TÍTULO HISTÓRICO

Copinha: há 30 anos, Guarani celebrava conquista inédita

Então com 18 anos, Pitarelli brilhou e a garotada bugrina superou o favorito São Paulo nos pênaltis, no Pacaembu

Esportes Já
22/01/2024 às 09:14.
Atualizado em 22/01/2024 às 09:14
Time que foi campeão no Pacaembu tinha nomes como Luizão, Carlinhos, Rubens e Alberto Valentim, hoje treinador (Acervo de Roberto Constantino)

Time que foi campeão no Pacaembu tinha nomes como Luizão, Carlinhos, Rubens e Alberto Valentim, hoje treinador (Acervo de Roberto Constantino)

“Missão quase impossível”. O título do caderno de esportes do Correio Popular de 25 de janeiro de 1994 apontava o enorme desafio que o Guarani teria naquele dia. O time chegava à final da Copa São Paulo de Futebol Júnior contra o São Paulo depois de uma campanha sem brilho e marcada por classificações dramáticas em decisões por pênaltis. O adversário, por sua vez, tinha 100% de aproveitamento, exibia um futebol técnico e era apontado como o grande favorito, mas o Guarani surpreendeu. Novamente decidindo nos pênaltis, alcançou o inédito título. Na próxima quarta-feira, a conquista histórica, até hoje a única do Bugre na Copinha, completa 30 anos.

“Aquela página do Correio Popular mexeu com a gente”, revela 30 anos depois o ex-goleiro Pitarelli, o grande nome daquela conquista. Ele defendeu as três cobranças do São Paulo na decisão e o Guarani ganhou a taça depois de Marquinhos, André Ceará e Alberto Valentim, hoje treinador, acertarem seus chutes. Para o Guarani chegar à final, Pitarelli, então com 18 anos, também foi decisivo. Nas duas fases anteriores, ele brilhou nos empates com Juventude por 0 a 0 e diante do Londrina por 1 a 1. “Em cada um desses jogos, defendi dois pênaltis”, lembra.

A partida diante do São Paulo, no Pacaembu, foi uma batalha, literalmente. Além de ser pressionado pelo adversário que buscava o bicampeonato depois de ter sido campeão no ano anterior, o time de Campinas precisou contar com o sacrifício de seus jogadores em campo. Luís Carlos abriu a cabeça numa disputa com o zagueiro Nem, e Luizão se arrastou em campo enquanto pôde no segundo tempo para não deixar seu time mais desfalcado – Mauricinho havia sido expulso aos 41 do primeiro tempo. Sem contar o drama do zagueiro Carlinhos, que sentiu uma lesão no segundo tempo da prorrogação, mas precisou voltar a campo porque não podia ser substituído.

Grupo formado por vários jogadores da época costuma se reunir pelo menos uma vez por ano (Arquivo Pessoal Pitarelli)

Grupo formado por vários jogadores da época costuma se reunir pelo menos uma vez por ano (Arquivo Pessoal Pitarelli)

O São Paulo abriu o placar no segundo tempo após um erro da arbitragem. Apesar de a falta ter acontecido fora da área, o juiz anotou pênalti. Jamelli converteu. Os favoritos seguiam pressionando, mas uma falta próxima à meia lua para o Guarani aos 41 foi fatal. Rubens cobrou com perfeição e venceu Rogério Ceni. Com o empate por 1 a 1, a partida foi para a prorrogação com morte súbita – quem marcasse primeiro era o vencedor. E o São Paulo, comandado pelo técnico Muricy Ramalho, e com nomes como Catê, Caio, Sérgio Baresi e Pavão, teve todas as chances para marcar. “Eles foram com tudo para o ataque, mas conseguimos segurar”, conta Pitarelli.

Apesar de admitir sua importância na conquista, o ex-goleiro não deixa de fazer referência ao saudoso Pupo Gimenez, o treinador daquele time. “Ele foi fundamental, um paizão”, lembra. “Além de ser exigente nos treinos, sabia posicionar os jogadores e fazia variações táticas. Durante a campanha, dizia que iríamos matar ele do coração”, conta Pitarelli, entre risos.

PEGADOR DE PÊNALTI

Pitarelli recorda que logo em sua primeira partida no Guarani, depois que chegou ao clube, em 1990, ele defendeu um pênalti. Parecia um prenúncio do que aconteceria quatro anos depois. “Naquela época, treinávamos muito as cobranças depois dos jogos e treinos”, relata. “E para defender, eu buscava verificar de que forma o jogador se posicionava para a batida, tentava fazer uma leitura. E tinha a intuição também. Não havia estudo dos cobradores. Não dispúnhamos da tecnologia que existe hoje, mas confesso que eu tinha uma boa impulsão e os braços compridos.”

Com o título, Pitarelli ganhou espaço no profissional do Guarani. Depois, passou por mais de 15 clubes, entre eles o Santos. Em 2011 encerrou a carreira aos 36 anos na Votuporanguense. Hoje, em São José do Rio Preto, cidade onde mora, Pitarelli trabalha com assessoria em veículos e como corretor de imóveis, depois de investir no ramo de franquias de alimentação.

A conquista de 1994 segue viva na memória e é ainda reavivada nos encontros com os jogadores da época. Pitarelli, hoje com 48 anos, conta que pelo menos uma vez por ano os ex-atletas que participaram daquela fase do Guarani programam reuniões. “Depois que surgiu as redes sociais, ficou fácil reencontrar a turma. É sempre bom rever o pessoal e contar histórias.”

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