Após tentar a carreira de jogador de futebol, Guilherme dos Anjos auxilia o pai e já pensa seguir a carreira de treinador e Denis Iwamura é uma figura presente no trabalho do técnico Mozart e teve passagens por Coritiba, Santos e pela Seleção da Coreia do Sul (Diego Almeida/PontePress e Thomaz Marostegan/Guarani FC)
Alguns são participativos e espalhafatosos. Outros são estudiosos e decisivos na definição do melhor esquema tático que o treinador deseja . O fato é que os auxiliares técnicos ganham relevância no futebol e seu conhecimento em muitas ocasiões abrem caminho para que iniciem a carreira de treinador.
No Guarani, entrou para a história a trajetória de Thiago Carpini, que chegou no clube para ser integrante da Comissão Técnica Fixa em junho de 2019 e depois ganhou uma oportunidade na Série B de 2019 e tirou o time da zona do rebaixamento. Na Ponte Preta, Fábio Moreno foi o braço direito de diversos comandantes e em 2020 teve uma oportunidade e acabou voltando à função de coordenador em maio de 2021 e demitido posteriormente em dezembro de 2021.
Engana-se quem imagina que esses profissionais perderam o protagonismo nos estádios Brinco de Ouro e Moisés Lucarelli. São importantes e nunca perdem o protagonismo. Nem quando se recusam a aparecer. Durante toda a última semana, a reportagem do Esportes Já pediu para conversar com Denis Iwamura, auxiliar técnico e braço direito do técnico Mozart. Mas ele não quis se manifestar. Mesmo assim, a sua trajetória profissional fala por si. Iwamura esteve ao lado de Mozart nos trabalhos realizados no CSA, Cruzeiro e Coritiba, local também em que atuou de 2005 a 2009, até se transferir para o Santos, quando atuou como analista de desempenho. No Coritiba, o atual auxiliar técnico do Guarani foi campeão da Série B em 2007 e no Santos acompanhou de perto o nascimento da geração formada por Neymar e Paulo Henrique Ganso, que conquistou o bicampeonato paulista de 2010\2011, a Copa do Brasil de 2010 e a Copa Libertadores de 2011.
Iwamura tem ainda uma passagem como analista de desempenho da Seleção da Coreia do Sul, que disputou a Copa do Mundo do Brasil em 2014 e que tinha como uma de suas estrelas emergentes, o atacante Son Heung Min, que na época jogava pelo Bayern de Munique e depois transferiu-se ao Tottenham.
Se Iwamura opta pela descrição, outros tem seus passos acompanhados diuturnamente. É o caso de Guilherme dos Anjos, filho e auxiliar técnico do técnico Hélio dos Anjos. Após tentar a carreira de jogador de futebol, sem sucesso, Guilherme dos Anjos foi aconselhado pelo próprio pai a mudar a rota da sua trajetória. O então jogador largou tudo, foi a luta e em quatro anos fez diversas faculdades e estágios curtos com técnicos como Luxemburgo, no Palmeiras, e Tite, no Corinthians. Depois, integrou-se ao trabalho do pai e na atualidade tem uma participação decisiva na formulação e implementação do trabalho. “Minha rotina consiste em preparação de treino, análise da equipe, discussão daquilo que vai ser executado e do estudo sobre daquilo que fez os analistas. Discutimos todos estes itens para executar tanto o treino como o jogo. E eu preciso dar suporte”, afirmou Guilherme dos Anjos. “Como a gente sabe o que ele (Hélio dos Anjos) quer nós entramos para tirar um pouco da carga de tomada de decisão, que é a principal função de um treinador”, afirmou Guilherme.
Guilherme dos Anjos esclarece que discute e debate aspectos da escalação, mas a decisão é do treinador pontepretano. Durante os jogos, Guilherme relata que Hélio dos Anjos foca sua atuação na cobrança sobre os jogadores enquanto que ele fica focado na apuração das informações que podem ser utilizadas. “Você precisa agregar de alguma forma. O que eu posso fazer para tirar a dificuldade e deixá-lo confortável para que ele realize aquilo que ele mais gosta”, completou Guilherme dos Anjos, que não esconde o sonho de um dia virar o titular do banco de reservas. "Vou me tornar treinador. É um objetivo. Porém, tudo tem que ser muito bem pensado", completou o auxiliar técnico pontepretano.
Os desafios são imensos para os dois treinadores que comandam o futebol de Campinas. Mozart precisa reagir no Paulista para levar o time às quartas de final pela terceira vez consecutiva. Hélio dos Anjos, após amargar o rebaixamento no ano passado, não tem outra saída senão a de buscar o acesso. Diante disso, eles não abrem mão de contarem com profissionais que possam lhe fornecer suporte no cotidiano de treinadores e nos jogos.
Segundo Hélio dos Anjos, a grande vantagem de contar com um auxiliar técnico em quem confia é que existe a possibilidade de trocar ideias antes de tomar as resoluções. “Nossas decisões sempre são discutidas e naturalmente decididas por mim. E o lado operacional fica muito nas mãos do auxiliar técnico. Temos três auxiliares e todos têm a sua importância”, disse Hélio dos Anjos. Além de Guilherme dos Anjos, os outros dois são Marcelo Rocha e Nenê Santana, que são da comissão técnica fixa.
No Guarani, Mozart faz questão de salientar o papel fundamental que ocupam não somente o auxiliar técnico Denis Iwamura, mas outros componentes da comissão como o fisiologista e o auxiliar técnico fixo Ben Hur Moreira. “Sozinho ninguém faz nada”, disse o técnico bugrino à reportagem do Esportes Já.
Mozart confirma que institui uma gestão democrática, em que todos participam das decisões. Mas ele admite que com as mudanças das características do futebol dentro do gramado foi necessária uma alteração nas atribuições desempenhadas pelo auxiliar técnico.
“O futebol passa por uma transformação nítida e é importante que todos os profissionais entendam essas adequações”, analisou Mozart. Hélio dos Anjos, por sua vez, revela que aprecia que tanto Guilherme dos Anjos como os outros auxiliares técnicos pontepretanos tirem as suas ideias da zona de conforto e sempre busquem alternativas. “Isso tudo faz a gente crescer e fornece uma amplitude melhor no seu dia a dia”, arrematou.