PERSONAGEM

Conheça a batalha de um ex-atleta pela sobrevivência

Romildo começou no Guarani e passou por clubes como Inter de Limeira, São José, Taubaté, Ferroviária, Novorizontino, entre outros

Esportes Já
09/09/2024 às 18:06.
Atualizado em 09/09/2024 às 18:06
Em entrevista com a camisa do Novorizontino (Divulgação)

Em entrevista com a camisa do Novorizontino (Divulgação)

Romildo Carolino dos Santos busca alternativas para sair do sufoco que as circunstâncias da vida o levaram. Aos 56 anos, mora sozinho em uma casa emprestada por um amigo, em Campinas. O sustento vem do trabalho que realiza em uma “expedição de produtos”. “Estou buscando juntar recursos para poder pagar o aluguel”, diz ele, que ainda precisa tomar remédios com frequência para amenizar as dores nas costas em razão de um acidente de carro. As dores, porém, não são apenas físicas. Na alma, aquela sensação de que a vida poderia ter sido diferente lateja. 

“Sim, fiz muitas coisas erradas que atrapalharam bem minha carreira”, admite Romildo, lembrando de quando era centroavante, com passagens pela Inter de Limeira, São José, Taubaté, Novorizontino, entre outros clubes nas décadas de 80 e 90. Hoje, o passado lhe garante boas lembranças, mas o presente e o futuro se estabelecem com base em incertezas. 

“Começamos juntos no Guarani”, lembra o ex-zagueiro Edson Magalhães, que acredita em um caminho para uma mudança na trajetória de vida do amigo e ex-companheiro de clube. Para Edson, Romildo é exemplo de quem poderia ser beneficiado pela Casa do Atleta Campineiro, um programa previsto em Projeto de Lei (PL) em análise na Câmara Municipal. De acordo com as diretrizes do PL, o programa tem como objetivo “acolher, ressocializar e possibilitar o resgate do orgulho e da dignidade de ex-atletas que se encontram em estado de vulnerabilidade social”. Edson é um dos apoiadores do programa. “Na cidade, há muitos ex-atletas em condições parecidas e até piores que poderiam encontrar um amparo nesse projeto”, afirma. 

Romildo ainda tenta se aposentar e busca um caminho em meio aos entraves burocráticos. Depois que encerrou a carreira, conta que foi professor em escolinhas de futebol e também fez cursos, como de vigilante, para poder servir de alternativa. Segundo ele, sua vida entrou em declínio depois de um acidente de carro em Campo do Meio-MG, onde foi passar a virada do ano de 2011 para 2012 com a família e alguns amigos. Ele lembra pouco do acontecimento. 

“O pessoal estava na chácara preparando tudo e eu precisei ir para a cidade, mas capotei o carro. O acidente foi por volta de cinco horas da tarde e foram me encontrar a uma hora da manhã, desacordado”, diz ele, que conta ter ficado em coma até maio de 2012. Com sequelas na coluna, o ex-atleta relata que sua vida se resumiu a seguidas cirurgias após retomar a consciência. “Escapei de ficar numa cadeira de rodas”, detalha. Agora, em Campinas, tenta se reerguer. De sua vida pessoal, Romildo fala pouco. “Tenho três filhos do primeiro casamento”, resume, sem se estender no assunto. Já as lições para quem está começando no futebol estão na ponta da língua. 

“É preciso foco, disposição e muito treino porque não é um caminho fácil”, orienta aquele que viveu a realidade dentro dos gramados e também teve a oportunidade de trabalhar com crianças. De sua parte, Romildo busca não jogar a toalha e se apega à fé para seguir. “O caminho é difícil, mas tenho um Deus para dar sequência na vida.” 

CASA DO ATLETA CAMPINEIRO 

O PL que institui a Casa do Atleta Campineiro já passou em primeira análise na Câmara e agora aguarda a segunda votação. Se aprovado, precisará da sanção do prefeito para se tornar lei. A proposta determina que deverá ser oferecido aos participantes alimentação; tratamento médico e odontológico; acompanhamento psicológico; sessões de fisioterapia; e capacitação profissional para inserção no mercado de trabalho. “Para integrar o programa, além de confirmar que tiveram vínculo com alguma entidade de prática desportiva, os beneficiados deverão estar inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) atualizado em um Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do município”, destaca o PL.

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