PARAESGRIMA

Com a espada na mão em uma cadeira de rodas, a luta contra a dor e o cansaço

Carolina Roncato treina em Campinas de olho na Paralimpíada de Los Angeles

Esportes Já
09/09/2024 às 18:13.
Atualizado em 09/09/2024 às 18:13
Carolina Roncato com a medalha de bronze, a primeira conquista na ainda curta carreira da paraesgrimista (Divulgação)

Carolina Roncato com a medalha de bronze, a primeira conquista na ainda curta carreira da paraesgrimista (Divulgação)

Carolina Roncato acompanha as competições de esgrima na Paralimpíada de Paris aqui no Brasil não apenas como torcedora. Ao ver as disputas, ela também se projeta como participante da modalidade daqui a quatro anos, em Los Angeles. Determinação para que isso aconteça não falta. Praticante do esporte há menos de um ano, a paratleta de Mogi Guaçu desafia as limitações e as adversidades para conseguir treinar em Campinas e alcançar um nível que a conduza à realização de seu sonho. Os primeiros frutos já despontam. 

Apesar do pouco tempo de prática, Carolina ficou na terceira colocação no Campeonato Brasileiro de Paraesgrima disputado em São Paulo entre 25 e 27 de julho. Ela conquistou o bronze na categoria espada A feminino individual e, no pódio, ficou ao lado de Carminha Oliveira, medalha de ouro, e Rayssa Veras, que são representantes do Brasil na França. “Não esperava subir ao pódio”, admite. “As meninas com as quais competi têm mais de três anos de prática, então para mim foi uma vitória”, celebrou. “É uma amostra de que estamos no caminho certo”, afirma a paratleta, que chegou a praticar arremesso de disco e migrou para a esgrima depois dos médicos a considerarem inapta para o atletismo. 

O “caminho certo” de Carolina começa a ser traçado diariamente, às 5h40, quando sai de casa rumo à rodoviária de Mogi Guaçu de carona. O ônibus parte às 6h30 e às 8h20 ela chega na rodoviária de Campinas. Carolina teve a perna esquerda amputada e tem limitações na direita. Por isso, ela segue a pé, com auxílio de muletas, até a academia Mestre Pereira, no Bonfim, onde treina. O trajeto a pé tem cerca de 1km. No final da tarde, ela repete o percurso na volta para casa. A paratleta faz a viagem diária como quem carrega um troféu. 

“Não conseguia ir à academia todos os dias por causa dos custos da viagem, mas consegui o patrocínio de uma empresa que me fornece as passagens”, comemora ao lembrar da dificuldade em alcançar essa “vitória”. “Rodei todas as empresas da minha cidade falando sobre meu projeto de disputar a Paralimpíada de 2028, mas todos falavam que eu não ia conseguir. Um dia, já sem esperança, comprando a passagem, enviei um e-mail para a empresa contando minha história. Depois de cinco dias eles me ligaram. A minha alegria foi tão grande que eu só sabia chorar e agradecer. Saber que alguém acredita no meu potencial faz toda a diferença.” 

Hoje, com o auxílio da plataforma que fornece passagens de ônibus, Carolina consegue treinar de segunda à sábado sob a orientação do professor Maicon Pereira, em Campinas. Sem o apoio, o gasto diário com passagem seria de R$ 60. 

Motivada com a conquista da terceira colocação no Brasileiro e do patrocínio, Carolina treina forte para o próximo desafio, que será a Copa Brasil de Paraesgrima, entre 7 e 10 de novembro, na Unicamp. “Me dedico todo dia, lutando contra a dor e o cansaço para valer a pena todo investimento da DeOnibus e do Maicon, que me fornece treino de graça. Os dois olharam para mim e me fizeram acreditar que posso vencer e conquistar o lugar mais alto do pódio”, encerra a paratleta de 36 anos.

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