem para a próxima fase. Equipes com presença de pessoas que já passaram pelo futebol profissional e com estrutura para fazer a diferença na hora decisiva é algo que não sai de sua mente. “Por isso que desejo inscrever jogadores aqui da região e coloco quatro ou cinco jogadores com um perfil de operário e que não vão deixar o time na mão”, disse Fernando Novaes. “Mas somos um time jovem e que explora a velocidade. Mas também o sistema defensivo, na média, tem jogado com o sangue no olho”, elogiou Fernando Novaes, cujo sonho é terminar com a melhor colocação possível para usufruir de vantagens nas oitavas, quartas de final e na semifinal antes da decisão marcada para dezembro.
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