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Diego Sacoman: um zagueiro técnico e aglutinador com história na Ponte Preta

Revelado pelo Corinthians, o ex-zagueiro, hoje, com 37 anos, inicia agora sua carreira fora do gramado

Esportes Já
17/06/2024 às 12:42.
Atualizado em 17/06/2024 às 12:42
Revelado no Corinthians e nascido em Guarulhos, Diego Sacoman participou de campanhas importantes na Macaca, como o vice-campeonato na Copa Sul-Americana de 2014 e a medalha de prata na Série B de 2014. Após passagens por Ferroviária, Novorizontino e Red Bull, o zagueiro se aposentou no ano passado com a camisa do Juventus (Divulgação)

Revelado no Corinthians e nascido em Guarulhos, Diego Sacoman participou de campanhas importantes na Macaca, como o vice-campeonato na Copa Sul-Americana de 2014 e a medalha de prata na Série B de 2014. Após passagens por Ferroviária, Novorizontino e Red Bull, o zagueiro se aposentou no ano passado com a camisa do Juventus (Divulgação)

O desejo de pisar no gramado é algo que embala os sonhos de qualquer criança e adolescente. Conquistar títulos, viver emoções diferenciadas e conviver com craques consagrados é uma receita que agrada aqueles que calçaram um par de chuteiras. Hoje, aos 37 anos e integrante da Comissão Técnica do Juventus, o ex-zagueiro Diego Sacoman tem muita história para contar, seja na condição de protagonista ou de testemunha ocular. 

A história parecia escrita pelo destino. Seu pai sempre atuou no futebol e inclusive foi uma pessoa vital na construção da carreira do atacante Marques, ídolo do Atlético Mineiro. “Eu brinco que eu tinha duas escolhas: ser jogador ou ser jogador. Não tive oportunidade de poder optar porque era o sonho dos meus pais e isso passou para mim”, disse Sacoman, orgulhoso pelo fato do pai acompanhar sua caminhada, inclusive com coleção de recortes de jornais. 

Destino traçado e definido, Diego Sacoman colocou o pé na estrada. A primeira parada foi em clubes de sua cidade natal, Guarulhos, localizada na Região Metropolitana de São Paulo. Ele atuava no futebol de salão do Corinthians, integrado a partir de uma fusão do Nacional-SP com o gigante do futebol paulista. A partir de 1993, Sacoman percorreu todas as categorias de base do Corinthians até chegar ao time profissional. Sacoman é uma das últimas safras daqueles que treinavam no terrão e enfrentavam obstáculos antes de se firmarem no time principal. O então adolescente já chegou em Parque São Jorge como zagueiro. Ideia do seu treinador no Nacional, Tuca, que teve a visão de utilizá-lo na posição na zaga. Sacoman era lateral de origem. Testou e ficou.

O desembarque no time profissional corinthiano foi em uma conjuntura turbulenta. O ano era 2007 e o Corinthians vivia uma crise política e técnica sem precedentes. Eram ingredientes suficientes para produzir o inédito rebaixamento na divisão de elite nacional. “No meu primeiro treino a torcida invadiu a Fazendinha, que era o lugar que a gente treinava. Fiquei um pouco assustado. A gente não convivia com isso e era uma época com grandes jogadores. Foi logo após a saída da MSI”, disse. 

Turbulência superada, era hora de buscar novos ares. O primeiro estágio foi no Guarani, quando esteve integrado ao elenco que disputou o Campeonato Paulista. Apesar de ter agradado aos dirigentes bugrinos, Sacoman retornou ao Timão “Eles até queriam que eu ficasse para Série C na época, mas eu optei por voltar”, disse. Apesar da lesão, ele disse que foi possível atuar na reta final da Série B de 2008, vencida pelo Corinthians. 

A temporada de 2009 foi uma experiência única para Diego Sacoman, com 36 jogos com a camisa do Corinthians e a possibilidade de atuar ao lado de Ronaldo Nazário, que se consagrou campeão paulista. Diante disso, ele só tem palavras positivas para falar sobre Mano Menezes, o treinador corinthiano no período. “Foi um cara que me deu muitas oportunidades e me ajudou a evoluir. Só tenho coisas boas para falar dele”, disse.

Conviver com Ronaldo, campeão do mundo em 2002, é algo que Sacoman jamais vai esquecer. “Todo mundo ficou espantado porque tem um cara que conversava conosco e era ídolo de todo mundo. E conforme você convive, vê que é um cara normal e super humilde”, disse. “É algo que vou levar para minha vida, que foi a experiência que tive de poder jogar e ter contato com ele, Roberto Carlos e Adriano (Imperador)”, disse. 

A vida de jogador de futebol tem instantes gloriosos e dissabores, como as constantes mudanças de clube e de cidade. Diego Sacoman não escapou desta roda vida, pois ficou no final de 2009 e foi emprestado em 2010 para o Ceará, quando disputou o Campeonato Brasileiro e o Estadual. Tudo sempre com a Arena Castelão lotada. 

Novo retorno ao Corinthians ocorreu em 2011, quando o técnico Tite decidiu repatriar alguns jogadores emprestados. Entre eles, estava Diego Sacoman. “Ele queria times para duas frentes, um grupo para Libertadores e outro para o Campeonato Paulista. Só que aconteceu aquela eliminação para o Tolima e o time não avançou na ‘pré-Libertadores’. O grupo ficou bem cheio e eu não tive tanta oportunidade. Acho que fiz um jogo só no Paulista, em 2011”, contou. A solução foi retornar para um novo período de empréstimo no Ceará. 

Veio dezembro de 2011 e o Corinthians estendeu o seu vínculo contratual. Motivo: um empréstimo para Ponte Preta, tudo conduzido pelos responsáveis pelo futebol profissional pontepretano na época, Niquinho Martins e o ex-volante Marcus Vinícius. “Eu fui bem no Campeonato Paulista e a Ponte Preta me ofereceu uma extensão de contrato. Eu fiquei mais dois anos”, afirmou. 

Com a camisa pontepretana, Diego Sacoman viveu instantes únicos, alguns com sabor amargo, como a derrota no dérbi da semifinal do Campeonato Paulista por 3 a 1 no Brinco de Ouro. Até hoje, o jogador mostra inconformismo com o resultado favorável ao Guarani. “Nós perdemos algumas oportunidades claras de gol e poderíamos ter ampliado o placar ainda no primeiro tempo. Tomamos dois gols bestas”, lamentou. “Nós tínhamos todas as condições de chegar em uma final de Paulista, porque tínhamos eliminado o Corinthians, que era um dos favoritos. Mas não tiro o mérito do Guarani”, explicou o jogador, que tem a exata dimensão do que é uma partida entre Ponte Preta e Guarani. “É um jogo diferente, um jogo bom e que dá visibilidade ao atleta. O dérbi é gostoso de jogar, e ganhar é melhor ainda.” 

Mas não foram apenas momentos tristes que Diego Sacoman viveu na Ponte Preta. Ele citou a campanha do vice-campeonato na Copa Sul-Americana de 2013 e os 69 pontos conquistados na Série B de 2014, que proporcionaram o acesso à Série A. Sobre a campanha de 2013, Diego Sacoman descreve instantes diferenciados. “Eu acho que deixamos (escapar o título) porque gente vivia dois extremos. Estávamos em uma final de Sul-Americana pela primeira vez e no Brasileiro a gente não conseguia ganhar dois jogos seguidos. A coisa não engrenava”, recordou. “Nós perdemos o título em casa. Nós jogamos muito mais que o Lanús e tivemos chances mais claras. No outro jogo, o Uendel vivia bom momento e ficou suspenso e o Adrianinho não atuou”, completou. 

Quanto à campanha na Série B de 2014, sob o comando de Guto Ferreira, Diego Sacoman coloca o período como um tempo de recuperação, tanto na parte técnica como emocional, em virtude da temporada de 2013 ter sido muito criticado pela campanha do Campeonato Brasileiro. No Paulistão, o seu desempenho foi muito regular e constante, algo confirmado na Série B. “Ele me conhecia e deu confiança. Eu comecei a voltar a ser o jogador que era antes.”

Foi esse desempenho que abriu as portas para uma transferência ao AthleticoPR, quando nos exames Diego Sacoman foi diagnosticado com uma hipertrofia no coração. O atleta ficou um tempo afastado do futebol. Posteriormente, Diego Sacoman atuou no Santa Cruz–PE, Red Bull Brasil, Bragantino, Novorizontino, Juventus, Portuguesa, São Bento, Ferroviária e encerrou sua história no futebol no ano passado no Moleque Travesso, clube em que está inserido na Comissão Técnica que disputa a Copa Paulista. Entre a emoção e o agradecimento, Diego Sacoman não pensa duas vezes antes de descrever o seu legado deixado nos campos. “Eu continuo com o futebol. É a minha vida. Não tem como fugir disso. Eu fui uma pessoa correta. Trabalhei com honestidade, simplicidade e dedicação. Acho que as pessoas não têm o que falar do Diego como pessoa, como profissional. Podem me julgar como qualidade de atleta, se foi bom ou ruim, mas como profissional eu acho que por onde eu passei sempre estava comprometido. É isso que vou deixar para o futebol”, completou Diego Sacoman, pronto para viver novas aventuras neste ambiente louco e imprevisível que é o futebol.

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