Hoje especializado em administração hospitalar e em vendas, o ex-jogador foi também um observador atento da pandemia do Coronavírus
Edson Magalhães ao lado da esposa, a infectologista Rachel Stuchi: o ex-zagueiro presencia fatos históricos em qualquer área (Arquivo Pessoal)
Existem pessoas que conseguem encontrar-se na hora certa, no lugar certo e com as pessoas adequadas. Zagueiro com passagens em diversos clubes brasileiros, Edson Magalhães foi uma testemunha de um instante único, que foi a conquista do título brasileiro pelo Guarani em 1978, além de participar de campanhas exitosas do alviverde campineiro, como o terceiro lugar na Taça de Ouro de 1982.
Sua trajetória começou na Portuguesa após chamar atenção na competição Dente de Leite, torneio realizado por Roberto Petri e Eli Coimbra e transmitido pela Rede Tupi na década de 1970. Foi o suficiente para abrir as portas para atuar na Portuguesa e posteriormente conhecer o técnico José Teixeira, que com um recado manuscrito em um cartão lhe encaminhou para Adaílton Ladeira, técnico que atuava no Guarani nas categorias de base. “Vim e fiz teste no Guarani. Eu tinha idade para disputar o infantil. Daí fui para a mão do Paulo Leão”, disse o ex-zagueiro. Junto com ele, estava um garoto promissor que anos depois reforçou a rival Ponte Preta. Seu nome: Osvaldo. “Naquela época, eu caminhava com ele desde a rodoviária até o Guarani. Depois, o clube dava dinheiro para a volta”, disse.
O tempo passava e as oportunidades se abriam. E uma delas aconteceu quando Edson Magalhães foi um dos promovidos das categorias de base em junho de 1978. Não entrava em campo, mas fez parte da estrutura que celebrou o título Brasileiro. “Naquela época o departamento era integrado, pois moravam juntos o juvenil e o profissional”, disse o ex-zagueiro, que não cansa de elogiar o técnico campeão Carlos Alberto Silva. Para ele, a sua grande qualidade era capacidade de administrar o grupo. “Ele era o paizão. Era uma pessoa espetacular. Falava no momento certo. E tinha carinho com as categorias de base”, disse o ex-jogador.
Três anos depois, Edson Magalhães conviveu com dois personagens emblemáticos na vida bugrina, que foram o técnico Zé Duarte e o atacante Jorge Mendonça, autor de 38 gols no Campeonato Paulista de 1981 e astro principal da campanha no terceiro lugar na Taça de Ouro de 1982 e da conquista da Taça de Prata no ano anterior. “Quem transformou Jorge Mendonça naquela potência foi o técnico Zé Duarte e o preparador físico Pedro Pires de Toledo”, disse o técnico.
As recordações, segundo ele, são as melhores possíveis, apesar dos problemas sofridos após a contusão no joelho e que fez a sua carreira viver um divisor de águas. “Sou um privilegiado no futebol. Os três treinadores que marcaram minha vida foram Carlos Alberto Silva, Zé Duarte e Carlos Castilho”, disse. Edson Magalhães trabalhou com Castilho em 1980 no Guarani.
A convivência nos times de 1978 e de 1982, faz com que o ex-zagueiro prefira não fazer escolhas e sim fornecer subsídios para que o torcedor tome a sua conclusão sobre qual foi a melhor equipe. “Aquela equipe tinha um diferencial chamado Jorge Mendonça. Já o time de 1978, o grupo casou muito bem”, disse.
Após viver esses instantes mágicos no Guarani, Edson Magalhães teve passagens por Catanduvense, Blumenau, Comercial de Ribeirão Preto, Rio Verde (GO), Mogi Mirim, Ituano até parar aos 28 anos e especializar-se em administração hospitalar e também em vendas.
O que ele não esperava é ser testemunha ocular pela segunda vez. Edson Magalhães é casado com a infectologista da Unicamp, Rachel Stuchi , uma profissional que foi requisitada pelos veículos de comunicação durante a pandemia do Coronavirus. “Foi uma parceria. Só eu soube o que ela passava em casa e eu apoiava. Ela trabalhava no hospital e dava entrevista. Eu nunca ouvi ela falar uma resposta negativa (para a entrevista)”, disse o ex-zagueiro, que se sente presenteado por ter sido testemunha ocular da história por tantas vezes.