EX-ATLETA

Bozó: um campeão eterno com sede de fazer amigos

Bozó fica espantado ao observar que as gerações mais novas não reconhecem os atletas que fizeram história

Esportes Já
17/07/2023 às 17:41.
Atualizado em 17/07/2023 às 17:41

Em em 1978 Bozó viu a formação de uma família no Guarani com a chegada de atletas e a revelação de Careca e Renato (Divulgação)

Desde o 13 de agosto de 1978, o torcedor do Guarani tem 11 heróis na sua mente. Jogadores que tiveram a ousadia de faturar a Taça de Ouro. Colocaram o Alviverde na galeria das equipes imortais. A sequência de 11 vitórias consecutivas tinha o DNA de uma equipe ofensiva e com um trio formado por Capitão, Careca e Bozó. O que antes era gozação em virtude dos nomes exóticos virou sinônimo de sucesso. O ponta esquerda jamais foi esquecido. Na atualidade, com 71 anos comemorados no domingo, dia 16 de julho, Luiz Augusto de Aguiar, o Bozó, tem a convicção de que viveu anos incríveis e inesquecíveis ao lado de amigos fraternos e definitivos. “Time igual aquele nunca mais vai aparecer”, diz sem pestanejar.

A história de amor entre Bozó, Campinas e o Guarani surgiu quase que por acaso. Revelado pelo São Bento e vendido ao Santos, o atleta era um desejo do então presidente Leonel Martins de Oliveira. A maré foi alterada quando Bozó participou de um quadrangular com o Santos e perdeu um pênalti decisivo. O mundo caiu. O atleta foi afastado, não treinava com os companheiros e perdeu espaço. Foi o suficiente para chegar no clube campineiro.

Ali, em 1978, viu a formação de uma família. Primeiro com o zagueiro Edson, seu companheiro desde o período no São Bento em 1974. Depois vieram os garotos revelados nas categorias de base, como Renato e Careca. Miranda foi outro que foi incorporado ao elenco comandado no banco de reservas pelo técnico Carlos Alberto Silva e pelo volante Zé Carlos, falecido em junho de 2018 e que não sai da mente de Bozó. “Joguei com Clodoaldo no Santos, mas o Zé Carlos era impressionante. A bola vinha no pé dele. Sem contar que ele e o (goleiro) Neneca eram os mais velhos, mas o Zé Carlos corria feito uma criança”, recordou.

O futebol era delicioso para o Bozó. Dentro e fora do campo. Que criava desdobramentos inesquecíveis. No passado, o seu apelido chamou atenção do humorista Chico Anísio, que no início da década de 1980, adotou o seu apelido para um personagem de sucesso. “Todos no paravam na rua para perguntar onde estava a Maria Angélica”, relembra o ex-jogador sobre o personagem vivido pela atriz Alcione Mazzeo.

Quando pendurou as chuteiras e a chegada para trabalhar no Guarani e morar em Campinas, a surpresa foi o aparecimento de novos amigos no futebol, como o ex-ponta esquerda João Paulo e o ex-atacante Amoroso, além de outros que passaram a conviver com a alegria e as tiradas de Bozó. “O João Paulo sempre diz que jogou mais do que eu , mas eu digo que fui campeão. Tudo dito na brincadeira e dito de maneira sadia”, pontua o ex-atacante.

Em uma mistura de lamento e perplexidade, Bozó fica espantado ao observar que as gerações mais novas não reconhecem os atletas que fizeram história com a camisa bugrina. “As pessoas mais velhas nos reconhecem e agradecem. Mas muitos torcedores de 20 a 25 anos não sabem de nossa história”, lamentou Bozó.

Sobre o futebol atual, Bozó prefere adotar um realismo com viés otimista. Considera que o Guarani vive dificuldades financeiras como qualquer outra agremiação com seu perfil. Mas a chegada de André Marconatto na presidência e de Adriano Ma’’rconatto no Conselho de Administração lhe deu esperança de dias melhores, especialmente pela gana com que as melhorias são buscadas no Guarani. É uma brisa de esperança de retorno aos anos de ouro, quando Guarani e Ponte Preta, segundo ele, eram respeitados ao lado de Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo e Portuguesa. “Depois que fomos campeões brasileiros, o respeito aumentou”, disse o ex-jogador.

Ainda em processo final de recuperação de uma infecção nos rins, Bozó lamenta que o time campeão brasileiro de 1978 não tenha tido a oportunidade de fazer diferença no tempo presente. Seria a garantia de lucro certo para o Guarani e os atletas. “É uma pena que não atuamos agora. Hoje, os caras não jogam nada e ganham um monte de dinheiro. No passado, a gente jogava muito e não ganhava nada. Apesar de que conseguímos viver uma vida confortável”, completou Bozó, consciente de que está na história do futebol brasileiro e no coração do torcedor bugrino.

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