BOXE

De volta a Campinas, Flávia Figueiredo planeja retornar à seleção brasileira

Campineira, que começou no boxe para homenagear o pai, lidera o ranking brasileiro na categoria 75kg

Esportes Já
24/02/2025 às 16:16.
Atualizado em 24/02/2025 às 16:16
Flávia Figueiredo em momento de euforia no ringue (Divulgação)

Flávia Figueiredo em momento de euforia no ringue (Divulgação)

Flávia Figueiredo ainda era uma adolescente de 17 anos quando começou a dar seus primeiros passos no boxe no Clube Atlético Campinas (CAC), tradicional celeiro da modalidade. E mesmo após alcançar títulos nacionais e internacionais e integrar a seleção brasileira, a lutadora não abandonou as raízes.

O espaço, não raramente, era usado pela atleta para treinos nas vezes em que passava um tempo na cidade onde nasceu. Agora, em 2025, o CAC voltou a estar mais presente na rotina da pugilista campineira. Depois de três anos morando no Rio de Janeiro, Flávia está residindo novamente em Campinas, junto da mãe, no Jardim São Domingos, desde o final do ano passado. E é na periferia que a boxeadora batalha por dias melhores.

“Estar aqui é muito difícil. Moro longe do centro da cidade e muitas vezes treino sozinha. Mas acredito que é só parte de um grande processo para viver o propósito. Sou uma pessoa de muita fé e resiliência. Deus vem me provendo e dando liberdade para viver do meu sonho”, diz a atleta de 35 anos e número 1 do ranking brasileiro na categoria 75kg.

Atleta do exército e integrante do projeto social Todos na Luta no Vidigal, no Rio de Janeiro, Flávia estava com dificuldades para se manter na capital fluminense. A meta atual é retornar à seleção brasileira, da qual está ausente desde 2022. Para isso, terá pela frente um torneio carioca em março e o Campeonato Brasileiro em maio que podem abrir as portas para a convocação. “Também tem o projeto olímpico”, salienta ela, que bateu na trave duas vezes, ficando muito próxima de participar da Rio 2016 e em 2021, em Tóquio. “Em 2028, terei 39 anos e é a idade limite para o boxe olímpico”, frisa, já pensando nos Jogos de Los Angeles.

TRAJETÓRIA 

Flávia começou a treinar no CAC para homenagear o pai que era fã de Mike Tyson e morreu quando ela tinha 15 anos. Levada pela mãe ao Clube Atlético, a menina só queria fazer do esporte um hobby, mas o seu desempenho chamou a atenção no local. Tanto que o problema da falta de dinheiro para pagar as aulas foi resolvido com uma bolsa que ela ganhou do técnico Luiz Fernando Caetano da Silva, o segundo da geração do CAC. “Mas não tinha uma constância, treinava um tempo e depois parava, pois tinha que trabalhar”, lembra.

Por iniciativa de Caetano, Flávia participou de uma seletiva para o Campeonato Brasileiro e conseguiu a classificação. Mas as dificuldades financeiras para participar de competições e a conquista do diploma na faculdade de Educação Física a estimularam a parar de lutar. “Queria me dedicar ao ensino”, lembra. A persistência do treinador, por outro lado, realinhou seus planos.

Apoiada por um aluno dele, que tinha uma rede de pizzaria, Flávia conseguiu participar do Campeonato Brasileiro de 2013 em Campo Grande (MS) e conquistou o título na categoria 81kg. Em seguida, veio a convocação e a estadia em Santo Amaro (SP), onde fica a seleção brasileira permanente. A partir de então as conquistas nacionais e internacionais passaram a ser frequentes. Uma das mais celebradas foi o bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019.

Hoje, Flávia encara os desafios com mais maturidade depois dos altos e baixos que vivenciou na trajetória. “Acredito que viver é como um grande espetáculo de boxe. Nos preparamos para nossa melhor luta, mas o adversário é desconhecido e precisamos sempre dar o melhor. Nem sempre saímos com a mão erguida, mas isso faz parte da luta”, filosofa.

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