A advogada Talita Garcez teve papel importante na formulação de acordos para a Ponte Preta (Diogo Almeida/Ponte Press)
Quando os resultados da penúltima rodada da Série B do Campeonato Brasileiro decretaram o rebaixamento da Ponte Preta, novos desafios foram colocados na mesa do ponto de vista financeiro. O primeiro é o de utilizar os recursos disponibilizados para o Campeonato Paulista – de aproximadamente R$ 10 milhões – na aquisição de atletas que tenham capacidade de atuar no principal campeonato estadual do Brasil e que consigam ser competitivos na Série C do Campeonato Brasileiro. É fazer muito com pouco.
Além de dar condições ao técnico Alberto Valentim, a Diretoria Executiva tem a missão de cumprir acordos firmados que estancaram um processo de deterioração financeira. O primeiro acordo é o Plano de Especial de Pagamento Trabalhista, aprovado no dia 30 de agosto do ano passado, que obriga o clube a pagar 72 parcelas de R$ 120 mil e viabilizar a quitação de R$ 8,64 milhões em dívidas trabalhistas. Em fevereiro de 2023, quando a dívida foi consolidada na Justiça Trabalhista, o clube tinha 114 processos trabalhistas em curso, 27 em fase de execução definitiva, o que totalizava R$ 8,64 milhões. Existiam outros 38 em execução provisória, no montante de R$ 11,1 milhões. Esses processos vão passar pelo mesmo programa quando ocorrer a sua consolidação. Com a decisão, a Ponte Preta deixou de ter bloqueios em suas contas.
Outro acordo firmado foram as ações originárias na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da CBF. A instituição aceitou o plano de parcelamento de R$ 10 milhões para ser pago em 10 anos. Com isso em vigor, a Ponte pode realizar contratações enquanto o acordo é cumprido.
O objetivo é pagar 20% do total dos débitos até o final de 2025. Foram impactados, no acordo feito em setembro deste ano, 92 processos, o que obriga a Macaca a pagar uma mensalidade de R$ 150 mil. Com o passar do tempo, existe a obrigatoriedade de uma majoração no valor mensal.
Antes da homologação do acordo, a Ponte teve dores de cabeça com o “transfer ban”. A Ponte Preta já foi punida por falta de pagamento para o técnico Eduardo Baptista e para o zagueiro Nathan, cujas dívidas totalizavam R$ 2 milhões. A Macaca também precisou entrar em acordo com o técnico Marcelo Chamusca, que tinha R$ 300 mil para receber. As ações foram geradas na gestão de José Armando Abdalla Junior.
Em outubro deste ano, a CBF chegou a aplicar novo transfer ban e impedir contratações por atraso no pagamento dos acordos. Na época, o presidente Marco Antonio Eberlin disse que o imbróglio não era motivo para alarde. “O CNRD aprovou o plano da Ponte Preta e colocou o pagamento da primeira parcela para 20 de setembro, mas a Ponte Preta protocolou o pedido para prorrogar porque não estava esperando esse prazo em cima. Se a Ponte pagar hoje ou daqui a uma semana, suspende o transfer ban. E vamos pagar”, assegurou na época em entrevista à Rádio Bandeirantes. O clube ainda não esclareceu se retomou os pagamentos, algo que precisa acontecer até dia 3 de janeiro, início da janela de transferências.
Jeh pode ser a solução para equilibrar as contas
Na montagem do time para a próxima temporada, a Ponte Preta já sentiu a consequência de atuar em uma divisão sem visibilidade como é a Série C do Campeonato Brasileiro. Na apresentação do técnico Alberto Valentim na última terça-feira, dia 26 de novembro, o coordenador de futebol, João Brigatti, admitiu que o time estava apalavrado com um técnico argentino, mas o profissional desistiu da empreitada ao constatar o rebaixamento.
Para dar conta dos compromissos financeiros para 2025, não está descartada a hipótese de venda de alguns jogadores. Neste cenário, o nome mais cogitado é o do centroavante Jeh, que tem contrato até janeiro de 2027, mas desperta o interesse de outras equipes de grandes porte do Brasil.
Para o mercado interno, o centroavante tem multa estipulada em R$ 40 milhões, enquanto no mercado exterior o valor chega em 40 milhões. A Ponte Preta tem 60% dos direitos enquanto a Itapirense tem o percentual restante. No início do ano, o Santos ficou interessado, mas desistiu diante da resistência da Diretoria Executiva.