PLANEJAMENTO

Como a Ponte Preta pensa o futuro

Atual diretoria da Macaca prioriza a valorização do Estádio Moisés Lucarelli

Júlio Nascimento
10/10/2022 às 10:27.
Atualizado em 10/10/2022 às 10:27
Mesmo com a aprovação do Conselho Deliberativo para negociar a construção da nova casa, não houve avanço na gestão do atual presidente (Diego Almeida/Pontepress)

Mesmo com a aprovação do Conselho Deliberativo para negociar a construção da nova casa, não houve avanço na gestão do atual presidente (Diego Almeida/Pontepress)

Desde o primeiro dia de gestão na presidência da Ponte Preta, Marco Antônio Eberlin foi enfático ao destacar sua ambição em recuperar as tradições do clube. O principal objetivo do dirigente era restabelecer o título de uma equipe formadora e tradicional na revelação de talentos como ocorreu em outros tempos.

Dicá, Oscar, Carlos, Marco Aurélio, Odirley, Luís Fabiano e outros grandes nomes que ganharam projeção no Moisés Lucarelli inspiram a Macaca em busca de novos talentos. O resultado já pode ser visto pelos torcedores com base em 2022. O atual elenco, comandado por Hélio dos Anjos, tem peças-chaves de jogadores que passaram pelas categorias de aprendizado do clube.

São os casos dos volantes Léo Naldi e Felipe Amaral - este que estreou como profissional na primeira rodada da Série B contra o Grêmio -, além do zagueiro Thiago Oliveira e do lateral Jean Carlos. Recentemente, o zagueiro Douglas Mendes foi promovido ao time principal pela comissão técnica e chamou atenção do Red Bull Bragantino após oito jogos na Série B.

O Massa Bruta adquiriu 70% dos direitos econômicos do jogador de 18 anos, enquanto a Macaca ficou com 20% e os outros 10% pertencem ao próprio zagueiro. Os valores não foram confirmados pela Ponte Preta nem mesmo pelo Bragantino. Com metas previstas em contrato, assinado até 2027, os valores podem alcançar a casa dos R$ 12 milhões.

“Eu tive o prazer de negociar dois jogadores com valores acima do mercado quando diretor de futebol da Ponte Preta. Fui responsável pela venda de Luís Fabiano e também de Washington. Dois jogadores de Seleção Brasileira, assim como Douglas Mendes também vai se transformar em um talento para o nosso país”, explicou na época o presidente Eberlin.

O próximo da lista de apostas da Macaca é o atacante Eliel. Aos 19 anos, o atleta alcançou números fantásticos atuando pelas categorias de base nesta temporada: são 22 gols em 23 jogos disputados. O mais impressionante foi diante do São Paulo, em Cotia, em encontro do Campeonato Paulista sub-20. Após levantamento na área, o centroavante matou no peito e emendou uma bicicleta no ângulo.

Eliel soma dois jogos na equipe principal. O atacante precisou de 10 minutos em campo na sua estreia como profissional e marcou o gol da vitória contra o Náutico, no Moisés Lucarelli. “É claro que existe uma empolgação natural com o Eliel porque é um jogador que vai render muitos frutos para a Ponte Preta. Eu sinto mais satisfação em revelar jogadores, acompanhar a evolução e o crescimento de cada um do que conquistar vitórias para minha carreira. Mas todas as etapas serão respeitadas”, disse Hélio dos Anjos após o jogador debutar no time profissional.

O planejamento da comissão técnica é aumentar a utilização de Eliel a partir de janeiro. O atacante deve ser inserido no elenco que vai disputar a Série A2 do Campeonato Paulista e ter mais minutos dentro de campo. O assédio de outras equipes não preocupa a diretoria que confia no contrato com multa rescisória de R$ 22 milhões para o mercado nacional e R$ 150 milhões para o exterior.

Investimento

Para estimular o surgimento de mais talentos nos próximos anos, a Ponte Preta também investiu na estrutura que hospeda os atletas da base no Moisés Lucarelli. O clube inaugurou há dois meses as novas instalações na ala oeste do estádio após investimento de R$ 1 milhão. O objetivo é dar mais condições estruturais para os jogadores em desenvolvimento e aprimorar o trabalho de integração com o profissional.

“A meta do clube é voltar a investir nas categorias de base, um dos pilares que fizeram com que a Ponte Preta se firmasse no cenário nacional como clube revelador de talentos. Na equipe surgiram jogadores que brilharam, consagraram o nome do clube e se destacaram em grandes equipes do exterior”, explicou Eberlin.

Na maior obra interna realizada no Moisés Lucarelli dos últimos 30 anos, o alojamento foi reformado com implantação de nova recepção, academia, sala de odontologia e vestiários. Houve também mudanças no refeitório, cozinha, salas de nutrição, psicologia e biblioteca.

“O objetivo é inspirar as futuras gerações que escreverão os próximos capítulos da nossa história dentro de campo. Esta obra não é minha. Não vou levar nada pra minha casa. Essa obra é da Ponte Preta e será usada pela Ponte Preta. Nossa intenção é oferecer total conforto e infraestrutura aos atletas para que eles possam se concentrar a-penas em jogar futebol”, completou o presidente alvinegro.

MOISÉS LUCARELLI

A diretoria faz questão de enfatizar o quanto aprecia o velho e bom Moisés Lucarelli como casa da Macaca. O investimento realizado na ala oeste foi um dos previstos para o local nos próximos meses. A ideia é também oferecer melhores condições para realização não apenas dos jogos no Campeonato Brasileiro, mas visando o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil na próxima temporada.

Há mais de dois anos e um mês, o Conselho Deliberativo do clube aprovou as tratativas da proposta formulada pela WTorre para a construção de uma nova Arena às margens da Rodovia Anhanguera, onde está situado o Centro de Treinamento do Jardim Eulina. Na ocasião, 106 votos foram favoráveis contra sete que não apoiavam a construção de um novo estádio. Entre os contrários, na época, estava Marco Antônio Eberlin, oposicionista ao ex-presidente Sérgio Carnielli, um dos principais incentivadores da Arena.

Mesmo com aprovação do Conselho Deliberativo para negociar a construção da nova casa, não houve avanço nas tratativas em dois anos porque o início das obras depende da aprovação da Assembleia de Sócios - como é previsto no Estatuto Social do clube. O projeto apresentado em 2020 foi o terceiro para a construção da Arena Ponte Preta. O primeiro, assinado pelo arquiteto Ricardo Badaró, não avançou em 2009. Dez anos depois uma nova tentativa foi barrada.

De acordo com informações fornecidas pela WTorre na reunião de setembro de 2020, o espaço teria capacidade para mais de 21 mil pessoas com setores cobertos e assentos individuais. O empreendimento ainda teria 50 camarotes, área de imprensa, catering e lounges, além de estacionamento e espaço exclusivo para eventos de até seis mil pessoas. O custo previsto inicialmente seria de R$ 250 milhões oriundos da iniciativa privada.

Com Eberlin na cadeira presidencial, a Macaca prioriza a valorização do Majestoso e não estuda novos avanços sobre a construção da Arena. A reorganização financeira - iniciada no início desta temporada, mas atrapalhada pela queda no Campeonato Paulista - ainda é o principal desafio do dirigente para os próximos anos de gestão.

SAF

Adepto ao clássico, o presidente da Macaca não descarta a modernização. Eberlin admitiu que, apesar de não ser favorável ao modelo de gestão do clube-empresa, pretende discutir com os sócios e conselheiros uma adequação do clube para superar as dívidas que ultrapassam a casa dos R$ 250 milhões.

“Temos o propósito de reestruturar e reinventar a Ponte Preta para um futuro melhor, seja no modelo atual ou dentro de novos conceitos, como de uma SAF. Estamos estudando com profundidade todos os caminhos e atentos aos rápidos movimentos do futebol brasileiro atual, sempre submetendo e atendendo os anseios dos conselheiros, a quem caberá em última instância as definições dos caminhos do clube”, argumentou Eberlin.

O dirigente assumiu o clube com problemas de pagamento dos salários no início da temporada, mas equilibrou o caixa e manteve a saúde financeira da Macaca mais estável nos últimos meses com ajuda de patrocinadores e parceiros. Um dos apoiadores é o empresário Mário Teixeira, proprietário do Osasco Audax, com quem a Ponte Preta firmou aliança para as competições do sub-23.

“A Ponte está sendo reconstruída e nada melhor do que trazer grandes pontepretanos para nos ajudar nesta tarefa. Mário Teixeira é um grande pontepretano e com certeza a marca da sua equipe Osasco Audax vai agregar junto com a da Ponte Preta”, comentou Eberlin na apresentação da parceria, que inicialmente será mantida projetando a temporada de 2023.

Presidente da Ponte Preta, Marco Antônio Eberlin (Diego Almeida/Pontepress)

Presidente da Ponte Preta, Marco Antônio Eberlin (Diego Almeida/Pontepress)

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