TIRO ESPORTIVO

Campinas com a mira calibrada

Atualmente, o tiro esportivo voltou a chamar a atenção do público brasileiro

Esportes Já
13/02/2023 às 09:03.
Atualizado em 13/02/2023 às 09:03
O tiro esportivo, que também tem atraído o público feminino, reuniu competidores no Rio de Janeiro no final do ano passado para a disputa do campeonato brasileiro (Divulgação)

O tiro esportivo, que também tem atraído o público feminino, reuniu competidores no Rio de Janeiro no final do ano passado para a disputa do campeonato brasileiro (Divulgação)

Futebol, vôlei, judô, atletismo, natação e hipismo são algumas das modalidades nas quais o Brasil tem tradição de conquistas importantes em grandes competições internacionais. No entanto, não foi em nenhum desses esportes, e nem em vela ou boxe, também práticas com potencial no País, que o Brasil conquistou sua primeira medalha de ouro numa Olimpíada. Curiosamente, ela veio no tiro esportivo.

O primeiro brasileiro a colocar no peito uma medalha olímpica dourada foi Guilherme Paraense, atirador e oficial do Exército, nos Jogos de Antuérpia, Bélgica, em 1920, ano também em que o Brasil debutava em uma Olimpíada. E a conquista, garantida na modalidade pistola rápida, ainda veio com uma arma de fogo emprestada de seu adversário norteamericano, pois as levadas pela equipe brasileira foram roubadas durante a viagem de navio. Também no tiro, o Brasil conquistou em 1920 prata e bronze.

Atualmente, o tiro esportivo voltou a chamar a atenção do público brasileiro, principalmente em função da prata conquistada por Felipe Wu na pistola de ar 10m no Rio 2016, quebrando um tabu de 96 anos do país da modalidade em Jogos Olímpicos. Desde então, o número de praticantes cresceu por aqui e entre os centros importantes do esporte no País está Campinas, cidade onde competidores tentam não fazer a modalidade cair de novo no esquecimento.

Na Associação Campineira de Tiro Esportivo atiradores como Cassio Rippel e Emerson Duarte garantem a força do clube fundado nos anos 60. Rippel esteve na Olimpíada do Rio, participa de mundiais e tem importantes resultados em Pan-Americanos, assim como Duarte. Segundo o presidente da associação, o major Vladimir Ribeiro, que também é vice-presidente da Federação Paulista, Campinas tem hoje cerca de 600 atiradores esportivos. “São quatro clubes de tiros na cidade”, informa o major. O potencial de Campinas foi demonstrado no último campeonato brasileiro, disputado no Rio de Janeiro, no ano passado. “Fomos com dez participantes e, entre conquistas individuais e por equipes, foram um total de 43 medalhas”, comemora.

Envolvido com tiro esportivo há mais de 30 anos como praticante e instrutor, Ribeiro afirma que muitos atiradores não gostam de ter seus nomes vinculados à modalidade por questão de segurança. Ele conta que ainda existe muito preconceito em relação à prática, considerada por muitos perigosa. “Há gente que associa esse esporte com a violência. Mas armas não matam pessoas. São as pessoas que matam as pessoas utilizando qualquer meio”, afirma.

Para atestar a segurança da prática do tiro esportivo, o major Ribeiro explica que a obtenção do certificado de registro depende de uma avaliação criteriosa por parte do Exército Brasileiro. “A pessoa precisa primeiro passar por um curso e ser aprovada por um instrutor credenciado para o manuseio de arma de fogo. Há ainda uma avaliação psicológica feita por um profissional credenciado pela Polícia Federal. Tudo isso precisa estar acompanhado de uma comprovação de que a pessoa exerce uma atividade lícita, não tem antecedentes criminais e está em conformidade com a justiça federal, estadual, eleitoral e militar.” 

O major ainda enfatiza que a idade mínima para a se tornar um atirador esportivo é de 25 anos. “Menores de 18 anos podem praticar mediante uma autorização judicial. E, se for competir, precisa estar acompanhado dos pais ou responsáveis.” No mais, orienta, é ter controle emocional, físico e concentração para evoluir. “Não basta querer atirar. A disciplina e a responsabilidade estão na base do tiro esportivo”, encerra Ribeiro.

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